quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Exercicios neurais

"Os exercícios tradicionais de reabilitação em geral terminam depois de algumas semanas, quando um paciente para de melhorar ou chega a um 'platô' (estagnação), e os médicos perdem a motivação para continuar. Mas Bach-y-Rita, com base em seu conhecimento do desenvolvimento neural, começou a argumentar que esse platô de aprandizagem era temporário, apenas uma parte do ciclo de aprendizagem baseado na plasticidade, no qual as fases de aprendizagem são seguidas por períodos de consolidação."

Pag. 37, O Cérebro que se Transforma

Destaque para "as fases de aprendizagem (estímulos) são seguidas por períodos de consolidação. (os estímulos se tornam conexões neurais permanentes)". Foi assim que o pai de Bach-y-Rita recuperou-se em três de um derrame que destruiu quase todos os seus neurônios dos movimentos voluntários, a ponto de fazer alpinismo aos 72 anos. Ao que parece, a neuropsicopedagogia, na função do neuropsicopedagoco, é de criar estímulos (e descobrir qual estímulo adequado para a aprendizagem para aquela pessoa) e ajudar a desenvolver até a consolidação e efetivação das permanentes conexões neurais, e o aluno assimiar e dizer "vida normal agora que segue adiante". Já li umas 4 vezes este capítulo antes, e releio agora, e fazemos em nós mesmos o processo de consolidação, e permanente, da aprendizagem.

Flavio

domingo, 26 de agosto de 2018

Dialogo dela

Eu: Gosta de ler?
B.: Gosto sim, manda aí!
Eu: São seis páginas de um novo romance que estou escrevendo. (Poxa! Gostei de vc! Será que seremos amigos parceiraços? Eu adoro seus videos, suas ideias, e se for leitora, ai referencio e tiro meu chapeu!)
B.: Manda que leio; eu comecei a escrever. O que acha de a gente se encontar. Daí te mostro os meus e você os seus? Com certeza já somos amigos, meu querido!
Eu: Me manda ai os seus. Por aqui mesmo. (A ideia deste novo romance é descobrir-me apaixonado; e detalhar o processo todo etc.)
B.: Ve aí. Vou ler o seu. Depois te mando o que escrevi e me dá umas dicas de que lugar eu poderia publicar etc.
Eu: Sim.
B.: Que legal! To lendo. Peraí.

(Minutos sem trocar mensagens)

B.: Estou lendo. É baseado em fatos reais? Se for está realmente apaixonado. To adorando. Eu acho que estou me apaixonando também pelo meu amigo. Somos de luagres tão distantes um do outro e culturas distintas, mas pensamos mais ou menos da mesma maneira sobre visao de mundo, politica etc. Vou te mandar algo que escrevi ontem e hoje. Por favor, não mostre a ninguém. Você será o primeiro a ler e me diga o que acha. Não sei se são crônicas ou poesia. Eu comecei a escrever ontem e parei hoje. Não sei o que aconteceu. Me baixou a inspiração
Eu: Pode deixar. Sobre meu texto, eu estou querendo gostar. Estou me esforçando para amar esta pessoa. Quero na verdade voltar a sentir amor por ela. Mas sei que não será recíproco (e nem quero que seja!). Mas o estado enamorado nos fortacele demais. Eu quero muito. Vamos ver se consigo. Ela tem 33 ou 34 anos. Tem um jeito que eu gosto. Mas na real eu só quero amar. Não quero me relacionar por enquanto.
B.: Entendi! Tipo um workshop, né? Busca inspiraçao.

(Pausa de alguns minutos enquanto eu lia os poemas dela e ela continuava a ler este meu romance)

B.: Legal pra caramba. To gostando bastante do seu romance. E aí o que achou dos meus poemas?
Eu: Li todos os poemas. E você escreve bem. Surpreende.
B.: Eu já to no capitulo 8, to adorando. Parabéns.
Eu: Queria ser este seu amor.
B:. que bom que gostou!!!
Eu: E queria que vc fosse a minha amada. Que sincronia maravilhosa!
B.: Ele nem desconfia muito, acho? Se bem que me perguntou se eu era casada. Então tem interesse
Eu: Falei com ela hoje.
B.: E aí? O que aconteceu?
Eu: Bem, no fundo não há a mínima chance de tentar qualquer coisa real; é que eu quero mesmo me apaixonar por ela.
B.: Mas eu gostei bastante do romance. Ainda vou terminar de ler.

