segunda-feira, 27 de julho de 2020

D'alva poema

D'alva

Doce, suave e meiga, nova Estrela,
Cintilante deslumbrante sorriso,
Em seu olhar a poesia viu-me encanto,
De seus gestos belos e tímidos.
Diz que a inspiração rompe o momento,
Que dos segundos projetam a eternidade.
Eternizo-me no seu momento,
Porquanto em mim já sinto saudades.
De repente, o acaso parou-me em tal beleza
E deu-me versos buscando a forma desejada.
Sei que à alma a formosura se curva,
E sei que nada mais ilusório no tempo
Quanto amar um lindo angelical sorriso,
Sei sim, mas me curvo na idea amada,
Que a alma tem uma luz que dura tanto.
Se assim há verdade do harmonia,
Não parece erro acertar na verdade,
De que me soa sua belaza, tanta luz irradiante,
Vem da alma, sim, pela dor iluminada.
Se no mundo há sofrimento sorrindo,
Há alegrias também escondidas.
Sinto a alegria de responder à inpiração
De ver, saber, em versos alcançar
O que agora passa a ser uma outra vida,
Nas palavras que de mim rasgam a eternidade.
E de impressões passad a ser uma poesia.

Flavio Notaroberto





quinta-feira, 2 de julho de 2020

Sobre Algodão Doce

Sobre Algodão Doce

Rebeldia em si não existe. Existem estilos. Cada estilo uma identidade e comunicação. Gosto de todos os estilos. Não tento impor meu estilo de vida. Quando muito tento impor falar corretamente meu idioma, estimular a leitura e a escrita, aprender um segundo idioma, ler a alma e intenções humanas. Para aprender e desenvolver isso, existem professores, psicólogos e escritores, e sou um professor. Me lembra o dia em que minha filha pediu para colocar piercing. Surtei no telefone por fora. Dentro de mim, estava em paz. Eu permiti, mas com a condição de que eu a levasse. Marcamos. Eu a levei à Galeria do Rock. Assim foi com a tattoo, que ela queria. Eu só não a levei por problemas bem pontuais. Mas fiz questão de pagar e orientar. Diga-se, uma tatuagem muito bonita. Certa vez um jovem me pediu um algodão doce de graça na festa junima. Bem verdade, uns sete, entre meninos e meninas. Eu perguntava a cada um deles o que entendia ser algo "gratis". "Que não tem que pagar." Eu então reformulei. "Na verdade, você quer comer, mas agora não tem dinheiro". "Isso", me respondeu. Então fazia uma montanha de algodão doce, como fiz a todos. O que eu queria dizer para cada um dos que queriam e não tinham dinheiro era que não há nada "gratis". Tudo possui custo. Não falei nada sobre isso, porém. Eles saíam satisfeitos, comendo, se divertindo e continuei trabalhando voluntariamente na quermesse da escola. Vejo que a rebeldia dos jovens vem pela incapacidade dos adultos de amadurecerem o pensamento dos próprios jovens. O que é amadurecer um pensamento? É, por exemplo, buscar fazer entender que "me dá um de graça" pode ser "estou sem dinheiro e com vontade de comer um algodão doce; você poderia fazer um para mim?" Os adultos maduros fazem na hora. Os adultos que não amadureceram se nivelam à rebeldia de querer ter razão e geralmente não fazem. A cada algodão doce feito, uma luz advinda do olhar das crianças e jovens iluminava o meu obscurantismo de viver. Percebi que não era o desejo do doce no paladar, nem a finalidade do açúcar. Era o sorvete, a montanha, a árvore, a núvem, ou seja, a forma do açúcar, e não o conteúdo. Era a relação de amor alí que nos unia. Ver o belo formato dos milhares de fiozinhos de açúcar traduzia a felicidade de estar lá presente. Nesse sentido, comentei com o professor ao meu lado que se for para fazer algo, que se faça bem e que se transmita a felicidade no fazer. A vida da maioria das pessoas é geralmente cheia de problemas, vaidades, leve tristeza, incertezas e uma pitada de pessimismo. Jogar felicidade para fora em um momento bom para ser feliz (como fazer algodão doce em uma festa!), contagia a memória e cria raízes felizes para os momentos difíceis. Ser rebelde é, de algum modo, destruir raízes, raízes más, ruins, péssimas. Não das boas memórias, que fazem parte de nossas histórias. Ser duro sim, mas jamais perder a ternura. Era isso o que o comunista safado proferia. Para mim a melhor maneira de adjetivar um comunista é com o "safado". Preconceito meu. Eu sou comunista comunista, nem liberal selvagem. Bem, adjetivar um jovem "rebelde" cai muito bem, assim como se for para adjetivar um adulto que seja com o termo "maduro". Para finalizar, Voltaire dizia que ser adulto é saber ter a felicidade da criança, brincar com a criança, sem ser uma criança. Tentei em cada algodão doce seguir Voltaire. Acho que ganhei mais do que horas trabalhadas.

- flavio notaroberto -