segunda-feira, 16 de novembro de 2015

sábado, 14 de novembro de 2015

Carinho é Aproximação

Quem disse que é fácil? Demonstrar carinho é a última barreira que separa as pessoas para o amor total. Depois dele, o que sobram são os deleites e prazeres de quem faz nosso mundo um lugar bem melhor para respirar, comer e beber.

Carinho, na essência, é aproximação. Uma pessoa nos toca como fôssemos crianças. Um exemplo é o toque em nosso ombro da professora quando nos explica com interesse. Existe o carinho do bichinho de estimação. Existe o carinho inocente do filho. O carinho de ser lembrado e de lembrar.

O afeto que gera carinho vive em posição vertical. Geralmente de cima para baixo. Em absoluto depende da idade, da inteligência, da riqueza, da beleza, do gênero e, inclusive, da espécie. A superioridade de quem sabe dar carinho confunde-se com o altruísmo e, por isto, com a entrega, e, por isto, quem dá carinho parece muitas vezes ter 'dependência' emocional. Claro que é engano. Se tem dependência emocional não é carinho. É insegurança: como a frieza e indiferença.

Sou inquietantemente adepto ao carinho, aquele que traduz a atenção e a preocupação, bem como o acolhimento e a entrega. Lembrar e ser lembrado são inquetações nossas ao longo da vida. Quem não as tem? Pelos pais, pelos filhos, pelos amores e amantes. Nem tudo, porém, se tem. Nem tudo se pode. Nem todos sabem como.

Como professor, tenho o privilégio de sentir diversas mudanças de corações duros e frios, presos em seus próprios valores inflexíveis, para aos poucos permitir o carinho do outro em suas vidas. A mudança é visível.

Neste sentido, minha mãe tem uma frase que ouvia do pai dela e que traduz muita coisa: cada um dá o que tem. Eu acrescento um ponto: para alguém ter, precisamos, antes, dar. Deus me deu a possibilidade de sentir muitas emoções reais ou imaginadas ao longo dos anos de minha vida através de minhas sensibilidades da alma. O mínimo que faço é compartilhá-las. Sempre há um coração precisando. Sempre há um coração aberto pelo desespero.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

CARTÃO BOM E MASTERCARD

Cada artista é a parte espiritual da reflexão de um povo. Na música, na dança, na pintura etc. Na poesia, a arte assume a responsabilidade de fazer todas as demais artes falarem. A leitura existe como algo exclusivamente do ser humano. No ser humano a palavra se realiza.
Brasil, Reflexão é o escritor ajudar seu povo a reencontrar-se na palavra escrita através da arte. Imagine algo constrangedor do dia-a-dia. Vulgarmente triste e para alguns revoltante.
- Bom dia. Eu quero o cartão BOM para integração ônibus-metrô.
- Seu primeiro cartão?
- Sim.
- É gratuito?
- Não. R$11,10.
Eu achei esquisito. Porque relativamente caro.
- Aqui, senhor.
- E esta bandeira MasterCard?
- Ah, não tem anuidade. É pré-pago. Você pode fazer compras online. Muito útil.
Nenhum argumento me convenceu. Pedi para trocar. Com humildade, para ser mais preciso. Mal humorada, foi fazer a parte burocrática de cancelar um e pegar o outro. Mais de meia hora para me dar o cartão simples, sem bandeira, sem nada, senão a função para que ele existe: pagar o transporte público.
- Este cartão simples tem taxa?
- Não.
Daí surgiu o constrangimento. Sem taxas. Não falei nada mais. Esperei. No final disse a ela para avisar as pessoas se ela querem o cartão da MasterCard. Ela nada disse. Algumas pessoas até surtariam no meu lugar. Faz parte das paixões humanas. Outra coisa: eu não me sinto bem fazendo propaganda gratuita, que é uma das funções, né? Compreende? Abriu os olhos?
Para terminar, nestes momentos, percebemos no Brasil o mal que estas empresas fazem aos serviços brasileiros. Queremos e precisamos do cartão BOM para um serviço simples como deslocar nosso corpo na cidades e entre as cidades. Mas aí vem a MasterCard como poderia ser qualquer outra, e polui um serviço simples, com a chaga moderna de tirar o máximo possível de proveito de tudo. Eu troquei. Eu não julguei a menina. E percebi que todos perdem: eu, a sociedade, a menina que atente, a supervisora, a coordenadora, a gerente, o diretor e o CEO. Todos reféns do lucrinho maior no bolso de cada um, e um lucrão no bolso da MasterCard.
Brasil, Reflexão. A função do artista. Olhar e fazer refletir o que dá vontade de surtar.

