sábado, 30 de dezembro de 2017

Neurociência

Eric Kendel e James Schwartz mostraram que nestes animais, para que a memória de curto prazo

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

The tell-tale brain 2

"To understand the next part, let's return to Broca's area in the frontal cortext. This area contains maps, or motor programs, that send signals down to the various muscles of the tongue, lips, and larynx to orchestrate speech. Not coincidentally, this region is also rich in mirror neurons, providing an interface between the oral actions for sounds, listening to sounds, and (least important) watching lip moviments." - The Tell-Tale Brain, V. S. Ramachandran.

segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Ler sem distração

Muitos gostariam de ler. Ler com prazer. Ler sem distração. Ler sem que, no momento da leitura, uma sensação de incapacidade de entendimento, gerando a sensação de incompetência moral, nos envolvesse, criando desâmino e desistência. Me lembro na USP. Sentia-me tão limitado diante dos professores! 21 anos atrás, 1996. A angústia de compreender de modo bem superficial o que os professores falavam. As palavras deles eram como uma ligação telefônica falha. Eu sabia que havia um conteúdo maravilhoso, porém, minha falta de preparo fazia minha sinceridade e honestidade intelectual admitir que era ainda um ser com poucos conceitos, poucas palavras, poucas abstrações. Ao invés de desistir como muitos fazem ao começar a ler um livro, ou autoenganar-se, quis uma alternativa. A alternativa real que encontrei me desanimou mais ainda. Tinha que pacientemente ler. Gastar no início uma hora para compreender uma página. Ler em português como se traduzisse para mim o desconhecido de uma língua morta. Consegui meu êxito com muita dedicação e foco. Tornei-me escritor para mim e para muitos amigos e conhecidos. Tenha essa paciência, meu amigo e minha querida amiga. Comece pelos textões aqui no Facebook. Quando menos perceber será um leitor pleno sem tirar de você os mesmos prazeres existentes: cerveja, churrascos, baladas, viagens. Certo que falo para dois ou três que possivelmente já leem. A leitura tem disso. Ser professor também. Ser escritor mais ainda. Acreditamos. Eu cri em mim mesmo e logrei. Sem mais nem menos. Dedicação.

Romeu e Julieta

Lendo (na verdade relendo) "Romeu e Julieta", tenho a coragem agora de falar algo que pertece exclusivamente aos jovens. Refiro-me à adolescência (dos 13 aos 19 anos), que é a coragem de arriscar sem medo e colocar a vontade presente na frente da sua própria vida futura. Lembrando, Julieta, 13 anos, e Romeu, entre 16 e 17 anos, morrem tragicamente no final da peça cometendo suicídio. Em nome do amor. Jovens tem essa força trágica. Jovens até os 19 anos. Depois, o enredo muda demais. Na casa dos vinte anos, não pega mais essa ilusão. Imagina então nos trinta, ainda que o medo da solidão da solteirice nos acorda junto com o despertador! Nos quarenta nem falo. Somos idosos aos quarenta anos. Temos mais passado que futuro. A verdade que pode machucar muito o coração de tantas mulheres e até de alguns homens é que se não casarmos com aquele amor da adolescência, dificilmente seremos inocentes para acreditar nessa natureza de amor mais uma vez e anular nossa vida, ou o que nos resta para viver. O tempo passa. O que fazer então? Como administrar o equilíbrio entre a ausência de inocência depois da adolescência com o desejo de uma alma amante permanente que seja nosso desejo e que esteja em sincronia, em harmonia, em empatia com o nome que damos ao amor? Não sei. Mas sei que devemos fazer o que todos fazemos sempre! Tentarrmos. Tentarmos. E tentarmos. Agora aqui reside o ponto delicado. De tanto tentar, as imagens que podemos construir em nossa cabeça é uma silenciosa autodestruição emocional de não dar certo. Erro fatal! Deu certo no tempo que deu certo. Eu imagino um namoro de um dia, ou de algumas horas como um casamento. Houve início e houve fim. Entre uma coisa e outra, foi feito o possível dentro do que o tempo permitiu. Se uma noite, cinema, jantar, sexo. Se um fim de semana, Campos do Jordão, hotel, sexo, restaurante, cerveja, chocolate, hotel, sexo, café da manhã, passeios, almoço, jantar, fundue de chocolate etc. Esses são os pequenos exemplos. Claro que em um casamento de anos, há outras conquistas que nem preciso citar para não prolongar. Oras! Desde que houve cumplicidade, houve um casamento, ou não é? Sei que não é aquele idealizado. Mas toda idealização veio de fora. Da cabeça da mãe, da família, da sociedade. Foi projetada na cabeça. Romeu e Julieta casaram-se no outro dia após se conhecerem. Casamento escondido e proibido. Compreende? E morreram em seguida. Na verdade, cometeram suicídio em reviravoltas doidas. Namorar por algumas horas, dias ou meses é estar casado no tempo que é permitido. Romeu e Julieta tiveram um final blau-blau e ponto final na peça. Terminou? Vida que segue. Entre um amor novo e o velho que virou ex-, o que pode apenas diferenciar é o tempo. Horas, dias, meses, anos. Ou - como idealizado - uma vida inteira. Sei que todos idealizamos. Eu também já.

domingo, 24 de dezembro de 2017

Mestrado

Um papo relativamente sério. Ano que vem focarei em meu mestrado em literatura pela PUC-SP. O passado fica como aprendizagem. O futuro aquela dobra de esperança que nunca morre a quem quer o máximo de dias nesse planeta. Eu quero porque já morri. Depois que a depressão bateu asas há mais de vinte anos, minhas emoções souberam o valor da experiência. Viver o presente nunca revela o que sentimos de fato. Acordamos bem. Tomamos café felizes. Pegamos o ônibus reflexivos. Entramos no trabalho determinados. Para somente pontuar o humor que nos envolve. Também da euforia passamos para a dor da incerteza do despertar à mesa de café da manhã. O presente dita a norma da vida, inevitavelmente. Quero aproveitar o máximo possível meu presente. Para aproveitá-lo, sei que o futuro não existe. O futuro apenas virá. Ele vem conforme eu escrevo. Ele vem conforme se lê. Para meu futuro que virá, para meu mestrado, para um projeto pessoal de vida, vou escrever - como um blog - meu passo rumo a buscar ser um muito bom futuro professor universitário, razão principal de voltar ao mestrado e já ter o projeto para doutorado. Tenho amigos e amigas mestres e doutores. Inclusive tenho alunos meus, para quem dei aulas em cursinho, já doutores. Nesse meu estudo, paralelamente a outras leituras e escritas, começarei com Os Lusíadas. Do Canto I ao Canto X. Ler palavra por palavra, metro por metro, rima por rima. Dizem que escrever dos seus planos prejudica seus planos. Verdade. Mentir para si mesmo alivia a verdade que machuca. Quero compartilhar, porém, minha verdade que me nutri a singela experiência de existir no presente. Para quem gosta de ter uma meta na vida, eu busco uma. Não depende apenas de mim. Mas quem delibera sou eu no foco e nas lutas.

Olhar sem poesia

Queria tanto poder relacionar a minha vontade de escrever sobre nossos sentimentos humanos, tocando no precioso coração das pessoas, e ao mesmo tempo ficar feliz com o que escrevo. A vida, de fato, não funciona assim. Se escrevo nossos sentimentos, não me felicito-me. Olhar sem poesia para a nossa alma petrifica nossos sentidos, e perdemos quaisquer convicções especulativas. Minha formaçâo em filosofia alemã amadureceu baatante nos últimos anos. De quase um amador, tornei-me leitor efetivo de Immanuel Kant etc. Gostei muito do que li. Sei que a neurociência atual e futura vai destronar a filosofia e teremos de jogar no lixo da cognição metafísica qualquer especulação do sentir e ser da filosofia. Hoje a neurociência explica o que antes se especulava com muita inventiva e sofisticação.

Planejamento básico

Tudo nessa vida, que queremos para nós, e que depende mais de nós, deve ter um básico planejamento. Primeiro passo do planejamemto é não desejar o que o mundo disponibiliza e seduz nossos desejos. Sei que preferimos a diversão à dedicação. O mundo nos ensina. O ideal é a dedicação à diversão. Nossa vida pessoal tem de aprender que poucos nesse mundo se privilegiam de se dedicar ao que se diverte. Neymar, Bill Gates, Sérgio Cabral etc. Dentre eles, os mendigos raízes parecem ter a vantagem de se dedicarem à diversão: bebem, pedem, comem, dormem. Outros mendigos Nutelas imploram amor de quem não os ama; se submetem à escravidão financeira e emocional dos trabalhos; deixam-se governar pela amargura da raiva, do rancor e do ódio quando são frustrados ou traídos. Os mendigos Nutelas, ao fim, perdemos nossa identidade nssa vida e buscamos a distração confundida com diversão - vivemos no automático, mas o tempo passa. Creio que o único contentamento nessa vida é dedicar-se ao que amamos, e não me refiro à reciprocidade. Amar e ser amado é o sonho da eternidade dos jovens. Uma alma eternamemte jovem sonhará sua completa existência ao amor ideal, e se dedicará pensando "quando irá aparecer meu ideal de amor". Ser eternamente jovem tem desses aborrecimentos. Dedicar-se ao que se ama sem depender de reciprocisade aplaca a ansiedade. Meu projeto é chegar aos 50 anos um homem maduro e muito culto. Como disse no início, sem planejamento básico, não conseguiremos o que queremos pelas vias de fato. O fato é que comecei o planejamento por Lusíadas, e escrevo para me divertir e refletir no que faço. Agora, ir treinar o corpo.

Lusíadas

Essa a última estrofe do Canto I, de Os Lusíadas. Se lermos com carinho e atenção, vamos perceber a profundidade dela. "Na terra tanta guerra, tanto engano." Não apenas guerras no sentido real de armas e mortes. Guerras emocionais, que apenas são vaidades de quem submete quer aprisionar o outro. Eu me desencanto diante da vaidade e do joguinho. Em qualquer relacionamento, fazer joguinho é a mais comum guerra humana hoje. Li um artigo que falava "dos relacionamemtos para saber quem se importa menos." É complicado ser gentil. Vejo quantas vezes me passo por mudo e distante porque ser gentil tem perdido seu significado sublime: nada em troca. Eu tento educar meus filhos - quando converso com eles - sobre a importância da gentileza. Acho importante. Camões termina a estrofe perguntando:

"Onde pode acolher-se um fraco humano,
Onde terá segura a curta vida,
(...)
Contra um bicho na terra tão pequeno?"

Ou seja, outro ser humano interesseiro e apenas isso.

Curto texto

Via de regra, um curto texto começa a ficar interessante, após algumas linhas. Digo via de regra, porque há textos que não ficarão interessantes, mesmo que os leia até o fim. Os meus geralmente ficam interessantes (para mim!). Mas não é sobre isso que eu quero falar. Quero falar do que é interessante. Mais do que qualquer outra sedução, o que nos leva ao limiar do amor e da paixão é o despertar em nós a admiração daquilo que de fato achamos interessante no outro. Sei que é polêmico, porque a palavra 'interesse' possui alguns sentidos nada agradáveis, que desdobram para o 'interesseiro'. Tento preservar a pureza do que acho interessante. Quando somos surpreendidos positivamente e dizemos "que interessante!" é o que mais se aproxima do que eu entendo por pureza de interesse. O bom gosto, bom senso, bom humor, inteligência levemente irônica, que encanta, é algo para mim interessante. Nem falo sobre leitura, que pode ser ou não interessante. Há pessoas que leem que não são interessantes; há pessoas sensíveis, pouco leitoras, que são muito interessantes. Quando eu escrevo, geralmente me vejo falando em público. Imagino a atenção das pessoas sobre o que eu falo. Tento fazer da reflexão escrita algo mais que interessante a ponto de abrir consciência e destravar o  lindo processo de perceber. Tento de meu modo tornar o conteúdo interessante ao escrever, mas imaginando-me falando. Por ser muito mais didático e envolvente falar, perco feio na escrita, reservada para aqueles que preferem a leitura à fala. Olha que eu prefiro a leitura a muitas falas. Porque muita coisa que ouço não me é, infelizmente, interessante. Aliás, quando o que eu ouço não é interessante é porque o que eu falo também não o é. O resumo sugestivo é pensar no que é interessante para nós, nossos gostos, vontades, limites. Sei que não somos de fato obrigados. Eu não sou, nem faço questão. Apenas exercito o que gosto. Ensinar, dar aulas, escrever, ler e conversar com pessoas interessantes. Amo!