Vida sadia

Bons restaurantes, bons vinhos, viagens, conversa inteligente, sem neuras. É basicamente o perfil de uma vida sadia ideal, que representa maturidade, como se estas coisas fossem a causa da maturidade. Eu já vejo diferente. Maturidade é saber que em cada situação da vida requer calma e não precipitação, e com calma e sem precipitação resolver da melhor forma possível algum problema, ou, o contrário, não ser um problema. Para mim, é disso que se configura a maturidade. O modelo de coisas que se gosta de fazer não traduz a essência, somente a aparência. E na aparência existe engano e armadilha. Não temos maturidade, nem tempo para ambas as coisas.

sábado, 25 de agosto de 2018

Amor e felicidade

O amor não traz felicidade. Eu me separei em parte amando muito, e disse isso a ela. Minha ex-esposa indignou-se, chamando "um jeito esquisito de amar se separando". A única forma de eu poder reencontrar a felicidade de viver minha vida foi ter de terminar algo que eu no fundo não queria, que foi aceitar o pedido de separação em 2014. Temos que tomar decisões em momentos quase que cruciais e aquele me foi o momento. Eu via minha vida passando por 15 anos quase irrealizáveis, senão meu livro publicado em 2013 (mesmo assim com muita tensão), e meu sonhos pessoais sendo engolidos pelo tempo e por aquilo que o casamento me privava. Não podemos sufocar a vida alheia, ainda mais a dois. Talvez a vida seja apenas uma, talvez não haja Deus, talvez não haja nada depois deste nosso momento senão um sono eterno sem sonho. Eu sou fiel a Deus. Mas só tenho fé. Hoje falei com a minha mãe que minha única preocupação pessoal, de que não tenho controle, é com meu filho adolescente, o do meio, que fez dezesseis anos este ano. A mais velha já nos 18, na faculdade, morando sozinha em uma república, numa universidade federal, em Ouro Preto. O caçula, de 11, tem uma pureza, que talvez nunca perca. Mesmo assim, na adolescência, também estarei de olho nele. Eu sempre digo que temos fases. O bom é saber lidar com cada uma delas. Ainda penso no que a Literatura pode me dar de satisfação, de realização, assim como minha vontade enorme de estudar, como faço sempre, porque me vejo acolhido pelo que aprendo e pelo que ensino. Não trago mágoas, nem rancores, do passado, que são âncoras depositadas em nossas vidas. Nada de âncoras. Sei que temos alguma dependência em cada momento. É natural. Cada qual sabe de sua própria dimensão sombra, que é aquele nosso lado oculto, que escondemos de todos, porque se descobrirem, seremos expostos à nossa fraqueza que nos deteriora a alma e nossas energia. Como já passei por quase tudo neste mundo, de plantar árvore, ter meus filhos a publicar meus livros, sinto a paz de seguir no ritmo normal de nossa existência possível. Isso aos 44 anos. Hoje, vendo nossos jovens serem apresentados simbolicamente a livros, meu ideal de vida se potencializa. Creio demais no poder da leitura para tudo na mente humana. Ao ler, imaginamos um filme sem ser de fato protagonista, sem ser antagonista, sem sofrer deveras. Se nossa educação focasse seriamente na leitura, nossos problemas emocionais seriam diminuídos consideravelmente. Não importa o lado oculto de toda iniciativa de leitura, da política à comercial. Ler é algo que podemos levar sempre, e que ajuda a salvar vidas, sem nos tirar dos prazeres do mundo. Adoro minha IPA, meu chaturo, minha paz, minha reclusão, minha canção, meu vício recente em academia e treinar, sem deixar de ler e escrever. Tenho o privilégio de escrever. Escrevo para ser lido. Leio para escrever mais. Não escrevo para ser admirado. Nada me causa admiração pessoal, a não ser quando testemunho o outro se liberta ao começar a ler. Este meu ideal que o casamento me destruía, infelizmente. Tive de escolher. Esperei o momento ideal. Há sofrimento em toda separação. Assim como pode haver muito prazer na superação. Sou idealista neste sentido. Para tudo há jeito. Para exatamente tudo que nos mantém vivos. É sobre a vida, afinal, de que falamos. Estamos aqui...