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

A Rodovia Diante de Nós (conto)

Eu falo algumas palavras bonitas a ela. Ela gosta. Ela se envolve. Eu abro meu coração a ela. Reprimir o amor fortalece a solidão. Quero solidão não. Quero o lado dela. Ela olha para a rodovia diante de nós. Eu dirijo. No carro. Ela se esconde para não olhar para o seu próprio coração e aceitar sim a todos os belos pedidos de troca, de companheirismo, de amizade, de cuidado, de entrega, de dedicação que meu convite persistentemente insiste. Eu a toco e a beijo. E sinto-me feliz por sentir na alma a boca de nossos lábios. Saio de lá alegre. Cheio de afeto. Chego em casa imaginando-a entregue a todos os únicos pedidos que eu lhe faço: fica? Ela, mesmo assim, fala que não quer nada. Fica? Não. Na verdade, ela está. Ela está aqui. Fico.

Chove Nosso Breve Momento

Chove. Uma garoa fina, leve, constante e resiliente. Aos meus olhos, um pouco distante, se estende um morro verde gigante. Ele porém está em silêncio como sempre. Nada diz senão o que eu penso dele. As núvens, mais ousadas, o tocam e o mancham de cinza. O morro lá, indiferente. Se meus olhos vêem, meus ouvindos dialogam com milhares de pequenos pingos sob as dispersas poças na terra. A chuva mais interativa. Pássaros, a dezenas, conversam entre si, agradecendo o dia. Talvez sobre o banho. Talvez sobre a felicidade de ser tão natureza quanto a chuva, o morro, as núvens. Não estão preocupados comigo. Pouco compreendo a língua dos pássaros também. Isto me leva a crer que por mais que eu compreenda a língua dos homens, eu nada seria sem pássaro, sem chuva, sem morro e núvens. Convenço-me de que a natureza é o meu descanso dos homens, cuja língua eu sei, através da qual uso para me aproximar com amor e acolhimento, uso para me distanciar, por meio de minha vaidades.

Estou na praia. De onde estou não ouço o mar. Mas não muito longe de mim. O mar me traz recordações nunca vividas como a dos piratas, das navegações, dos naufrágios, de Moby Dick, das sereias, de Netuno, do Tráfico Negreiro, dos imigrantes e refugiados. Minha imaginação, minha companheira. É a parte do homem que vive em nós, que constroi vidas no pensamento tão real quanto os estímulos das gotas da chuva, do frio suave que ela traz, da pouca coisa que sou sem falar a língua dos pássaros, sem subjulgar o morro verde com meus pés no topo dele. O homem na natureza é cruel.

Chove. A chuva persiste. Demais, é agradecer. À vida. Este nosso breve e singular tempo. As dores doem. As ausências ferem. A rejeição perturba a alma. O término do amor é o chão que se desfaz, o mundo que desmorona, e nada resta senão a solidão. São os humanos em nós. Mas calma. A natureza está aí para nosso descanso dos homens. Agradecer. Pela vida. Nosso fugaz momento. O tempo dirá que ser grato é a verdadeira razão. A chuva garoa...

domingo, 1 de novembro de 2015

Amor Eterno. Nosso Eterno Movimento

Não existe tempo. Existe movimento. Quando alguém se separa de você ou pede a você um tempo, basicamente ela procura outros movimentos em outros lugares e corpos. O contrário é também verdadeiro. Se ela quiser estar a todo tempo ao seu lado, em qualquer lugar, quer seguir seus movimentos a cada momento, como uma dança a dois.

Se não quiser mais estar ao seu lado, seus movimentos são diferentes. A dança não ocorre. E você sofre.

O que é, então, sofrer? Basicamente são duas ações diferentes no tempo. Estar preso a um movimento que você não quer mais é um dos sofrimentos. Estar afastado dos movimentos que você quer, o outro dos sofrimentos.

Em outras palavras, ter tempos diferentes ao lado de quem você não ama mais, mas se resigna em estar ao lado porque não sabe como deixar de sofrer. Ou, querer o mesmo tempo ao lado de quem está ausente e não quer estar ao seu lado.

Não existe tempo. Existe movimento. O que chamamos de ano é o ciclo completo da Terra ao Sol. De dia, da Terra em torno de si. De hora, a divisão do dia. De minutos, da hora. Dos segundos do minuto.

Tire uma foto agora, ou pegue uma foto tirada antes, e o tempo congela. É quando as memórias criam, por exemplo, as saudades e os arrependimentos. Ou a felicidade, ou a tristeza. Eu gosto de destruir as fotos de tristeza e de arrependimento.

O tempo é meu movimento. Mas o tempo não existe. O que existe é movimento. Quanto mais intenso o movimento ao lado de quem amamos, mais rápido caminha o tempo. E não importa muito a intensidade do movimento. Sem o nosso amor, ele insiste em contar os segundos que machucam.

Tempo não existe. Existe movimento. Os melhores movimentos da vida é amar a si mesmo. Quando nos amamos intensamente, todos os nossos movimentos justificam nosso tempo. Claro, bom mesmo é amar a si mesmo ao lado de quem amamos e que nos ama, reciprocamente. O nome disto é AMOR ETERNO. Eterno para todo sempre. Nosso eterno movimento.