Ser útil no mundo

Não me lembra a última vez em que critiquei negativamente algo em meus textos. Eu parei com isso. Nem ironia, nem sarcasmo, nem descaso faço mais. Verdade que prometi a mim mesmo que jamais falarei de política, como antes eu o fazia. Percebi que minha utilidade nesse mundo é menos ideológica e mais didática, no sentido conceitual de ensinar bem. Não quero também que pensem semelhantente a mim, em discurso ideológico. Dogmatizar é algo que me constrange e consterna. Quero que aprendam os benefícioa da liberdade, no sentido hegeliano - todos temos nosso espírito buscando sua livre expressão e liberdade para isso. Quero fazer ler com maturidade textos literários, por isso ensino; quero que saibam o que é sintaxe, morfologia, por isso ensino; quero que saibam diferenciar análise de interpretação, por isso ensino; quero que aprendam a falar inglês fluentamente, com forte base gramatical linguística, por isso ensino. Por isso leio e escrevo muito. Nada ganhei e muito perdi com as críticas ácidas que fazia. Ao menos aliviaram meu coração àquele momento de fúria emocional. Todos temos um campo de ação nesse mundo. Um campo de ação real. Não me refiro ao midiático, que se perde, como a fama o traz. O verdadeiro campo de ação é o contato direto com os seres humanos. Vale para os músicos, médicos, escritores, barman, professores, padeiros etc. Já me propuseram aulas de inglês virtuais, tipo 'gravar vídeos' etc. Era para eu focar no negócio e não no campo de ação real, que é o ser humano. Não critiquei. Disse que não me encaixava. Tinha meu projeto de vida e buscava focar nele, sem desvios radicais. As pessoas precisam de mais positividade e o melhor é procurar ser honesto consigo mesmo na fidelidade do que ama como projeto de vida. Não me agrada criticar pelo lado destrutivo e negativo. Não me iludo mais com o nosso tempo. Aliás, não podemos perder tempo. Nem tempo, nem energia.

Ao invés de correr

Ao invés de correr, eu resolvi andar pela areia da praia à noite. Comecei correndo, na verdade. Depois parei. Fazia tempo que não corria e tenho treinado musculação bastante pela manhã. Também não corri, porque queria refletir com menos preocupação a vida, pensamentos soltos, sentidos dispersos, sem vontade de parar em momento algum pelo cansaço. Não que a praia acalme a todos e diminua necessariamente o ritmo de nosso espírito. É que parece que não existe outra alternativa  quando estamos em contato com a natureza. Seja no mato, seja na trilha, seja no rio, seja no barro. Se permitirmos, a natureza nos envolverá no seu ritmo, constante e quase sempre seguro. Digo às vezes para mim mesmo que depois dos quarenta anos, um homem sensível sonha poder um dia olhar para o mundo externo e harmonizar-se na paz existencial exterior, tendo esse mundo paz exterior. O contato com a natureza tem. Querendo ou não, o fator Deus, destino, falta de alternativa, e outras razões, me trouxeram para cá, para a realidade exterior ao encanto da harmonia da minha realidade interior. Posso incorporar hoje a paz de fora no mar, na areia, na natureza, com a paz aqui de dentro de mim, e meditar. Quando digo que sou sensível refiro-me a sentir de modo pungente o mundo. Nunca olhei insensivelmente o mundo, nem a dor humana é por mim indiferente. Ao contrário. Viver não é tão simples. Algo, por exemplo, que eu nunca imaginei que faria nesse nundo seria parar de tomar cerveja. De fato, não parei. Mas não compro mais, nem me faz falta. Emagrecer era outra realidade impossível, assim como atividades físicas. Hoje mais magro e treinando. Tantas coisas que temos por absolutas e são tão frágeis. Quem crer em algo, crê na fragilidade sem saber. Sobre coisas do amor no coração, cansaram-me as expectativas. Não as minhas. Das pessoas. Sou adepto ao casamento. Mas casamento por um dia, uma semana, quando se vê. Entrega total. Justamente porque depois dos quarenta é bom o ser humano ter projetos "paradidáticos" - sem depender do outro para ser feliz. Que graça nosso projeto de vida ser uma outra vida? Não entra mais em minha cabeça. Olha que nem falo de promiscuidade, libertinagem, relação aberta, poligamia, traição etc. Falo de viver a vida pessoal de cada um de modo livre para o que deseja. Assim aprendi na filosofia com Hegel, e nem gosto de Hegel. A caminhada acabou e encostei-me no carro para materializar essa reflexão agradecido. Quando pouco se tem, agradecer equivale a quase tudo.

Maturidade

A grande virtude da maduridade, porém, é o contentamento. Contentamento vem de conteúdo e uma pessoa contente é aquela que tem conteúdo. Louco, não? Se você tem conteúdo, você é contente! A pessoa madura tem contentamentos; felicidade, não. Por quê? A maturidade plena nunca é egoísta. Logo, suas vontades passam para a realização da vontade do outro: filho, filha, namorado, namorada, marido, mulher; raramente pessoal.

Contentamento pode ser confundido com felicidade, é verdade. Mas não é não. Uma pessoa madura, por este motivo também, raramente é triste. Se não é feliz, mas também não é triste. Preocupação? Sempre. Tristeza, nunca.

Vida mais excitante

Creio que a vida tem sido muito mais excitante para nós, que vivemos nessa segunda década do Sec. XXI, do que em qualquer outro período da humanidade - excetuando a transição que levou o ser humano à introspecção, ou seja, o ser humano olhar internamente para si, ver-se refletido na água, descobrir-se e descobrir o outro semelhante diferente de si. Antes de julgar essas palavras, continue lendo. Não escrevo como quem acha e que fará quem lê perder tempo. Nosso tempo é o maior valor que temos. Temos um tempo de vida, e não há melhor explicação para não perdermos tempo. Aliás, nunca perdemos tempo ao lado de quem amamos profundamente, sobretudo ao lado dos filhos. Já a respeito desse nosso momento de excitação atual, eu embaso a reflexão em nossos 'neurônios-espelho', que a neurociência vem estudando e que possivelmente é onde, de fato, habita nossa humidade e toda a nossa capacidade de assimilar, reproduzir, retransmitir. Jamais perguntamos a nós mesmos por que nós sabemos copiar, imitar, emular. Temos a imitação algo natural, e sua naturalidade escapa à nossa percepção a todo momento. Se não soubéssemos imitar, perderíamos os períodos de amadurecimento neural e seríamos humanos sem a cultura que todos os humanos que nos cercam querem que assimilamos: saber a linguagem é uma delas. Falo como pai e escrevo para todos os pais e mães. A magia que temos diante de nossos filhos copiarem o nosso mundo justifica a nossa razão de existir. As primeiras palavras articuladas, bem como os primeiros passos bípides são marcantes. Sem o poder de imitação, algo vazio permaneceria. Aliás, os pais cujos filhos são autistas sentem o impacto da ausência da imitação, e todo desdobramento que vem decorrente dela. Dito isso, somos essencialmente cultura que recebemos, cultura que transformamos, cultura que retransmitimos. Não criamos cultura como novidade. Assimilamos e transferimos nosso modo de vida para a geração seguinte. E nesse sentido que penso como nossas vidas são excitantes atualmente, como nunca antes. Eu ainda não disse, mas os neurônios responsáveis por assimilar tudo o que copiamos são conhecidos como "neurônios-virtuais" ou "neurônios-espelho". Se aprendemos o movimento de um acorde de violão, essa categoria de neurônio é a responsável pela excitação da assimilação. Quando olhamos alguém tocando violão, esses neurônios disparam, e nesse disparo ocorre a primeira assimilação. Por esse motivo choramos num filme. Esses neurônios disparam como se fôssemos nós vivendo aquela situação emotiva. Acho que agora é possível ter uma visão unificada a que tipo de excitação me refiro, porque vivemos em uma época de grande assimilação. Somos bombardeados, como nunca antes, por estímulos de cópia todos os dias. Filmes, fotos, textos. Os memes são grandes estimuladores, por exemplo. Do ponto de vista neural isso não parece ser negativo. Copiar o mundo ativa a vida útil de nosso cérebro e fortalece-o. Esse dado é científico. Não achismo. O lado negativo pode surgir pelas expectativas pessoais frustradas. Ver fotos de uma viagem internacional de alguém excitam nossos neurônios-espelho como se estivéssemos lá, porque ativa nosso centro emocional que nos diz "também quero", mas caso não podemos, a frustração gera sentimentos dos mais diversos, dentre ele a angústia. Saber reconhecer que não é possível e aceitar o que não é possível, ajudaria muito o cérebro a superar a frustração, e nosso sistema emocional voltaria mais rapidamente ao equilíbrio. Admitir aquilo que não pode, que seja vivido virtualmente! Eu não posso ser o Neymar em infinitas condições, mas imagino o que seria ter à disposição para mim do que ele tem. Sem dizer na super vantagem do ator e atriz pornôs, que causam estímulo para muitos e frustração em muita gente. Eu vejo pelo lado positivo os estímulos, ainda que virtuais, como em um filme de superação. Eu que não foi comigo, mas vivi em mim parte daquela experiência virtualmente. Frustrar-se é a desilusão entre a expectativa e a realidade. Se a realidade frustrou expectativa, a frustração pode nos envolver em angústia. Não vivemos muitas coisas na vida, senão a cópia daquilo que desejávamos como algo real. Tivemos muitas experiências em coisas apenas virtuais. Mas está aí o que nos faz humanos: saber copiar. Tenho certo orgulho de ser escritor do jeito que eu sou. Vejo que pude harmonizar minha inquietação interna ao sentir o mundo, por causa de meus neurônios-espelho, e organizar essa inquietação em palavras. Quem lê tem a mesma vantagem, aliás. Continuemos lendo.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Vida Loka

Meus amigos ateus, meus amigos ascéticos, meus amigos agnósticos, meus amigos espirituais e terrenos.

Deus, para mim e sem dúvida para mim, é maravilhoso e mostra às pessoas de coração reto o quão protegidas e amparadas elas são e estão.

Pequenos detalhes. Tão pequenos. Deus nos faz ver a natureza de nosso próprio coração e do coração alheio. Nos pequenos detalhes ele dá a glória aos que são pequenos e tira aquela 'honra' que o outro estava arquitetando para si. No fundo ele não desampara os que O amam, mas mostra quem é quem. Quem merece a verdadeira glória; quem ficará sempre com as migalhas...

Obrigado, meu Deus.

"Eu digo. Glória! Glória. Sei que Deus está aqui e só quem é; só quem é vai sentir. Meus guerreiros de fé! Quero ouvir! Quero ouvir. Meus guerreiros de fé!"

(Racionais Vida Loka)

-ENTE

Será que somos, as pessoas, mais iguais do que diferentes? Ou contrariamente somos mais diferentes do que iguais? Antes de refletir, digo que foi o acaso. Um acaso que não me agrade a rima -ente de diferente e contrariamente. Pensei em mudar. O gasto de energia seria maior do que eu pretendo. E sobre nossa diferença ou semelhança, eu e todos os psicólogos sabemos que somos muito mais semelhantes. Temos empatia.