Cap 10

CAPÍTULO 10

Falei com ela. Tudo. Nem tudo. Não disse a A. a parte que mais toca meu coração, que tem me feito sentir a dor da solidão desejada por não desejar mais ninguém, senão ela. Nunca deveríamos nos importar com o que o outro sente por nós. Apenas o que sentimos pelos outro, e as aprendizagens que tiramos aquilo que antes não sabíamos. Coloquei um Pink Floyd e deixo agora Wish You Were Here no repeat. Já cultuo as amarguras do amor não correspondido? É uma pergunta de fácil resposta, mas que me inspira sobremaneira a minha vontade de querer amar, e amar, e amar muito para que haja sentido minha vida. Não existe melhor solidão do que aquela do próprio desejo de isolamento. Não sou um Romeu com dezesseis anos, que aliás é a idade de meu filho. Sou uma ideia de meu passado sendo reconstruído num amor que surgiu por acaso. Por acaso a vida surge. A., minha doce A., que não me ama, não me quer, não me enxerga, não me busca em momento algum, ao menos vive em mim como uma ideia perfeita, que me faz entender a perfeição de Platão, nas suas ideias filosóficas. Para a leitora apaixonada e não feliz no amor, assimilar a dimensão do que o amor provoca quando estamos no início, eu disse a ela as coincidências que cercam meu interesse por ela. Nome, seu aniversário, amores pregressos. "Poxa! Quanta coincidência!", e ela riso por mensagem. E eu escrevia este capítulo quando falou brevemente comigo. Deveria dá-lo por encerrado neste momento. Mas o frio que levemente me envolve na varanda de minha casinha romântica, simples, mas minha casinha, a canção do Pink Floyd, as duas cervejas, o charuto, me ar recluso, me levam a querer lembrar-me dos poucos sorrisos que me vem à mente quando a vi hoje, quase sempre furtivamente. Os poucos sorrisos dela, as poucas palavras trocadas, as incertezas. Mandei a ela o início deste capítulo, porque tive coragem, e nunca devemos nos envergonhar quando sabemos o que estamos fazendo. Parece racional. Mas não o é. Houve uma sincronia, que foi um presságio interessante. Eu coloquei-me a escrever e ela mandou-me mensagem. Eu respondi imediatsmente, porque gosto de vida dinâmica. Não existe vida sem resposta. Ela não mais me responderá. Mesmo porque o interesse é meu, a vontade é minha, as emoções são minhas. Sorte tenho de ela ter se mostrado gentil. Sabe o mínimo de gentiliza, porque é algo que vem da pessoa? Ela se me configurou assim. O mínimo de gentilize, que já é o céu para quem ama. Dou a ela em troca uma porção ainda maior dos meus pensamentos nela, que ora estão na canção que ouço, ora nas palavras que escrevo, olha no morro que se extende lá longe diante de mim, ora na euforia de amar e não querer perder uma mínima reflexão a respeito. Afinal, escrevo um livro, que pode tocar milhões de pessoas. Hoje, aliás, dei a ela um livro meu, que publiquei em 2014. Iria fazer uma dedicatória apaixonada, de um quase apaixonado sonhador. Soaria estranho, ou vulgar. Usei a palavra "amiga" quando queria dizer "amada", e disse "com carinho do amigo" quando queria dizer "de quem vem amando-a com pureza, leveza e verdade". Estou muito mais feliz e aliviado. A., minha querida, a vida são como folhas das árvores que caem no outono e voltam na próxima estação. A vida e as gerações humanas. Tantos amores já se passaram em nossas vidas e o privilégio de descrever a saudade do que eu nem tenho vai mexer com milhares de corações igualmente apaixonados quando lerem estas palavras. Se quem escreve sou eu, quem me inspira é você. Se sou o autor, você será a dona, com todo direito autoral. Mas o capítulo tem que findar. Mais uma vez lanço meus olhos para aquele enorme morro cheio de árvores diante de mim e ele me parece silencioso. Quem me olha escrevendo também me acha muito silencioso. Quem me olha assim, me acha indiferente ao novo futuro Presidente, se faz frio ou calor. Quem me conhece, quase nada tem a dizer sobre mim, fora daquilo que eu quero que me conheça. Não preciso que A. me diga nada sobre ela. Somente eu a quero feliz. Por isso acho que a amo. Eu a quero feliz. Sou feliz do meu jeito, porque sofro com dignidade o inevitável. Será inevitável dizer em algum momento por que eu acho A. um tanto triste? Não quero falar de tristeza. Vamos somente na parte de nos engrandece. Se ela quiser, prometo para mim mesmo que ela jamais será triste, dentro daquilo que a tristeza tem de inevitável na vida. Não a amo ainda. Está em construção. É bom sorrir com a alma, sem precisar do outro para nos fazer sorrir. Falando em sorrir, as cervejas que tomei estão me dando sono. Vou dormir. Quem sabe não sonharei.

Vento noroeste

Despertei com a ventania noroeste, que faz um barulho de filme de terror e logo em seguida voltei meus pensamentos para A. Antes de dormir, ainda escrevi à parte, no Facebook:

"Voltar a sentir amor romântico por alguém é muito encorajador. Não temos olhos cobiçosos por mais ninguém, senão por ela. Na minha idade, quero apenas resgatar os sofridos anos de quando tremia só de pensar em minha paixão na adolescência. Não acreditava que poderia retomar, com a minha maturidade e experiência, esta suspensão da razão em favor de querer alguém. Ninguém saberá quem, e estará aqui comigo em segredo. Espero que nem ela desconfie. As pessoas não entendem que quem mais ganha no amor romântico é o amador do que a pessoa amada. Eu sou o amador. Ela é a pessoa amada. Sinto o mundo mais rico, e com mais vontade posso ter mais energia, o que envolve ser mais vaidoso e ambicioso. De quebra, jamais estarei só. No meu caso, ela me acompanhará em pensamentos e em desejo por muitos lugares. Eu não me iludo. Fico satisfeito e deixarei crescer.

À minha doce e secreta amada, minha vontade de você, de seu incognito quase apaixonado escritor."

Foi em forma de carta para mim mesmo, e confesso influência do filme Minha Amada Imortal, que narra as possíveis razões de Beethoven ter escrito aquelas suas palavras. Que filme instigante! Eu li as duas ou três caras de Beethoven num livro que tenho. Ele começa com ", meu amor, minha vida, meu tudo" para sua amada imortal. Minha A. logo poderá ser a minha amada imortal eterna enquanto durar meu amor por ela, semelhantes a outros amores que nos seduziram para a verdade da vida e foram aplacados diante da consciência da ilusão que vivíamos, porque tudo o que de belo naquele amor anterior (todos os que já sentimoa um dia na vida) havia enfraquecido e sobrado pequenos fragmentos de toda ilusão da paixão. A. me desperta o início de uma paixão inteira e intensa. Momento divinamente sagrado para quem escreve. O otimismo toma conta de minha mente, feito droga eufórica, por causa do amor que venho sentindo. Pratico meu esporte com mais entusiasmo, leio muito com mais prazer de quem anda em paz pelo amor de um dia beijá-la, abraçá-la, mimá-la, encantá-la. Por mais que admita para mim mesmo que eu sonho este amor, mas é um sonho por verdade como tantos sonhos desperdiçados que queríamos reais. Somente não foram de fato reais nossos sonhos porque voltamos à vigília e o que era bom retomou a realidade com os olhos despertos. Sonho acordado com A., mesmo sabendo que ela esteja em alguns outros braços neste momento de madrugada, sendo beijada, abraçada, possuída por um amante qualquer, para seu próprio bem-estar emocional de encontrar seu corpo no toque alheio. Se assim for e sem amor e afeto, apenas pelo prazer em si, ela permanece em meu coração, porquanto respeito seus impulsos e pulsões de desejar e ser desejada. Eu a quero feliz. Se ela estiver gostando de alguém, terei ciúme, mas insistirei em gostar dela e não vou reprimir meus sentimentos. Afinal, se eu gosto dela, e a gostaria para mim é para fazer parte de sua felicidade. A maturidade ensina a viver feliz, a fazer feliz, a querer ser feliz, a evitar aborrecimento para ser feliz, a evitar aborrecimento para o outro. Tenho comigo uma voz de quem lê esta narrativa intimista indagando mas "por que diabos eu não tento ao menos provocar em A. qualquer coisa que a faça saber que eu existo com o olhar de quem está gostando?". A resposta é simplesmente medo de aborrecê-la. Ninguém tem que saber algo que pode somente aborrecer. Tivesse eu certeza de que ela se envaideceria, neste exato momento confessaria "A., eu acho que estou gostando de você, do tipo que olha nos seus olhos e imagina o quanto a maternidade seria linda em seu ventre, e o pai fosse eu." Ah, como minha investida seria pesada, inquietante, perturbadora. Não sou do tipo "vamos tomar uma cerveja qualquer hora?", "nossa, como cê tá gata?", "se me desse uma chance, eu te conquistaria". Já disse que se eu tomar um fora, paro a narrativa porque serei obrigado a esquecê-la. Todos os terapeutas afirmam que para lutar contra uma emoção tem que se colocar uma emoção equivalente no mesmo lugar. Bem, não vejo ninguém equivalente à A. no que diz respeito ao que sinto, e também não quero esquecê-la já que vem me fazendo muito bem. Aliás, o vento cessou, e com ele o barulho que me acordou. O silêncio onde moro é tal que ouço quase um nada de bicho, tanto que parece que meus pensamentos conversam alto comigo. Vou dormir. Vou sonhar algum sonho. Vou deixar acontecer. Vou voltar a amar e provavelmente sofrer pela A. Se um filósofo escreveu que viver é sofrer, é porque ele não deve ter amado em vida como amarei A. Os filósofos são coitados. Devemos ter dó deles. Antes de A., eu vivia minha fase filosófica na vida - a mais intensa de minha existência. Graças a A., volto a amar, a viver, a sentir, a colorir, a florir, a acreditar. Amanhã eu a verei no trabalho. Matarei minha saudade de saber que ela existe, que ela é real. Em mim, então, mais amor crescerá. Ela me faz mais apaixonado.