Primeiro que somos altamente previsíveis. A propaganda fala por si mesma ao entrar na mente da massa. Um pensamento único em milhares ou milhões de pessoas. As tragédias coletivas trazem um pensamento único de comoção. O feito de superação traz o pensamento único de esperança. A humanidade é igual. A fome crônica traz o pensamento único de injustiça. Os desvios dos padrões quase insignificantes que nos diferenciam.

Vi pela manhã um ser com um microfone, palco cheio, muita luz, um telão central enorme, três telões menores ao lado, e todos reproduzindo a mesma imagem. Era um palestrante. As pessoas, no afã de serem diferentes, pagam caro para crerem serem únicas e especiais, quando são iguais. São iguais até no propósito de não desejarem ouvir verdades desconcertantes. Sendo nossas experiências sensações, a ilusão cabe muito bem em sensações de experiências únicas. Eu acho injusto fazer todos se sentirem reis, que é uma sensação praticamente única na vida de um ser humano. Ser rei.

O tempo que se gasta para a especialidade tem sido encurtado. Quem diz não sou eu. Há um estudo bem bacana a respeito. Os gênios são aos milhares diante dos bilhões de seres humanos. Na arte de modo geral. Mas na ciência e no esporte também. Assimilamos bem mais rapidamente porque os treinos foram incrivelmente aprimorados. Imagine só o ato de ler. Bilhões sabem ler. Número imensamente proporcional dos que sabiam há cem anos.

Nossa academia de ginástica, nossas festas, nossas conquistas acadêmicas e profissionais, nossas viagens e nossos relacionamentos amorosos. Temos tudo isso em comum. Inclusive nossas angústias, nossas doenças psicológicas, nossos atos falhos querendo ser felizes onde somos ainda tristes.

Sua dor é a minha dor. Sua felicidade é a minha felicidade. Sua fraqueza é a minha fraqueza. Sua dúvida é a minha dúvida. Sua necessidade é a minha necessidade. Temos de certo modo apenas momentos diferentes. Ao final, somado tudo, há empate. Um empate técnico. Alguns podem até refletir sobre e colocar em palavras. Ou, quando fazem muito, leem as palavras concordando ou discordando. E não importa para um ou para outro. Ambos titubeiam. Ambos são indecisos. Ambos levam a vida. Cada qual contribui da sua forma para reconhecer um ao outro.

Teu sorriso

Teu sorriso, à Fabiana

Sorri, meu anjo, teus lábios me encantaram.
Não falo ainda de amor, por timidez.
O amor provoca timidez na alma.
Eu te vejo tão contente, leve, solta, jovial.
Provoca-me a vontade de trazer-te à minha noite.
Amanheci com tua saudade.
Não falo de amor ainda, que acontece.
Outrora outros corações, egoístas, pouco atentos ao amor, confundiram teu sorriso.
Não bebo deste delírio.
Não bebo de nada.
Sinto somente.
É pouco, parco, petulante.
Teu sorriso é lindo.
Eu não me atrapalho, meu anjo, e trago tuas imagens, poucas, a mim, e não as perco.
O vazio é uma alma cansada.
Diz do vazio que sentimos sem querer.
Diz!
Posso não amar, ainda, sem querer.
Não é medo, nem covardia, que é para os fracos, assim como eu sou.
Teu sorriso, e dele e nele amo o que sinto, teu sorriso é mais alma do que olhar perdido.
Sentir provoca perdição.
Confusa a minha alma, que ama, mas que ainda não.
Permite apenas algo puro, ao sentir.
Permite sentir-me por ti.
Permite a formalidade destronada e manca.
Permite, meu anjo, amar-te.
O amor acontece, e desejo o belo do amor.
Teu sorriso, hoje, amo, e amanhecer lembrou-me dele.
Sei que, linda, mais do que teus lábios, creio na dor, que defende e protege.
Gosto de amar, mas ainda não,
Tenho aquele medo do que nunca me pertence.
Amo a liberdade, que sempre me provoca e confunde.
Nos teus lábios o sorriso me fez inocente.
Vê-los me anima a alma.
À alma, meu anjo, cansada, prefero o riso.
Teu sorriso.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Ternura

Ternura, Doçura, Amabilidade

Algumas vezes podemos falar assim:

- Não é por causa de você que sou terno, doce, amável; mas assim, apesar de você, sou terno, doce, amável.

A pessoa não vai crer. Vai desfazer. Vai achar que você é terno, doce, amável por causa dela. Ela sonha pesadelos achando que são revelações divinas. Mas sabemos o que somos. Entregamos a ela a ternura, a doçura e a amabilidade porque cada qual dá o que tem, apesar das pessoas que poluem e profonam estes nossos afetos de nossas almas.

Meu maior amor da minha vida

Uma das razões que me colocou a escrever e ler, foi um longo e platônico amor dos 16 aos 22 anos até eu assistir ao filme Cinema Paradiso. Não foi o meu primeiro (meu primeiro foi a Patrícia), mas com certeza o mais arrebatador. Esse amor me ensinou as misérias do sofrimento e que podemos amar desesperadamente e ainda assim escolher que vida queremos. Eu optei por essa que tenho hoje.

Algo me dizia que com ela, eu seria infeliz e não construiria a minha ideia de família. Eu sempre quis ser pai. Para criar, estar presente, educar, brigar se necessário, esperando as malcriações inevitáveis. Não errei em minha previsão. Meu platônico amor não se casou, não tendo filhos e vivendo uma constante adolescência aos 38 anos. Incrivelmente nos encontramos no curso de inglês em 2012. Eu como professor; ela como aluna. Foi surreal. Na verdade, eu retomei contato com ela pelo Facebook. E eu a incentivei a fazer o curso e, mais do que isto, ir para o exterior. Ela é de família classe média. Os pais apoiaram a ideia e ela foi. Já está há dois anos morando em San Diego.

Este amor me fez sofrer muito. Nos livros e leituras de poesias que descobri parte da tradução desse sentimento confuso e, na época, complicado. Se sou escritor, eu devo a ela. Tive sorte ou sabedoria, no caso, de seguir minha intuição porque houve oportunidade de ficarmos juntos, mas nada do que eu gostava, ela gostava e vice-versa. Seria um desastre. Devemos respeitar os gostos. E a empatia.

Não dá sempre para confiar na intuição. Conhecer uma pessoa, por isto, depende um pouco de intimidade. Para o bem. Para o mal. Quantas frustrações não temos! Quantas expectativas quebradas nas intimidades. E que angústia, não? A ponto de perguntarmos: o que eu estou fazendo aqui com essa pessoa?

Não devemos desconfiar das intimidades, ainda mais depois de repetidos momentos. Intimidade é a verdade. E mesmo que você se encante e desconfie do encanto, eu posso afirmar que o encanto não é o acaso, não foi sem querer, não foi planejado, premeditado: a pessoa deve ser mesmo encantadora. Disso eu não tenho dúvida. Não digo do sedutor que ilude. Falo do encanto, que faz a pessoa crescer interiormente. O sedutor deixará você menos; o encantador, deixará você mais. E quanto encanto não temos ao nos sentirmos com a pessoa que nos encanta!

O que eu senti por este meu intenso amor lá no passado foi sedução. "Perdi-me dentro de mim." O que eu busco nas pessoas hoje em dia é encantamento, porque é bem o outro deixar você sentir-se mais do pouco que somos. Na intimidade não vejo o complicado. Vejo um momento para decidir o caminho de nossa parcial felicidade. Saber o que quer e para onde ir nos fazem felizes. E fiquemos com esta última: ser felizes. Estar de bem com o outro que amamos dentro de nós

Serei amada por alguém?

"Será que algum dia na vida eu saberei o que é ser amada por alguém?"

A pergunta foi feita para mim e me deixou por segundos sem saber o que fazer. Ela entrou como um drama shakesperiano. Eu não poderia dizer que sim, que ela seria amada por alguém. Ela perguntou sem olhar para meus olhos. O nosso contexto, porém, era que da parte dela eu declasse um amor inexistente e em seguida a beijasse na boca. Porém, nunca passou pela minha cabeça ficar, beijar, namorar ou mesmo amar essa jovem. À época, fazíamos USP juntos. Ela no mestrado e eu ainda formando. Ela me dava carona até um certo trecho e depois eu pegava o ônibus. Fomos assim por semanas e semanas. Sem eu perceber (eu era ainda ingênuo) cresceu no coração dela amor por mim. Fui vítima de minha própria gentileza, de minha sincera atenção, de minha natural preocupação  ao querer ser querido como amigo. Sempre fui comunicador. Ou melhor, sempre fui falante, a ponto de algumas meninas falarem "pare de falar e beija logo!". Não muitas. Umas três. Ela me traumatizou. Deveria ter ido a um psicólogo dias depois para aprender a entender que eu não tenho nada a ver com o sentimento alheio, sem ter culpa alguma, sem alimentar nada. Não tenho culpa de amar e não ser amado, e nem de ser amado e não amar. E nem de amar, ser amado e mesmo assim deixar quieto. Nem eu, nem ninguém. Como não fui a um psicólogo, nunca saiu de minha mente a preocupação se ela seria um dia amada por algum homem. Mas sim. Ela foi amada. Casou-se. Depois de um tempo perdi contato total. Nem havia tantos motivos para termos mantido contato. Mas perdi contato propositalmente. Um dos respeitos que levo muito seriamente em minha vida é quando uma pessoa com quem converso bastante, tenho amizade forte,  é solteira e começa a namorar. Tenho a elegância de respeitar o novo momento dela. Gentilmente me distancio. Muitos e muitos casos de amigas com quem eu tinha papo dos mais diversos e até confidenciais, ao saber que ela estava namorando ou mesmo evitava conversar, eu alegremente respeitava. Todos temos nossos momentos. Todos queremos saber o que é ser amado ou amada. Não é legal poluir a felicidade das pessoas. Falando em felicidade, demora - e meus jovens devem me ouvir! -, demora ser feliz. O tempo nos fará felizes. Porque antes entendemos a felicidade algo compartilhado e vem  em parte do outro. Somente no outro que aprendemos a ter sentimentos. Raiva. Vaidade. Arrogância. Fúria. Compaixão. Amor. Solidão. Paixão. Sem o outro, nada sentiríamos. Onde entra o tempo na demora para ser feliz? Sentir, sentir, sentir, sentir e sentir por anos e anos e anos. De tanto sentir, aprender que os sentimentos que achamos eternos e profundos, são infelizmente rasos e cíclicos. O que eu acho mais importante agora? É não desiludir e convidar a sentir intensamente as dores e as felicidades. Não ouça os mais velhos como eu. Sinta apenas. Não ouça não. Sentir é tudo. Se lá naquela pergunta inicial fosse-me perguntado hoje eu responderia "claro que será amada sim!" Tendo certeza ou não da resposta. Sou otimista. Por isso persisto. Quero sentir ainda. Convido também a sentir. Ao menos fica em nós a sensação cíclica que parece eterna. Mas não o é. A eternidade vem das criancas. Um paradoxo fácil de compreender pelos filósofos.