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Freud e desejo

Teve um cara que sugeriu que nossos sonhos são a realização de nossos desejos. Acho que foi Freud, e devo ter ouvido na boca de alguém de quem nem me lembro. Ainda não sonhei com A. e me questiono esta teoria, ou pergunto a mim mesmo se estou amando, desejando amar. Carente eu não estou, porque eu jamais levaria problema para ela. A época dos problemas são substituídos pelos risos. Meu espírito é cheio de bom humor; bom humor, aliás, sadio. É muito bom ouvir e ver A. sorrindo. Será que meu humor a fará sorrir? Creio que se ela me amar, certamente. Gosto de brincadeiras que fazem sentido na intimidade. Uma careta, uma declaração de amor inesperada, comparar a sua beleza a nada comparável, que arrebata qualquer homem que ama a perfeição. Meu humor vai para o elogio que somente há sentido se me amar. Não me recordo se a fiz rir nesta nossa distância emocional. Embora eu a veje todos os dias no trabalho, tento esconder-me. Boto a máscara da indiferença. Falo o estritamente necessário. Tenho medo de ser descoberto. Tenho medo de perdar a voz diante dela. Tenho medo de não segurar a emoção se ela me olhar atentamente, inderessada no que eu tenho a dizer. Escreve estas palavras meia hora depois de despertar na madrugada. Tentarei dormir e quem sabe sonhar, e no sonho realizar meu desejo de saber se eu a amo. Se assim o for, serei feliz. Mais feliz ainda. Há muitos anos não sentia tão fortemente a vontade de ter alguém, ainda que mal suspeita. Se eu terei coragem de declarar-me e revelar-me, talvez não. Se bem que ontem a vontade quase me traiu. Iria perguntar se ela  gosta de poesia. Temi ela dizer "um pouco." Eu escrevi alguns versos para ela. Poucos e incompletos. Mas eu acho que ela não gosta de poesia, nem de mim.

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Opera e tristeza

"- Por que eu sou triste?
- Porque eu ouço ópera."

A aluna do 7°C, Yasmin, que me acompanha no Facebook, me disse que não entendeu este post, e quis saber. Foi no início da aula de hoje. A primeira coisa que ela me perguntou, assim que todos se ajeitaram. Escrevi na lousa. Falei a todos os alunos. Liguei meu Spotfy, peguei a caixa de som do Edmir e passei trechos de óperas. Antes ensinei que ópera é um teatro. A diferença, claro, é que cantam e não falam. Eles estranharam muito a gritaria dos tenores e sopranas. Digamos que os sentidos musicais dos alunos não estão acostumados com ópera. Mesmo assim desenvolvemos e ao fim eu agradeci. Em que outro contexto eu teria esta oportunidade? Não partiu de mim. Partiu da aluna. t
Toda ópera é uma tragédia, falei, em que a personagem busca superação impossível. Ela não vai superar. Ela vai sucumbir. Diante da beleza da canção, coral, orquestra, as personagens definham até o absoluto silêncio. Eu poetizei conforme explicava. Tenho um pouco de poesia quando falo liricamente. Fato é que eles ouviram comigo umas três árias. O aluno Bruno disse que estava dando dor de cabeça. Diferentemente do funk, ou de outras melodias de fácil envolvimento, ópera exige demais de nossos circuitos neurais. Se para um funk como "ela quer vrau", "baile de favela" etc., exigem-se uns 10 mil neurônios, para uma ópera nosso circuito neural envolvido vai para 100 mil neurônios. Só um exemplo. Gasta-se muito mais energia apenas para ouvir ópera e, claro, apreciar. O lado positivo - e expliquei a eles todos estes detalhes - é que depois que aprendemos a ter paixão por artes que exigem mais de nós, somos mais de boa com as anteriores. Eu os lembrei também da oportunidade que tive. Sempre espero algo assim. Do nada, de repente, inesperadamente, e por isso mesmo marca muito. Falar de ópera para crianças. Somos nossos conjuntos de memórias. Ficará marcado para mim mais esta.

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Render-se ao amor

Reder-se ao amor

Foi amor, meu amor.
Quando, no descaminho da derrota dessa vida,
Entreguei-me a uma existência solitária,
Que era minha afortunada companheira
Nessas últimas semanas frias.
Seu coração aqueceu-me;
Resgatou-me com um beijo.
Envergonhei-me de sentir-me querido e você disse amado.
Você me disse "tolo!".
Eu sorri.
Seus lábios sorriam também
E me acolheram não apenas tocando-os nos meus.
Sairam da sua boca
Palavras que um homem cheio de certeza deseja ouvir.
Aos poucos a poesia retornará às minhas palavras.
Porque tem sido amor, meu amor.
Prometo ainda dissipar meu temor e permitir nossa completa felicidade comungada.
Eu disse que foi amor, meu amor.
Creia.
Fazer a voz do coração expor-se tem de ser sempre amor por render-se ao amor completamente.

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Ela pensou - poema


E ela pensou!
Poxa, ela pensou!
Pensou em encontrar nas palavras as ações;
Pensou em encontrar no sangue a rosa viva com espinhos cortados por ela.
Ela pensou!
Pensou em não ser covarde e sair do conformismo;
Pensou em decidir não fazer parte das diretas para ela mesma;
Pensou em não defender online aquilo que se acha;
Pensou que talvez essa tal de "rede social" só se é "dedo polegar", se tiver a mente muito, muito aberta para não cair em suas próprias contradiçoes.
Pensou em quanto tempo é desperdiçado;
Pensou bem quanto tempo lhe custa ver, ouvir tudo que lhe é postado;
ensou em um segundo, um minuto... e disse para si mesma:
Volte outro dia, mas vai embora;
Vai correndo para todos olhares de seus filhos, todos olhares carentes de afeto verdadeiro, de calor humano, de sorriso sem fotos, de olhares sem dores oculares 
Vá!
Corre que dá tempo!
Vá buscar algo maior, pois esse segundinho precioso não irá voltar.
Que diferença faz?
Você sabe! Vá!
Vá quanto antes.

A.

A. não veio hoje para o trabalho. Pensei nela o fim de semana inteiro. Fui para São Paulo. Fim de semana intenso e muito produtivo na minha vida acadêmica. Saí à noite no sábado para uma cerveja e um filme alternativo muito perturbador, sozinho. Um dos testes para mim mesmo era saber qual a dimensão do sentimento de amor que venho especulando, para saber exatamente que amor é este que cresce em mim. Qual seu limite e a sua verdade dentro de minha mente? No cinema, na cerveja do bar, na agitação da Rua Augusta, A. não esteve presente fisicamente, claro, e raramente mentalmente - o que me deixou triste. Eu a queria em todos os momentos comigo, porque assim ela me protegeria da solidão. Será que eu estou amando-a ou eu estou me iludo por uma vontade íntima de redescobrir a vontade de voltar a amar alguém que não me ama? Mas por que amaria alguém que nem sabe da possibilidade de eu a amar, e nem vai saber em hipótese alguma que eu a ame? Parece confuso, mas deve haver alguma explicação sadia e racional. Eu até gostaria de imaginá-la comigo lá, para encrudescer a saudade por ela, que nos faz querer mais e mais a pessoa. Eu imaginava-a às vezes comigo, porque forçava lembrar-me dela. Não era algo expontâneo, de repente, incontrolável, como eu gostaria que fosse. Estou de fato amando-a? De fato, perdidamente, doentiamente, patologicamente? Não. Ainda não. Ainda espero como meta sentir meu eu apaixonado, envolvido pelo eu de outra pessoa, sem perder-me, e no caso esta pessoa seria a A. Creio que as emoções do amor fortalecem memórias do cotidiano - eu amo o cotidiano - ainda mais quando queremos registrar o processo de estar vivo desde o momento em que descobrimos que alguém começa a fazer parte de nosso cotidiano. A intensidade deste sentimento intensificará minhas emoções. É disso que efetivamente se trata? Eu me pergunto demais. Viver de modo intenso exige menos perguntas. Vou amar A. com muita verdade e profundidade. Vou imaginar seu jeito que me agrada, seu sorriso, seu olhar, seu modo de andar e de falar. Vou imaginar seu tom melancólico na vida, que parece de alguém que já sofreu muito, mas sofreu psicologicamente e busca proteção, amparo e acolhimento. Sei que amanhã não a verei ainda. Mas daqui a dois dias provavelmente sim. Para deixar este capítulo um pouco mais triste para mim, A. que estava solteira, parece-me que pode estar saindo com alguém, conhecendo alguém, gostando de alguém. Tudo indica que sim. Tudo aparenta que sim. Como ela é muito discreta, está por hora como minha especulação que me deixa ansioso. Não vou me angustiar muito, porque paradoxalmente seria um alívio entregar-me a um amor impossível, aqui em minha ideia. Mesmo porque, amar para mim é desejar o outro feliz. Se A. ficar feliz, ser feliz, realizar-se, ter seus filhos, casar, ser amada e amando, recolho-me em mim mesmo, sem deixar de escrever este romance que me ensina literalmente os passos de voltar a tranquilamente a amar. Quem já leu As Lamúrias do Jovem Werther pode achar alguma conexão entre meu amor o dele. Porém, em momento algum imaginei que haveria. Meu caso é real. Eu estou pensando nela agora com enorme desejo de sentir falta dela e despertar pensando nela. Será incrível quando disser para mim mesmo "Eu amo A." Será incrível porque reviverei a fonte de todo nosso rejuvenescimento. Amar nos fazer sofrer, e simultaneamente nos coloca diante de dilemas. E agora? O que eu faço? Voltamos a viver como adolescentes, amando. Eu quero para mim. Estou muito querendo vê-la. Estou muito precisando amar minha A.

sábado, 18 de agosto de 2018

A..