domingo, 17 de dezembro de 2017

Se governasse o mundo

Não posso esperar das pessoas o que eu espero de mim. Por isso mesmo, se eu governasse o mundo tenho certeza que não declararia guerra jamais; por isso mesmo, se eu governasse o mundo não persegueria meus perseguidores; eu os toleraria, daria a eles voz para se manifestarem, daria o direiro deles desejarem guerra, mas não permitiria a guerra em momento algum. Se eu governasse o mundo nada de preconceitos a minorias algumas. Nem às frágeis, nem a minorias poderosas, que existem, chamadas de elite. Se eu governasse o mundo, o mundo seria um lugar bom para se morrer. Se eu governasse o mundo, não haveria paz. Haveria tolerância e proteção a todos. Posso julgar por mim se eu governasse o mundo. Julgo por mim se eu governasse o mundo. Todos saberiam ser mortais e teríamos tantas coisas boas para aproveitar nesse mundo que destruição humana alguma seria justificável se eu governasse o mundo. Não seria um mundo de amor. Seria um mundo com muitas disputas. Todas elas para curtir a própria vida. Música. Esporte. Estudos. Tenho certeza absoluta que se eu governasse o mundo, jamais haveria refugiados, escravidão, tráfico de órgãos, golpes. Julgo exclusivamente por mim se eu governasse o mundo. Mas eu governo em partes apenas a minha própria vida e minhas vontades. Por isso sei os valores que eu tenho nesse mundo.

sábado, 16 de dezembro de 2017

Na convivência podemos criar carinho

A convivência é a melhor forma de criarmos carinho por alguém. A mesma convivência inclusive que revela o quanto estávamos errados ao supor que o que sentíamos por alguém era amor verdadeiramente. Todos nós nos revelamos aos poucos para as pessoas no convívio; raramente de uma única vez. Li uma manchete de notícia que dizia que um casal de enamorados foi feito por meio de um concurso de dança. Eles dançaram muito, ensaiaram muito, se conheceram muito, se curtiram muito e estão agora aí assumiram que se gostam muito. Não é possível mensurar o nível de carência tanto de um, quanto de outro para saber quem cedeu mais, ou se a carência era zero ou total e a sintonia gerou o amor-amigo perfeito. Geralmente o mais carente cede muito mais e as razões que explicam são tantas que perde tempo pontuá-las. Quando terminamos um relacionamento bate uma forte carência e confusão em nosso centro emocional que cedemos com facilidade qualquer investida mais carinhosa, atenciosa, que proporciona alívio. Uma conhecida me disse recentemente que ao terminar um relacionamento engatava em seguida outro e assim tem sido desde que ela começou a namorar. Hoje ela tem mais de trinta anos. Eu sorri. Nada mais natural para mim. Uma porque eu nem reparei quando ela começou a me desenrolar seu histórico afetivo. Mas se ela me disse que com ela era um atrás do outro, é porque de alguma forma, ela tem autoconsciência de uma inquietação, que no fundo diz respeito a ela mesma. Aliás hoje ela namora, de novo! Eu evito contato prolongado com quem pode perturbar meu coração para evitar também a perturbação do amor. Não ando carente e até me incomoda os momentos de carência. Quero ver meus filhos crescerem, porque eles são prioridades nas minhas escolhas agora. Já que tenho pretensão de filósofo, tenho hábito estoicista, adquirido por muito pensar e por muito viver. O estoicismo crê que os sentimentos não são mais fortes do que nosso pessoal desejo. Podemos dominar nossos sentimentos, se desejarmos - da carência ao amor pleno. Não me refiro a reprimir. Reprimir é uma doença sufocante. O estoico admite a dor, o sofrimento, a angústia, o desejo, o sentimento, a dependência emocional, a carência afetiva, porém, diante de tudo, o estoico escolhe sentir e apenas sentir, esvaziando a reação ao que sente. Sentir é uma das formas de viver. Pode parecer muito repressor. Pode até ser, desde que o estoico não somatize em recalques e outras doenças, ele leva a vida muito bem, focado em seus interesses. Existem decisões pessoais, que não são tão pessoais. Minha decisão de evitar contato emocional parece triste a muitos olhos atualmente apaixonados. Creio que para o olhar dos meus filhos, eles entenderam minha decisão. Já vivi o paradigma de relacionamento convencional, que todos querem. Um ciclo bacana. Separar-se, então, é complicado. Não há quem, depois dos trinta, que tenha passado pela separação, não entenda a complexidade sentimental nos bastidores da separação. A maioria crê na não-privação dos nossos desejos, ainda que separado. Filosoficamente, Epicuro sugeriu o prazer acima de qualquer outra vontade. Outra corrente de pensamento grego, epicurismo, sugere que a vida vale diante do prazer moderado, e sentir carência não é prazeroso. Como citei estoicismo e epicurismo, vou lembrar a filosofia que traduz nosso atual meio de vida: o hedonismo. O hedonismo se confunde com o epicurismo: ambos procuram o prazer. Mas a perspectiva atual do hedonismo é que o prazer não pode ter limites, nem ser moderado. É o prazer radical, e tudo deve geral euforia dentro de nossos sentidos. Nossa sociedade vende o hedonismo como o máximo. A maioria crê nele. Por isso sentir carência machuca absurdamente. Não somos programados para a ausência. Podemos nos programar para ela, o que significa aprender a sofrer com dignidade e abstinência, e conviver é um perigo. Na convivência criamos carinho.

O Fim Desejado (conto)

- Mas é sério isto?
Era tão sério que nada respondeu. Absolutamente nada. Fez com os olhos o máximo possível de uma difícil indiferença que não fosse arrogância, nem desprezo, nem ato falho de sugerir o contrário. Ele recusou cerveja. Pediu um conhaque. Era muito séria sua decisão.
Sem saber o que falar ela fez bico. Orgulho besta, ela pensou alto.
- O quê?
- Nada...
As despedidas entre eles começaram muito antes. Geralmente brigas silenciosas de estresses emocionais, desentendimentos que machucavam o psicológico de ambos.
Ela quis dizer "tudo bem então!", mas jamais deu a última palavra em momento algum e não cederia justo nesse momento de separação seu pensamento de medo e real fraqueza. Ela deu um gole na cerveja. Encheu o copo em seguida. Olhava para o infinito de sua cabeça.
O orgulho a dominava porque ela o dominou, seu parceiro, inconscientemente, sendo inconscientemente dominadora, com uma crueldade torturante, e por isto ele cedia: ela era chantagista. Desesperador sentimento porque o outro sofre sem saber o que fazer, nem como.
A vida o encheu de responsabilidades que ele nem sempre procurou as ter. Mas as tinha. Ele sempre fez. Sabia fazer do seu jeito limitado. Fez nos seus limites. Tudo. Ele sabia esconder suas verdades internas de angústia e tristeza ao longo do relacionamento, e se comunicava doentemente com seu inconsciente. Ela não tinha tempo para ler as dores dele. Ele sabia: qualquer chantagem atua na fraqueza da pessoa. Ela atua em minha fraqueza. A dele era a dor alhea, a compaixão.
Demorou para arrancar de sua alma tanta preocupação do outro. Refletiu sorrindo.Terminou o conhaque. Recusou outra dose. 
Ele sabia a vontade louca dela da expressão "absurdo!". E se ela dissesse algo, ele simplesmente faria o que nunca fizera antes: ignoraria. Provavelmente ela não fala mais nada, refletiu. Iria embora. Em meia hora. Pouco mais das oito. Marcou às nove. Ele não queria nem ouvir dela quaisquer razões.
- Absurdo!, ela disse, em seguida, batendo o copo na mesa. Derramou cerveja.
Ele se levantou. Era uma festa pequena. Amigos ao redor nem desconfiaram. Foi estratégia dele. Terminar rodeado de testemunhas ocultas. Ela se sentiu insegura. A verdade era outra agora. Ela quis gritar. Acusar o mundo. Não! Não!, respirou profundamenteEla engoliu a calma dele. Ele se levantou da cadeira. Nem adeus, nem boa noite, nem coisa alguma para ela. Despediu-se da festa do amigo. Seu coração em total paz. Nem olhou para trás. Dor alguma. Preocupação nenhuma. Sua vida de volta. Ela, por sua vez, continuou bebendo cerveja. "Canalha!", sussurrou indignada. Ele? Ele não. Era um homem totalmente apaixonado agora.
- Meu amor, estou saindo mais cedo do churrasco. Chego aí oito e meia, deixou uma mensagem de voz.
Um homem verdadeiramente apaixonado. Entrou no carro. Ligou o rádio. "Eu preciso dizer que te amo". Cazuza. Amou a canção. Partiu e foi lá buscar parte de sua verdadeira felicidade. E pensou naquela noite em pedir mão em casamento de sua amada para todo sempre.

Perder a Capacidade de Amar

Quando perdemos a capacidade de amar, não implica necessariamente falta de vontade de amar, ou mesmo de insensibidade de frieza e indiferença ao próximo. Somente não conseguimos realizar aquela ideia de amor com facilidade. Não iludo quem quer que seja. Quero amar, mas creio ter perdido a capacidade. Amar coloca em perigo a liberdade recíproca. Destruindo inclusive as ilusões e expectativas recíprocas. Começo a suspeitar que tenho perdido a capacidade de amar em nome de minha liberdade e falta de ilusão. Faço uma ressalva, claro. Perdi a capacidade de amar e de querer ser amado também. Porque ser amado é uma permissão que damos a uma vontade alheia a nós que nos quer. Não amo e não permito que me amem. Cabe a nós alimentar ou simplesmente estancar qualquer fonte que nutre o amor por nós. Temos de ter enorme desprendimento. Sem alimento, o amor nos amando enfraquece, definha e morre. Claro que eu temi estar entrando em depressão. Estive refletindo bastante nos últimos meses sobre esta hipótese. O que estaria acontecendo com meus sentimentos? O fato de não estar conseguindo amar implicaria eu não conseguir amar a mim mesmo? Ou estou desaprendendo os sentimentos, ficando apático e indiferente a eles? Essa possibilidade é real na vida humana, a apatia. Não é falta de felicidade, nem de tristeza. Ainda que tanto a apatia quanto a felicidade possam ser reais. Assustadoramente reais. Depressão é apatia aos próprios sentimentos incapazes de existir em nós como antes. Voltar a ter depressão é quase que impossível à luz do meu tempo de vida atual e da autoconsciência da vida que tive, que tenho e que pretendo ter. Todo cuidado é pouco. Sofri depressão por quatro anos quando adolescente e início da minha maturidade. Não sabia o que aquilo era claramente. Nem eu, nem familiares e amigos. Terminaram-me tachando problemático, desajustado, antissocial. O tempo foi o senhor de tudo. O tempo esteve no controle. Particularmente, aprendi a amar a Deus nessa época. Superei o desconhecido. Dominei o desconhecido. Por temor que eu tenha, sofri demais para permitir sofrer novamente. Minha falta de capacidade de amar não vem de depressão, nem de melancolia, nem de tristeza, nem de apatia. Estou fugindo do amor por medo de sofrer o desprezo? Pouco provavelmente. Acho que não me preocupo mais com o que pensam de mim. Quero dizer, adoro viagens emocionais, expondo-me a muitas delas. Desde que sejam novas e sinceras. Refiro-me, por exemplo, se for convidado, a uma roda de fogo, com batuques e movimentos corporais. Vou. Batuco. E até danço. Fecho o ciclo sem ser mais ou menos do que eu era, senão nova experiência. Um dos grandes desconfortos na alma de quem escreve é não querer transmitir o que não agrega a quem lê. Inclusive o radicalismo poético de um recado simples, feito "eu amo você" pode ser mal interpretado. Se eu amar, certamente a pessoa quererá exclusividade emocional se ela me amar. Claro que não é bem assim. Por isso mesmo não me engano ao criticar a minha falta de capacidade de amar. Não é bem não amar. É desistir de continuar amando assim que o coração acelera e a mente começa a não se esquecer. Respiro e controlo-me. Exclusividade a mim mesmo é algo que quero. Não desejo roubar pessoa alguma dela mesma. Recolher-se em si mesmo tem um preço. E para pagar essa fatura de independência emocional estou relativamente bilionário. São os anos de muita vida emocional.


segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Ser bonito e interessante, e gastar menos energia

Um amigo meu, muito inteligente, me perguntou o que ele tinha que fazer para ser mais bem articulado. Mas a questão que ele propôs era mais intrigante do que ele pensava, porque ele é articulado. Ele tem um bate papo normal, sabe polemizar, é viajado, tem raciocínio rápido, é amador em esportes radicais, é shaper profissional, é empreendedor de entretenimento, tem um porte físico naturalmente atlético, faz sucesso com a mulherada e se dá super bem com a rapaziada. Mesmo assim, a questão que ele levantou, como se contrapondo à minha situação, uma vez que eu fui levado para o mundo da arte, sobretudo da escrita e consigo ser articulado dando minhas aulas e palestras, essa questão proporcionou uma observação no mínimo polêmica.