Vou indentificá-la como A. por duas razões que me ocorreram agora e intuitivamente. Uma será pouco original, e outra genérica e protetiva. O nome dela não se inicia por A., o que já deixa também original identificar meu amor a quem lê. Mas o nome dela termina com A., assim como quase todas as mulheres na língua portuguesa, o que ajuda a ocultá-la bem segredamente (e usei segradamente ao invés de secretamente, por sinal de já ir fazendo algo poético com as palavras, que me traduzem o amor, que vem me confundindo e que perturba minha percepção da realizade; mente perturbada pelo amo, que desvia o simples da vida para o por quê devermos passar por estes sentimentos tão autopunitivos. Segredamente, somente o criador oculto do mundo sabe!). Mesmo assim, terminando o nome do meu amor com A., ajuda a eliminar um grande número de mulheres, que merecem ser amadas pelos seus apaixonados. Se eu não as amarei as outras, é porque a minha A. está tomando meu tempo, minha consciência, meus sonhos, minha vida, meus afazeres do dia a dia, que nesse momento é meu sentimento. Ainda sei separar o amor que sinto da pessoa que sou. Quero saber cada vez mais o que vai dar e vou narrar tudo o que me acontece com A. Aliás, ontem a vi em uma padaria gourmet, com um casal. Passei com cara de indiferença e ciúmes por dentro. Ainda assim, ciúmes não traduz o que eu senti. Nunca fui possessivo. Eu apenas queria dar boa tarde a ela. Ela responder com um sorriso. Um sorriso convidativo em que eu lesse: "reparo em você também; estou esperando você tomar uma atitude." Meu ciúmes é porque eu jamais tomarei uma atitude. Fui então para casa e escrevi estas palavras.

sexta-feira, 17 de agosto de 2018

A.a

Estou começando a gostar de alguém. Ela está nos seus trinta e poucos anos e tem um jeito apaixonante para mim. Antes de exaltá-la, vou tentar escrever meu padrão no início de gostar de alguém. Eu estou gostando dela, e ela não sabe, nem vai saber. Quando começando a gostar de alguém, ela vai ficando em nossa mente, tomando espaço, aparecendo constante e frequentemente. A imagem dela traz uma agradável sensação à minha emoção como pequenos sustos, em que o coração dispara e a respiração fica mais forte. É a dependência emocional. Reforçarei que ela nunca vai saber, porque eu nunca vou tentar nada com ela, e nunca darei a ela qualquer pista, nem razão algum para gostar de mim, ou saber que eu existo fora do meu controle emocional. Sei ser conhecido e fingir algo demência. Então, não haverá a mínima chance de ela admirar-me, e, por consequência, nada de qualquer tipo de encanto e por fim começar a gostar também. Se mesmo por algum razão - vai saber -, ela começar a gostar de mim, e eu perceber (porque leio o comportamento das pessoas como algo sem controle de minha parte), eu farei cara de paisagem, ainda que meu coração acelere e pense "mal ela sabe o que sinto por ela é muito intenso". Parece cruel comigo mesmo e àquilo que as pessoas denominam "felicidade pelo amor". Por outro lado, o fato de sentir para mim é um estado tão edificante porque o torpor, o êxtase, o sentimento ébrio e expansivo me traz a juventudr. Deixa-me feliz por gostar de alguém. A vida volta como nos anos mais importantes dela, que é quando descobrimos o que é amar. Porque gostar de alguém é buscar vaidade própria, é amar-se também - ao menos no início. Se eu tenho medo de buscá-la e não reciprocidade? Eu acho que tenho medo de buscá-la e encontrar a reciprocidade. Ela começar a gostar de mim e eu ter de desfocar minhas metas pessoais - e dentre elas, relacionamento sério, nem na lista está. Não que na lista não esteja gostar de alguém. Na lista também está a reciprocidade. Só que na lista de minhas metas pessoais, na minha idade, é "não dar oportunidade para desfocar de suas realizações pessoais". Se ela me ajudasse a atingir a minha meta, eu casaria hoje com ela. Bem, o bom de já ter casado e se separado é a falta de pressão, até pessoal, de novo relacionamento. Olha que ironia também. Hoje acordei e fiz um poema para uma conhecida aqui no Facebook, e claro que não é ela. Foi para uma jovem muito sensível e artística. A pessoa de quem estou gostando (eu acho!) é muito interessante, mas por enquanto não me inspira versos, que é uma outra sintonia espiritual. Com esta pessoa por quem sinto o início do amor pueril, eu cresce a afetividade do meu modo, pelo seu jeito. Ela pode até ser amada profundamente por mim. Ela sendo mada profundamente, me inspira entrega, comprometimento, cumplicidade, vontade de fazer a pessoa feliz, a cada momento, em todos os dias. Veja que poesia alguma tem este poder de querer o outro feliz. Poesia é arte. Amar alguém e realizar este amor é uma inefável experiência, que transcende a arte. Claro que ainda não estou amando-a. Eu sei desviar o foco. Entou permitindo. Dou às minhas emoções o vínculo do sorriso dela, dos olhos dela, de boa parte dela habitar meus momentos comigo mesmo. Por algumas razões, há duas coinciências nela. Somente eu sei. Creio que jamais revelaria a ela, ainda mais se do desejo houvesse a realização feliz de trocarmos as mãos dadas em uma tarde ou noite. Não revelaria agora. Porque, do contrário, ela me daria um pé na bunda, e não iria crer que eu estou gostando dela. Mas estou sim, e compartilho para que todos saibam a natureza de alguém que escreve quando começa a gostar. Ela me acompanhou a cada momento em minha mente agora. Estou gostando dela.

Interpretacao do sonho

"O ocorrido no sonho me lembra o exame feito há algum tempo em uma governanta, que, de início, dava a impressão de beleza juvenil, mas, ao abrir a boca, tomou diversas providências para esconder a dentadura."

In A Interpretação dos Sonhos, Sigmund Freud

Todos temos um lado sombra, que buscamos esconder das pessoas. Todos. O lado sombra pode nos dominar, ou podemos aceitá-lo, mas para tal precisamos reconhecê-lo e aceitá-lo.

Minha linda

Ela é minha linda

Ela é linda, mas é poética.
Fosse apenas poesia,
Seria apenas uma ideia.
Fosse apenas linda,
Nem seria por mim lida.
Ela é poética, o que a faz linda,
E por ser linda também
O amor se confunde,
Feito realidade e ilusão.
Ela é linda, me inspira versos,
Ela é poética, me inspira a vida.
Posso até uma hora
Escrever poesia para ela.
Ela é linda na poesia.

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Mulher Ideal

aquela mulher ideal (por mim)

Aquela mulher que curte Midnight Oil. Se falar de Kant saberia algo como estética transcedental. Riria de South Park. Curte pimenta e cerveja artesanal. Teatro e cinema. Não briga porque resolve na mente os problemas. Deixa os jovens passarem porque o mundo é mais deles do que nosso. Sabe rir de si mesma, sabe rir do outro. Sabe rir da ironia. Sabe ser irônica. Sabe sofrer sem destruição. Sabe que a vaidade não traz eternidade, ainda que importante, e que a eternidade é uma ilusão. Respeita a inteligência e os estudos como relíquias. Sabe que carência é destrutiva, e problemas psicológicos se resolvem na terapia com profissional. Sabe que o momento feliz vivido com verdade, ainda que breve, é melhor do que um sonho, nunca na realidade. Sabe que a beleza feminina é seu cartão de apresentação no mundo, e apenas apresentação, mas que sorriso bonito é apenas trofeuzinho. Sei que elas existem. Estão por aí, e estão tão bem que nem conquistadas esperam ser. Deacobertas sim. Elas sorriem. Esperam de boa viver suas vidas e não permitim que algo estranho as perturbe. Elas são o que alguns caras esperam delas. Elas também esperam. Quero dizer, esperam como algo que pode, mas sem dever acontecer. São espirituosas e irreverentes. Toda obrigação cansa a alegria. Somos do sossego os que sorriem no bom humor da vida irônica  Somos de nossa paz interior. Tentamos um mundo melhor, mas não reclamamos. A vida deve ser vivida.

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Vai longe - poema

Vai linge

Vai longe o desespero.
Longe e frio como a morte
Que via pairar em minha solidão,
Num diálogo franco.
Por que falar dela hoje
Se os anos parecem sonhos,
E sonhos vivem sinistros
No amor não correspondido?
Falo de amor porque vai longe,
Sem volta à dor de existir.
Um dia sofri e envergonho-me.
Não vale tanto a doelr que sente
O coração inocente.
Ser uma alma do meu tempo
Diz mais das ilusões passageiras,
Porque a vida é uma passagem.
Vai longe o desespero, e desprezo,
Desprezo para gerar a vingança,
Que mata e delira a si próprio.
Se nunca mais, não mais terei
Aquele tempo de desespero,
Que vai longe, muito longe,
Nas paragens de minha solta
E desperta ilusão de amar.
Nada é conclusivo aos passos
De tudo que somos nós mesmos.
Vai longe, para longe, para não mais.