Fui bem direto em minhas observações e a primeira que disse que ele para ser mais articulado seria necessário ler, começar a ler muito, ler diariamente. Não me refiro a textos como esse que escrevo agora, nem a notícias de jornal. Pensava na leitura de livros, porque exigem disciplina e quase que estudo analítico do que se está lendo. A leitura de livros provoca a exigência da atenção, bem como do cuidado de ler e reler o que não está claramente compreendido. Muito comum, inclusive, reiniciar capítulos inteiros para não perder o foco. Disse isso a ele, mas sabendo que a leitura em si não articula ninguém, uma vez que milhões leem e são tão introspectivos quanto uma pedra.

A reação dele foi de um pequeno silêncio. Mesmo assim, ele não se convenceu muito. Afinal, como disse, ele é inteligente, comunicativo, articulado para o seu propósito. Não consigo vê-lo dando palestras, falando em público, arrebatando a plateia. Essas coisas. Mas num bate papo, rolamos horas e horas de assunto dos mais díspares, da política à economia e, claro, muito sobre o comportamento humano, sobre mulheres, desde aquelas que nos fazem apaixonar àquelas que são independentes e amam apenas curtir.

Eu fui um pouco mais específico no perfil dele do porquê ele não precisava se preocupar com aquilo. Mesmo porque, ele me perguntou também se haveria algum problema mais específico em sua incapacidade de ser mais articulado e extrovertido do que já era. Como disse, ele tem o perfil do inteligente e articulado - e posso dizer que ele é das pessoas mais inteligentes que conheço. O detalhe é que abri o olho dele sobre sua personalidade, porque socialmente ele é uma pessoa muito agradável. Amigos e mulheres gostam da companhia dele. O cara é do tipo boa pinta, e gasta quase nada de energia para ser convidado a festas e sair com as mulheres, uma vez que geralmente são elas que dão em cima dele. Diferentemente de mim, que tenho que ser primeiro interessante no que falo e escrevo, para as mulheres me acharem interessante. Ou seja, sou obrigado a gastar energia em demasia naquilo que esse meu amigo praticamente fica imune. Eu disse isso a ele:

- Cara, você é boa pinta, esportista, músico, gente boa com todo mundo. As pessoas têm prazer em cercar-se de você. Elas gostam de estar ao seu lado, ter você por perto, fazer parte de seu círculo de amizade. Sua imagem e jeito de ser agregam nelas um prazer, consciente ou inconsciente, que talvez você não tenha muito claramente. Ou seja, seu gasto de energia para as relações humanas não precisa ser igual aos meus. Eu tenho que ser interessante no que falo e escrevo, por exemplo. Você, a sua companhia, já atrai as mulheres e amigos. Você não vê necessidade de gastar energia para ser mais articulado para ter uma boa vida social. O que você é em si já lhe proporciona esse bem-estar emocional, que todos desejamos.

Para eu saber se a pessoa concorda ou não comigo eu reparo no desvio do seu olhar por segundos, para o infinito, como pensando, sem responder nada. Aconteceu com ele. Sua única observação foi um "pode ser" resignado, como se a observação "uma vida social com bem-estar emocional" já traduzisse a verdade de vivermos nesse mundo com pessoas que nos querem e nos querem bem. Ainda observei o mal que a beleza faz em muitas pessoas que descobrem o poder que o belo provoca no mundo. Digo o mal porque o belo sem controle é tão firme quanto o vapor. Temos interesse no belo, na pessoa bela, pelo prazer que nos causa. Por sua vez, ela sendo uma pessoa amada e amável, sentindo-se amada, querida e requisitada, inconscientemente ela prefere gastar menos energia em outras tarefas, como estudos mais árduos, que exigem muito de nosso cérebro, e curtir sua vida agradável para si e para as pessoas que a cercam. Não é diferente com este meu camarada. Ele é assim. E não vejo nada negativo em ser assim. Negativo é desprover-se de discernimento e autoconsciência.

O bom nessa nossa vida tão breve nesse mundo é saber quais são nossos limites, nossas virtudes, vícios e defeitos. A harmonia, que eu chamo de autoconsciência, desses quatro pontos leva-nos à satisfação pessoal de viver, que eu chamo de real felicidade. Vale para mim, cuja virtude tem sido dedicar-me à leitura e estudo para que eu aprimore tanto minhas aulas quanto meus escritos, já que admito meus limites, meus defeitos e meus vícios (analisar comportamentos mentalmente é um deles!). Projetar no outro o que gostaríamos de ser é saudável, desde que não nos anule. Nesse sentido, esse meu camarada me acha um cara muito inteligente, culto e articulado. Companhia agradável. Eu vejo nele o que eu gostaria de ser para não ter de gastar tanta energia para conquistar as mulheres. Quem ganha mais, claro, é ele. Eu apenas atenuo meus limites. Ele agora compreende mais ainda sobre si mesmo porque não precisa se preocupar com coisas, que não são necessárias à sua vida pessoal. Inteligente, como disse, ele é. Muito mais do que eu. Eu apenas me esforço. Nesse sentido não sei se eu estou sendo humilde, irônico ou sarcástico. Mas sincero eu estou sendo.                      






domingo, 10 de dezembro de 2017

Mulher apaixonante

Tem umas minas aí que, a gente que é sensível, com pretensão de poeta, se segura para não compartilhar a foto e dizer "mulher apaixonante é assim!" Bem, elas sabem. Elas sabem ser amadas, ainda que quem elas amam não corresponde. Paradoxos da vida, que é o tempero de nossa miséria fugaz e colírio para enxergar melhor nossa solidão.

O suicídio

Lendo o capítulo Suicídio, do livro O Demônio do Meio-Dia, houve agora há pouco uma singular coincidência ou belíssima sincronização. Uma querida conhecida, com quem conversei durante meses, teve algumas tentativas de suicídios e surtos de depressão por anos. E ela é das pessoas mais lindas que já conheci. Um dos momentos talvez mais delicados de sua vida foi a sua separação no entre 2014 e 2015. Do meu jeito de ajudar as pessoas, que algumas já conhecem e sabem, fui levando-a para uma ideia possível de que a dor é enorme e mais constante do que imaginamos, e por isso um único dia de alegria faz toda diferença ao logo de anos de sofrimento. Eu estava distraído, lendo na areia da praia. Ouvi a voz dela. Eu a olhei passando na minha frente com um namorado e fiquei feliz. Continuei em minha leitura. Uma hora depois peguei minha cadeira de praia e me desloquei uns vinte metros de onde ela estava. Aquilo que nos faz felizes devemos manter a certa distância para não profanar. Que ela não saiba que eu estou feliz por vê-la feliz dentro de tantos momentos de dores que todos passamos. Como disse, sincronicidade ou coincidência.

Somente com papo intelectual

Uma vez saí com uma jovem bem inteligente, bonita e mente aberta. Ela havia se encantado um pouco com meu livro e gostado do meu jeito. Fomos ao cinema ver um filme cult. Antes porém tomamos café e conversamos muito. À certa altura ela revelou-se surpresa comigo.

- Por quê?

- Achei que você iria ficar somente em papo intelectual, literatura, filosofia e tal. Me surpreendeu.

Claro que até então eu estava normal. Depois que ela falou isso, eu elogiei-lhe os lábios e tasquei-lhe um longo beijo para arrebatar de uma vez a surpresa. Se encantou um pouco mais eu acho. E ela tem dos lábios mais belos que já beijei. Tenho saudades dela...

O Cérebro que se Transforma

Estou ansioso para continuar a leitura do livro da foto abaixo. A introdução de cinco páginas me cativou muito. Depois de dois dias em São Paulo, voltei para minha casa aqui em Cambury com o cansaço habitual da viagem e do trânsito e Norman Doidge no porta-luvas. Disse à minha mãe que no domingo, eu passaria o dia todo à praia. Tomar o sol necessário, que tanto gosto, repousarei minha reclusão misantrópica, mas o que eu tenho em mente é ler rapidamente O Cérebro que se Transforma. Já vou folhear agora pela madrugada.

sábado, 9 de dezembro de 2017

Poeminha

Resta pouco a todos presentes.
A mim, amar não mais ilude.
Só quero o desejo de ir
Livremente a muitos lugares
Povoados em minha mente.
O sabor, que ilude, extasia,
Sonhamos a dor do amanhã,
Qual silêncio amigo no escuro,
Desperto em ressaca moral.
Desencontro traduz temor

De onde vêm as coisas belas?

De onde vem as coisas mais belas da vida? Vem das verdades. A verdade compartilhada engrandece. Quando um mente, o outro se engana. Ambos tem sua parcela de culpa. Ambos tem sua fragilidade. Ambos são condenados. Ambos são perdoados. Não importa tanto porque são ambos.

O olhar interesseiro que mede sua riqueza de um lado e a sua nobreza do outro, é totalmente diferente, para não dizer díspare, que dá elegância de intelectualidade e admiração.

Algumas verdades são duras para pessoas pobres de tudo. Uma delas é que se aguenta com facilidade a fama e a riqueza alheias sem uma gota dr amor, afeto, ternura. Inclusive a beleza cria outras formas quando a vida alheia pode proporciar o que a própria vida tem privado com dureza.

Ter interesse, faz parte do momento de ser feliz com ou sem autenticidade, com ou sem sinceridade, com ou sem autonomia, com ou sem caráter. E da parte de quem observa, se faz de tonto, come o capim na intenção inclusive de salvar o boi do abate. Exatamente. Da parte de quem observa, a peneira seleciona e separa e cataloga e faz cuidadosamente os sorrisos interesseiros sorrirem eternamente na sorte de uma inocência julgar verdadeiro e acolher para ser espoliado. Gosto de agradecer a Deus a inteligência que me deu para me proteger com pouco esforço e gasto de energia. Ter um coração bom traz estes privilégios de ser cuidado por Deus. Não pela inocência. Simplesmente por saber que a vida passa e ademais é tudo vaidade. Há quem se engane por ilusão. Ilusão apenas. Mas vítima fácil quando acha que pode, mas não vai poder. Aquilo em que não se encontra verdade, são eternas histórias de eternos vazios...

A verdade traz belezas...

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Alguma vez o amor terminou em seu coração?

Alguma vez o amor já terminou em seu coração? Provavelmente não. O que ocorre é que amores aparecem aos montes e se sobrepõem. Ainda mais amores espirituais em que a alma gosta demais da presença daquela outra alma. E não tem idade nem beleza. Há vontade de estar junto e ser lembrado constantemente para não ser esquecido. Uma foto. Um áudio. Uma canção. Um verso. Uma palavra. Admito, como alma aberta, que meu coração vive agora de um incipiente amor. E sem que nossas almas se comuniquem com ternura e afeto, ainda que se busquem. Parece que não há atropelo. Nem sei quanto tempo durará. Porém, ele, este amor, me parece tão meigo. Eu tenho para dar o que a pessoa quer receber e eu quero dar o que eu tenho e ela quer receber de mim o que eu tenho, como um vício positivo. Uma comunhão. Parece sim uma troca. Eu gosto deste sentimento. Gosto de sentir, aliás, coisas boas. Há momentos que saber os atalhos da alma causa um amor mais arrebatador do que a beleza e a fortuna. Somos humanos. Carentes de essências para viver acolhidos em nós mesmos. Podemos comprar o mundo e olhar e ter as perfeições mais lindíssimas. Quem, no entanto, aguenta a solidão na escuridão de um quarto sem uma troca de essência? Neste momento, considera-se a essência e é neste momento também que as almas tem valor. É bom gostar. Sentimento que se renova e nos renova. Eu estou gostando, por hora, de uma simples ideia apenas. Uma ideia em minha alma. E sei que está gostando de mim. Faz parte. A vida caminha assim. Desde que haja bontade, eu creio, seja válido.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

A mente e suas coisas específicas

Tudo o que eu tenho lido sobre o cérebro humano - sobretudo pesquisas de cognição evolutiva - demonstra que nosso córtex é dividido em grupos de neurônios - digamos grupos de cinquenta a cem mil neurônios - e esse grupos geram funções específicas para nossa percepção de mundo. Exemplo. Existe o grupo de neurônio da "profundidade" da visão. Se perdermos esse grupo em uma hemorragia, perdemos a capacidade específica da profundidade ao olhar - o que é incrível. Outro exemplo. Há pesssoas que sofreram derrame. Elas sabem escrever normalmente, mas não sabem ler, ou seja, não reconhecem mais as letras para ler. Como elas têm o movimento da escrita na mão, sabem escrever. Se imaginarmos que temos talvez milhares de percepções específicas, então temos milhares de grupos e subgrupos de neurônios cujas funções são espetacularmente específicas. Se a unha do dedão coça, vários grupos específicos para esse fenômeno são acionados simultaneamente em nosso cérebro, que respondem a esse estímulo. O incrível é que essas especificidades têm explicado de modo bem lógico os fenômenos absurdos em nossa mente, na relação mente x corpo, e a nossa interpretação filosófica e psicológica dessa relação. Antes de serem descobertas as especificidades das partes de nosso cérebro e seus circuitos neurais, tudo era hipótese e achismo, tanto na filosofia quanto na psicologia. No futuro, todos sistemas filosóficos metafísicos (que são os especulativos) não mais servirão para aprendermos seriamente questões como "por que pensamos", "como sentimos", "o que é a sensação", "onde fica a ideia", "o que é o pensamento" etc. Essas minhas leituras sobre neurociência, porém, nada têm de muito sério hoje em dia. A não ser que me divertem e me incentivam para meu futuro doutorado. E algo secundário dessas leitiras é que posso ser um melhor professor ao dar aulas. Ser professor é mais saber ensinar do que ter o conteúdo. Eu adquiro conteúdo há muito tempo e ensino. Na sala de aula, saber quais estímulos específicos usar na mente dos alunos é sem dúvida muito motivador para eles, que buscam aprender. A maioria aprende. Uma outra coisa, que é até irrelevante sobre essas minhas leituras sobre neurociência é que me protejo das pessoas que dizem que estudam cognição, dão palestras, se autopromovem etc., mas sabem muito pouco a respeito, a ponto de eu ficar até com dúvida se elas de fato leram a respeito. Bem, pode ser que elas saibam, mas não sabem ensinar. Mesmo assim, eu fico com dúvida. É que são inconsistentes seus ensinos sobre neurociência e cognição se comparados com os que eu venho estudando. Gosto de ser sério. Sou um bom professor, sou um bom escritor, sou um bom palestrante. Dizem que sou ótimo. Eu agradeço e prefiro apenas ser bom. Acho que não me seduz mais a vaidade, nem a beleza. Prefiro existir em paz e feliz. Minha forma pessoa de felicidade. Gosto de compartilhar minha felicidade.

Provocação: o que fazemos para dar certo?

Provocação polêmica para nós, solteiros.

O que nós somos e o que nós fazemos para dar certo ou errado em um relacionamento? E ainda o que deixamos de fazer? Digo por mim, em relação ao que eu deixo de fazer. Muitas vezes deixamos de fazer em resposta involuntária sobre o que de fato queremos. Triste é apenas o sofrimento da solidão. Por outro lado, não existe liberdade sem solidão. Sei que mais triste ainda o é quando é a solidão que leva ao auto-aprisionamento da alma. Fico atualmente esquisito de compartilhar essas reflexões, porque elas não me pertencem mais, por muitas razões pessoais. Mas ela está aí para um ou outro espelho da alma, minha, sua, do outro.

Você escreve pra...

Depois de 100 páginas de Memorial de Aires, não reconheço Machado de Assis nele. Ou talvez seja realmente o Machado não romancista. E falando em romancista, neste sábado um conhecido me disse que vem lendo muita literatura estrangeira, do tipo Camus, Doistoiéviski. Minha surpresa é meu amigo dizer que minha literatatura, o que eu escrevo, não deve muito a eles, e que no fundo começa a considerar a minha até superior, do tipo:

- Você escreve para caralho!

E aí devo ligar a tecla do foda-se e admitir como meu casamento aos 24 anos, que durou 15 anos, me fez terminar lavando louça, limpando casa e fazendo comida, e me limitou demais do intelectual que sou, e como a mulher com quem me casei fez mal a mim e a um dos poucos sonhos que eu tinha em minha vida: ser mestre, doutor, escritor, e que, em função da minha separação em 2014, posso buscar meu espaço aos 41 anos com a certeza de que as pessoas que dizem que o amam no fundo mais prejudicam você por interresse. A mediocridade culpa os outros pelos seus próprios fracassos. No meu caso, não sou medíocre. Nunca fui medíocre. Creio que devo dar a mim mesmo este meu espaço agora, apesar do atraso que a mulher com quem me casei me fez viver. Um foda-se para muitas coisas será necessário.

Deixo o julgamento para quem me dará razão, porque me ama mesmo, e para quem me condenará como destilando rancor e mágoa, porque somente me quer machucar porque não terá o meu amor do jeito que ela quer. Meus livros e personagem falarão por si em muito do que do eu silenciarei.

Possível história

Vinha agora de carro para casa. Minha prima acompanhava-me com seu carro atrás de mim. Fomos levar algumas sobrinhas e as amigas delas para uma festa. Segunda-feira aqui em São Sebastião tem dessas coisas que nos fins de semana não se vêem para os locais. Aprendi que para os moradores meio que funcionam as atividades de terça à quinta. Mas na volta me inspirou um conto, uma pequena história. O enredo seria fortemente psicológico entre dois personagens, cada qual em seu carro, a rodovia e os desejos ocultos na mente de um deles. O término seria assim:

- Não me incomodou não seu pensamento trágico. Era uma necessidade que a sua mente precisava, mas que no fim você sentiu remorso e se arrependeu. Vamos pedir a pizza?

A história seria muito boa. Descreveria a noite, a pista límpida, a lua minguante com literal céu estrelado. Carros cruzando-nos e ultrapassando-nos. A perspectiva da ação viria de uma das mentes dos dois personagens, que ao final conta o que desejava que acontecesse com o outro: um desastre de carro fatal. A força psicológica pertubaria de modo intenso o leitor. O desejo ardente de uma mente perturbada tendo necessidade nebulosas e trágicas na vida do outro ao passo que a outra divagava na escuridão do caminho que seguia, absorto nele.

Mas, ao invés de escrever, refleti agora sobre a construção do enredo que não vou escrever. Algumas hipóteses por não fazê-lo podem ser a falta de motivação, ânimo e preguiça. Eu creio, porém, que há algo menos óbvio, e esse algo menos óbvio para não escrever é que enredos com apelos psicológicos me agregam muito pouco na construção do mundo em mim. Deve ser um pouco de prepotência minha por me achar demais intuitivo. Parece muito simples. Sei que só aparenta. O ser humano transborda detalhes. Na mente humana é onde tudo de cultura essencialmente humana acontece. Somos a cultura que vivemos e imaginamos.

Ópera

Apaixone-se por alguém que ama a intensidade emocional de uma ópera. Será mais feliz com ela do que com quem - para ter intensidade emocional - precisa se olhar no espelho com maquiagem, decote, seios fartos, ou precisa sentir o som do carro e do motor, em hamonia com o relógio e o cabelo penteado. Os anos farão aquela que ama ópera uma apaixonante compalheira. Fora isso, sinta o sol e o vento e a água existirem.

Sons do mar

Ouvindo mais atentamente o barulho das ondas do mar e o agito das águas (e perguntar não ofende), será que esse som nos causa tanto prazer e paz por nos lembrar lá em nosso inconsciente os possíveis sons de tempo de nossa vida uterina? Ou qualquer tipo de vibraçã que seja! Bem, é que, diferentemente de qualquer som repetitivo (inclua aí mais bela música, que cansa), eu jamais me canso de ouvir o barulho do mar e tenho enorme prazer. E também nunca testemunhei quem quer que seja sentir-se pertubado, do tipo "que som irritante" ou "está me dando dor de cabeça essas ondas quebrando". Desafio aceito.

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Depois de amar

Adoro o livro chamado Eros e Pathos - Amor e Sofrimento. Todos, que amam psicanálise, psicologia, que gostam de entender os sentimentos e a alma humanos etc., deveriam ler este livro. São ensaios de poucas páginas que discutem temas como solidão, corpo, sofrimento, ilusão, desilusão, fuga, verdade, traição, sedução etc - o índice abaixo. Particularmente, uma questão que eu sempre coloquei para mim mesmo, como escritor e professor, era a função da psicanálise e do psicanalista. Hoje eu sei a importância. Mas nem sempre foi assim. Descobrimos a importância de algo quando nossa fraqueza depende daquele algo. Aliás, nesse sentido, sofrer por amor é uma descoberta contraditória: é importante, mas nos torna mais fracos e dependentes. Por outro lado, depois de superar o amor, nosso mundo emocional vive firme feito rocha. Ontem ouvi a canção do Raul Seixas que diz "ninguém nesse mundo é feliz tendo amado uma vez". Quem já amou, certamente sofreu. Quem ama, sofre. Quem amou e hoje tem o sentimento amor tão claro como o frio e a fome, sabe o que é ser feliz. Ama a paz e não as pessoas que trazem conflitos e desasmonia. Superar amor é uma das sensações (não chamo mais de sentimento), e não a única, que depois dela, todas as demais dependência emocionais são pequenas. Quem superou o amor nem mais se preocupa com ele. Como o Neymar que sabe que comprará o que quiser. Ele não sabe mais o valor do dinheiro. Já me perguntaram sobre a importância de se ir a terapeutas. Hoje eu acho importante. Antes não achava. Eu nunca fui a um psicólogo. Deveria ter ido quando jovem. Tenho convicção de que seria fundamental para me ajudar a organizar minha mente e me consolidar escritor. Essa organização anteciparia toda minha atividade literária. Algo é começar a ser escritor lido aos 23 anos. Algo é começar a ser lido depois dos 40. Reconheço-me começando escritor a partir de 2014, quando publiquei Contos Suaves, ainda que eu escreva desde meus vinte anos. Mas eu não sabia da necessidade de ir a psicólogos para análises etc.,- ainda que eu tenha tido experiência da enorme importância deste profissional em minha vida. Eu era ignorante, sem orientação. Superei. Abaixo de Deus, ler poesia e escrever poemas me salvaram. Mas tudo isso por causa do trecho do livro Eros e Pathos, que é bem esclarecedor a quem sente a vida, analisa a própria alma e cria capacidade de traduzir em palavras suas sensações:

"Os poetas não têm necessidade de estudar psicologia ou psicanálise para exprimir, com linguagem sintética e particularmente eficaz, as profundas verdades do nosso ser. Nós, como psicólogos, aproximamo-nos da alma permanecendo do lado de fora; o poeta dela se aproxima no interior."

EROS E PATHOS - Amor e Sofrimento.

Gosto de previsão

Gosto de previsão. Saber o que pode acontecer em um, dois, dez anos. Nada, porém, de ser oráculo ou advinho. Somente intuir cenários futuros. Não gosto de futurologia porque soa exotérico e eu não sou exotérico. Sou menos do que isto. É ciência. Psicólogos bons são muito bons nisto. Empresário de antigamente eram experts. Meu alcance é limitado a minha vida pessoal, a pessoas que me cercam. Já ouvi algo do tipo "faça uma profecia sobre mim!" Eu ri. O riso fez a intimação pilhéria e minha previsão inválida. Oráculos prevêem sisudamente. Admito minha dificuldade com as pessoas por este motivo. Vejo aquilo que ela não gostará em mim por mais que ela diga que goste de tudo em mim. A convivência atenua todas as paixões. Fica o espiritual que está na arte. Comer e beber são artes. Viajar, passear, consumir são arte. Os prazeres que o dinheiro traz podem ser arte. Quando a arte desaparece fica tudo aquilo que sobra de um relacionamento: comer, beber, passear viajar, consumir. Para muitos é o suficiente. Para mim o superficial.

Convidativo

Acho que desde fevereiro não parava em um bar, pedia uma cerveja, num calor convidativo. Eu o fiz agora, depois de terminar a minha aula. Aliás, li ontem a palavra "convidativo" para meus alunos. A expressão "uma manhã convidativa" ao lermos Memórias Póstumas, quando Brás Cubas acabava com a coxa. Não expliquei o sentido exatamente. Convidativo vem de convidar. Convidar é chamar para ir. O calor de hoje me convidava para tomar uma cerveja. Eu vim. Tinha que ser assim, em um bar, música ao vivo, que toca um sertanejo raiz, tipo "nossa senhora, me dê a mão" etc. Aliás, essas canções nos leva às nossas avós, que foi um período legal. As minhas faleceram há muito tempo. Também tenho meus 43 anos. Muito raramente, nessa idade, temos avós. Em compensação, temos filhos e sobrinhos, e com eles as gerações vão se sobrepondo umas às outras. A vida humana parece eterna aos olhos do agora. De nosso agora. Ilusão boa. Já disse a algumas pessoas que tenho vivido o momento mais feliz de minha vida, nesse agora. Bem certamente porque escolhi quem devo amar e com quem me preocupar. Nesse sentido, as pessoas da minha idade, querendo crer na fonte da juventude através do amor, perdem muitas chances de viver pequenas e curtas, mas intensas e sofisticadas, experiências e sentimentos. Eu não perco as breves e marcantes experiências - desde que enriquecedoras. Na mesa de bar, ouvindo "no rancho fundo, bem para lá do fim do mundo", me inspirando e sendo expirado, marca, como marcou tantas vezes. A dica é: não tenha medo de experiências, se as achar boas, belos, bonitas, bem-vindas sempre.

Gosto de previsão

Gosto de previsão. Saber o que pode acontecer em um, dois, dez anos. Nada, porém, de ser oráculo ou advinho. Somente intuir cenários futuros. Não gosto de futurologia porque soa exotérico e eu não sou exotérico. Sou menos do que isto. É ciência. Psicólogos bons são muito bons nisto. Empresário de antigamente eram experts. Meu alcance é limitado a minha vida pessoal, a pessoas que me cercam. Já ouvi algo do tipo "faça uma profecia sobre mim!" Eu ri. O riso fez a intimação pilhéria e minha previsão inválida. Oráculos prevêem sisudamente. Admito minha dificuldade com as pessoas por este motivo. Vejo aquilo que ela não gostará em mim por mais que ela diga que goste de tudo em mim. A convivência atenua todas as paixões. Fica o espiritual que está na arte. Comer e beber são artes. Viajar, passear, consumir são arte. Os prazeres que o dinheiro traz podem ser arte. Quando a arte desaparece fica tudo aquilo que sobra de um relacionamento: comer, beber, passear viajar, consumir. Para muitos é o suficiente. Para mim o superficial.

Não gosto de Nietzsche

Eu não gosto de Nietzsche. Tanto que nunca sei como se escreve o nome dele corretamente. Eu li boa parte dos livros que ele escreveu. Acho bacana até. O que mais gostei foi o Origem da Tragégia através da Música. Por outro lado, eu acho divertido ler Nietzsche. Ele tem umas sacadas de efeito que agradam. Não é tempo perdido. Aliás, pelo contrário. Se Nietzsche tivesse ido para a ficção, para o romance, como ele tentou em Assim Falava Zaratrusta, eu acho que teria sido genial. Nesse sentido, eu culpo o idioma alemão. O francês acho que proporcionaria mais narrativa do que o alemão na filosofia. Quando alguém fala de Nietzsche para mim, ou cita, eu me contenho para não opinar. Não minto sobre meu gosto. Falo que já li, que tem muita coisa bacana etc. Parece arrogância. A maioria dos julgamentos vem de alguma falha do próprio julgador. Eu julgo Nietzsche. Logo a falha está em mim. Não tenho nenhuma dúvida.

(Sei que ouvirei xingamentos...)

Ser feliz

O problema, na essência, não é ser feliz. Mas é ser feliz com aquela pessoa.  Podemos até duvidar se aquela pessoa nos ajudará a ser feliz, porque, inclusive, aquela pessoa pode nos trazer muita amargura e viveremos tristes, chateados, em dúvida. O fato é que o dia a dia, como trabalhar, resolver problemas pessoais, pagar contas, sair um pouco, viajar, ficar em casa vendo TV, ler etc. são vida encarada como normas da existência. Falta, porém, aquela pessoa. Não falo por mim. Leituras e escritas me fizeram enxergar minha alma. Gostei do que vi em mim mesmo, quase que um narcisismo emocional. Tornei-me aquela pessoa. Sou parte de uma exceção. A regra da felicidade para muito vem de fora, vem daquela pessoa. Dias desses uma pessoa, que me amou quando eu tinha 17 anos - e ela 18 -, ela me encontrou por aqui. Ela me confessou que teve muita saudade de mim e me perguntou se eu senti saudades dela. Hoje ela é casada, mãe. Eu disse que eu era um jovem, sem saber nada da vida, mas que claro que senti saudades. Não alimentei o assunto. Eu compreendo a ideia de ser feliz com aquela pessoa. Eu já quis ser feliz com aquela pessoa. Eu creio que as pessoas crêem também. No entanto, creio mais ainda que ser feliz mesmo é estar ao lado de quem nos faz muito bem. Não precisa ser aquela pessoa. Frutas e legumes nos fazem bem. O quitandeiro será mais feliz se ele for vegetariano. Do contrário levará a vida sem aquela pessoa. A não ser que seja ele mesmo quem planta e colhe e vende.

Minha paz

Uma reflexãozinha de uma tarde de praia.

Tenho vontade de compartilhar a minha paz para que possa inspirar quem nesse momento passa por conflitos que parecem insuportáveis e definitivos. As dores têm algum fim. Todas elas. Definitivas são certezas que um dia acabam. A melancolia inspira a solidão e a solidão clama reflexão. Está melancólico? Afaste-se. Está em solidão? Reflita. Por quê? Eu já fiz muitas perguntas relativas a por quês. Eu era adolescente, homem ainda sem visão de sofrimento, sofrendo a falta de experiência da dor de viver. Sofri o normal e amei o ser que a vida me presenteia hoje. Quero compartilhar minha paz para quem vive em conflito. A dor não passa de desconforto. A paz é a certeza de que amar a si mesmo e o único ato rebelde contra a morte. Vivo em paz porque agradeço ser o que sou. Não alienado. Autoconsciente. As faltas são sentidas. Somente as que merecem. Felizmente sinto falta somente de quem não precisa de mim. Mas estarei aqui sempre que eles precisarem.

Em algum canto

Em algum canto, deste vasto, mas finito, horizonte, se escondem milhares de mentes inseguras e inquietas. Elas buscam a si mesmas - envoltas em reflexões - as verdades, que nunca serão encontradas, a não ser dentro de suas imaginações. Uma vez soltos, onde aportarão tantos incontáveis desejos? A maioria se perde. A mente que admira é a mesma que se deixa apequenar. Lá longe, uma linha imaginária, que aprendemos a chamar horizonte, nunca será alcançada por quem quer que seja, semelhante à desilusão no amor que, por mais que se busque, nunca será compartilhada. Em algum canto agora há um amor que chora, outro que desespera, outro que ri das infelicidades, e do riso se faz nada e silêncio absoluto para sempre. Melhor que sentir é imaginar; melhor do que ir ao encontro do horizonte é crer nele à distância; melhor do que perseguir o amor é ser feliz na imaginação de respirar a paz da alma com nosso cérebro liberto, porque nunca se apequenerá diante da escravidão de uma dor que não lhe pertence. O horizonte não pertence ao mar, mas sim à nossa própria imaginação. Em algum canto uma lágrima pertecem ao mar agora, eu imagino. Em todos os cantos o horizonte não tem fim. É somente uma linha imaginária.

Domingo lindo

O dia está lindo. Nem para todos o dia estará lindo. Eu sei. Há pesoas, por exemplo, que nem sairão do seu quarto hoje porque estão profundamente insensìveis e anestesiadas a qualquer sentimento. Como um dia eu já estive em minha adolescência, e início maturidade. Eu estava anestesiado para alegria, tristeza, ódio e perdão. Como foi difícil ter de conviver comigo, ou melhor, com o estado de ânimo que me dominava por completo, que era a apatia, mais conhecida como depressão.. Aquilo não iria ter fim para mim, a não ser quando eu morresse, o que aliás era minha vontade todo os dias quando eu despertava. Não me importava nada. Nem a mim mesmo. Eu perdi quatro anos de minha vida nesse mundo. Perda porque eu não era dono de meus sentimentos. Um único estado de ânimo era dono de mim. Ele escravizava-me. Se eu tivesse ido a algum psicólogo, psiquiatra à época eu não sei como e o que eu seria hoje. Os anos passaram. Entrou o fator Deus em minha vida em 1994 (ateu que eu era). Aos poucos voltei a sentir emoções. Outras emoções. O momento mais catártico para mim foi quando assisti a um filme e, ao término dele, chorei. Chorei de todas as maneiras. Chorei de propósito, descontrolável, tristeza, libertação, alívio, esperança, término, recomeço. Chorei longamente. Em 1997, há vinte anos. Tinha eu meus sonhadores 23 anos. Redescobria a vida. Estava no segundo ano da faculdade. Voltei a viver. Hoje, vinte anos depois, o dia está lindo. Bom para churrasco, ver amigos, família, passear, parque, um bate-e-volta a qualquer lugar bacana. O dia está lindo para mim, e olha que eu não farei nada hoje. Nada. Verdade que moro na praia e faço dela meu bate-e-volta de um quilômetro. O dia está de fato lindo. Eu sei porquê e o nome que melhor traduz esse porquê é autoconsciência. Posso fazer Deus. Mas não gosto. Prefiro escolher. Escolher viver Deus permitir ser usado por Ele.

Novamente bom dia, desse domingo lindo.

Crítica Miguelito

Primeira leitura crítica de "Miguelito: Memórias"

"My teacher, uma vez teacher sempre teacher. Finalmente terminei de ler 'Miguelito: Memórias'. Foi por falta de tempo e o imprevisto com meu tablet. História envolvente, nos prende do início ao fim. No começo me confundi um pouco. Ora achava que estava falando já de Miguelito,ora do Padre e do Pablo. Por isso é importante um momento para a leitura. Me diverti com as aventuras do 'da finada'. Me emocionei muito. Me apaixonei pelo Padre Miguel. Mariana, mulher de sorte. Não foi simplesmente uma biografia. Amei as citações filosóficas, a cultura, as expressões do povo do norte e o querido Miguelito. Como me emocionou e me fez rir esse menino, morto, ressuscito e que se tornou monge. Muita emoção. Sabe aquelas pessoas que ficam na sua mente e que VC gostaria de conhecer, assim é ele.
Erros pequenos de gramática. Acho serem mais de digitação, que sei, já deve ou ainda vai editar. Amei a história e já estou com saudade do Padre Miguel, do Miguelito.

Parabéns Flávio, me senti como lendo obras lindas de alguns grandes escritores brasileiros. Admiro muito a sua inteligência. Que Deus o abençoe ainda mais e muito sucesso. VC merece, professor, escritor, psicólogo, filósofo, é assim um pouco de tudo ou até mais, não é?

Por Isabel

Não precisamos amar como jovens

A quem acha que depois de uma certa idade precisamos amar feito jovens. Não. Não precisamos mais. A solidão e a carência são parceiraças. É bacana companhia que vamos chamar se amor, mas não ter que ter amor para ser uma linda companhia. Acredite que podemos falar de amor, sentir vontade de amar e romantizar todas as sensações possíveis que orbitam nossa ideia de amar. Se não formos Romeus e Julietas, se não tivermos a inocência desse amor original, se não acreditarmos que sem esse amor realizado o que nos resta é a entrega mórbida para a morte, se não somos mais Romeus e Julietas, acreditem homens e mulheres experimentados, definitivamente não precisamos mais desse tipo de amor em nossas vidas. Não precisamos mais desse tipo de amor. Não devemos ser fracos a ponto de achar que sim.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Cerveja e vinho

Pensando em nada. Somente uma justificativa para a vida. Comecei a beber cerveja e vinho a partir dos 27 anos. Fumar charuto a partir dos 40 anos. Creio que a razão seja eu crer que temos permissão desde que haja algo próximo como auto-consciência. Influência por influência, gosto de compartilhar tanto os livros que escrevi quanto os livros que leio todos os dias. Assim vale para a arte de modo geral. A vida vem do sol e da água. A união enorme da vida eu dou o nome de praia. De lá compartilho também um pouco do meu olhar pessoal. Eu creio na juventude quando ela é realmente jovem. É o momento deles. Torço pelos jovens. Motivo pelo qual entendo uma mente madura como a minha encantar um pouco a juventude. Apenas encanto, porém. Auto-consciência é muito mais do que olhar para si. Ao ler um capítulo sobre a evolução da introspecção, tudo o que eu entendia por auto-consciêcia, self, alteridade, inconsciente tem um outro capítulo agora. E mais do que nunca, se antes eu gostava de viver o que eu falo e meu entendimento, hoje tenho mais razões para saber onde está minha auto-consciência, meu eu, meu self e a minha relação com o mundo e com as pessoas. E isso me encanta maravilhosamente. E continuamos em nossa viagem.

domingo, 3 de dezembro de 2017

Azedou, não há volta

As únicas pessoas em que o perdão é absoluto - para mim - são aquelas que amamos incondicionalmente, e que para mim são os nossos filhos. Os atuais e futuros pais e mães sabem ou saberão. Dos filhos, podemos sublimar qualquer mágoa, qualquer dor, qualquer rancor, qualquer decepção, qualquer sentimento destrutivo ou negativo. São filhos! Ao menos, sou assim, e funciona para mim. As demais pessoas, que amamos, não se encaixam nessa categoria do perdão absoluto - ao menos para mim. Claro que perdoo, porque não custa nada, e perdoar faz bem a si mesmo. Mas jamais será a mesma coisa um perdão diante de uma decepção. Eu brinco de amar. Brinco de amar a Ju, brinco de amar a Ka, brinco de amar a Rê, brinco de amar a Eli, brinco de amar a Ta, a Da, a Fla, a La, a Va, e por aí vai - sem falar daqueles do passado, já inexistentes. Mas não há mais volta para o que um dia teve mácula, e a dor remoeu de modo confusamente interno e forte a pureza da poesia que havia, que mergulha profundamente nesse abismo mortal chamado solidão humana. Brinco de amar para me divertir com os textos que brotam das minhas emoções de escritor. Do momento da discórdia em diante, o que se espera do amor? Não me refiro ao gosto do patê na torrada, do cheio do perfume, da temperatura da água no chuveiro. Refiro-me à tentativa do jogo emocional e psicológico, muito constrangedor para a sensibilidade poética. O jogo psicológico cai muito bem nos palcos, no drama, nos teatros da vida. O lirismo, porém, defere em grau. Difere ao enxergar o amor transcedental no sorriso da pessoa amada. Quando se perde o lirismo, pulveriza-se a sua ausência na disputa do eu com o outro. Explico melhor, quando perdemos o lirismo do outro, não existe presente mais com ela. Somente o passado lírico. Acabou o presente. Começou a tortura emocional. Lirismo é alma buscando alma, sem certezas pessoais, senão entrega recíproca. Acabou esse lirismo, a poesia continua como sonho, ilusão, fuga, evasão, refúgio e como forma de zombar de si mesma - herança do romantismo. Certa vez, num desses amores pregressos que tive, ela me disse um caso de umas cócegas em sua barriga. O cara sem noção. Sua barriga tinha sido atacada por dedos constantes de cócegas - uma sensível parte de seu corpo, as cócegas na barriga. Era namorado dela. Disse-me ela que foi tão insistente e sem noção que ali ela soube que "Deus me livre uma pessoa assim!" Eu entendi. "Sem noção." A partir daquele momento era só uma questão de tempo para livrar-se. Infelizmente, para algumas pessoas, funciona assim o término. Pode haver o bem-querer, mas não há mais o tal do perdão absoluto, da vida nova, do recomeçar. Os desavisados insistem que pode dar certo. Raramente dá. Os já cansados e maduros dão um auto pé-na-bunda em si mesmos e saem pelas portas do fundo, jurando para todo sempre o amor que tive, que de fato houve, mas não tem aquilo que o torna absoluto: o perdão. Eu sei que cometo exagero sobre perdoar incondicionalmente os filhos, mas eu falo exclusivamente por mim. Da mesma forma que eu exagero ao dizer que depois que se azedou o relacionamento, não há mais volta, porque eu falo também exclusivamente por mim. Entre uma coisa e outra, prevalece o equilíbrio. Algo que depois que aprendemos a ter, exercitamos a cada momento de nossas vidas.

Adeus (poema)

Adeus, meu adeus, volto logo.
Um dia verei em seus lábios,
Soltos aos ares da vida,
Verei a saudade nos ares,
Não faço do amor o apego.

Adeus, adeus, para mais,
Não mais, nunca mais o apego
Nunca mais verei em seus olhos
Soluços despertos de mim,
Fui o pouco que resta assim,
Adeus, adeus, volto logo.

Desperto, silêncio, aflito,
O adeus apett

Renata

O texto abaixo dediquei a um importante e marcante pessoa em minha vida, a Renata. Ela fez a introdução do meu livro. Tenho grande saudade dela. Não nos falamos mais e as razões são obscuras. Ela faz parte daquele sol particular que ilumina-me a alma e minhas doces memórias nos momentos de íntima melancolia. Digam a ela - de alguma forma - que ela é a minha Amada Imortal, aquela que estruturou a minha alma desde sempre...

À minha amada imortal

Por um momento pensei em você. Em todas as nossas cartas por tantos meses contínuos. Mas antes de prosseguir estas palavras, persitem em minha mente as suas palavras outrora recentes: "tentar reviver tempos quando éramos adolescentes." Por mais que possa ser fácil e óbvio enxergar uma meia idade, como a minha, o ridículo de reviver o que teve a sensação de momentos erredios, me cativa demais. Eu gosto tanto de sentir-me existencialmente vivo a ponto de não sentir falta alguma dos versos do Fernando Pessoa niilista. Eu revivo meu passado com o mesmo primeiro beijo adolescente que nunca dei em você. Nunca nos beijamos. Se passado, nostálgico; se futuro, sonhador; se presente, ridículo. Tenho saudades deste ridículo adolescente, e não por falta de presente intenso e nem ausência de perspectiva futura. Meus livros, meus filhos, minha separação, meus anos de casado, meu futuro mestrado e doutorado, meu próximo livro, minha vontade de resgatar as lacunas de tantas leituras, que tudo vive belamente intenso no meu olhar de agradecimento que tenho por você. Obrigado. Ainda sobra muito espaço de você dentro de mim. Estes dias, você mesma esteve em minha mente. Saudade gostosa. De agradecimento por você um dia ter segurado as minhas mãos, no meu quarto, em 1998, lendo uma carta para mim, tão íntima, tão cheia de amor, de palavras para as quais eu não estava preparado. Eu nunca estive preparado para você. Sonhava sim com você, e me entreguei ao meu destino de ser usado por quem precisava de mim. Eu até sonho acordado em tocar um dia meus lábios nos seus, mas seria egoísmo infantil e pura ingenuidade. Tocar suas mãos com a ternura que eu senti você tocar as minhas, naquele dia. Está em minha memória seus olhos trêmulos. Olhavam. Com uma decisão que tomava cheia de indecisão do que fazia. Eu vivia perdido. Tinha acabado de voltar do dentista. Você já havia seduzido a minha mãe, que se encantou com você, impressionantemente. Nunca - engraçado - eu a beijei. De certo, amaria ter feito. Nem tudo são memórias reais, porém. Algumas são estas memórias imaginadas tão reais a um esquizofrênico em seus delírios. Quero afirmar para mim mesmo que ainda tenho potencial para ser um escritor numa sociedade que pouco lê, e este escritor um dia poderá agradecer você, minha primeira leitora, quando não havia nada senão cartas. Eu sei que você torce por mim e talvez até deslizariam algumas lágrimas, testemunhando de longe algum sucesso. Claro que dependendo de seu grau de sensibilidade na época ou de ausência da sua razão e ocupações. São marcas. Minha marca em você é nosso passado que se toca. Sua marca em mim. As nossas marcas foram bonitas. Ah, creio que a vida tem sido boa para mim. Separei-me e deixei apartamento (verdade que não quitado), um carro (não quitado, mas terminei quitando), pensão generosa para meus padrões e tudo o que um homem que ama a dignidade da vida e os filhos que tem poderia deixar: a mãe deles está muito bem: formada pela USP, viagens para a Europa, Chile, EUA, várias pós, um excelente emprego e ainda jovial para qualquer amante de bom gosto e cultura. Sinto-me homem mais completo e realizado, ainda que o máximo sempre será o mínimo para a ingratidão. Saber, por outro lado, que você está em algum lugar e bem, me faz muito feliz também. Queria tanto que você lesse. Lesse estas palavras. Poder dizer que sim. Li. Confesso que eu a amei também outrora. Porém, tive medo. Medo de limitar o seu atual amplo mundo. Tenho em mim estes sacrifícios pessoais. Tenho medo de prejudicar quem amo, quem me ama ou me amou. Tenho tanto medo que elevo sempre meus olhos ao céu prostrado de joelhos na terra, pedindo para nunca deixar de amar e agradecer os amores que passaram em minha vida. Você foi um grande amor que passou por mim sem um único beijo. Creia. Não foi por outro motivo, senão por respeito ao que eu era, ao que você era, ao que você me representava e a enorme covardia de minha parte. Você está em meu coração, ainda, que totalmente ausente no espaço que não temos juntos. Quero ter uma vaidade pessoal de um dia dedicar um livro a você. Vaidade apenas. Você quem me apresentou aos filmes "Minha Amada Imortal" e "Nunca te vi, Sempre te Amei", bem como a "Sonata ao Luar", de Beethoven. Por mim, nunca falarei seu nome aqui, nem alí, nem acolá. Saiba que o tato apaixonado de sua mão, a voz daquela carta, o tremor suave de seus olhos semi-apaixonados me arrebatam ainda agora. Eu amei você também. Do fundo de meu coração. Ainda verdadeiro. Seja de meu coração adolescente ou do homem de meia idade. Obrigado, My Single Immortal Beloved. Nunca mais te vi, mas sempre te amarei com este nosso carinho recíproco...