Vontade de chorar. Quem não a tem? E desaba facilmente. Por mais diferentes que sejam as vontades, nem todas elas traduzem o peso, a forma, a densidade e a intensidade das lágrimas.
Oras, mesmo assim, lágrimas são emoção. Existem explicações desnecessárias. Esta o é. Chorou. Emocionou-se. E de choro, emoção, lágrimas, falemos do Natal.
Eu choro fácil. Não me contenho e choro. Claro que por tristeza quando do passamento de alguém. Meu choro mais comum, porém, tem a ver com o sacrifício e a entrega. Perco o chão e o mundo por ela. Inúmeros vídeos, reportagens, filmes, relatos, depoimentos, livros me comovem por isto. Alguém se sacrificou, não desistiu, foi até o fim e recebeu a firmeza do olhar em troca até mesmo sem gratidão. Eu choro.
Há quem chore pela ausência; há quem chore por solidão; há quem chore por insegurança; há quem chore pela distância; há choro de medo; há choro de raiva; há choro de saudades, muitas saudades; há choros ao ler ou ver ou sentir ou ouvir ou comer algo que mexe naquele canto escondido de nossa memória de alguma emoção indelável, imortal em nós. Há centenas ou milhares de razões para as lágrimas. E Jesus chorou três vezes, narra a Bíblia.
Meu choro, como disse, é a entrega para o sacrifício sem a desistência, indo até o fim. Comoção total.
1) Um filho sofre um acidente de carro. O pai sempre duro com ele. Vê o filho em cadeira de rodas. Não admite, não aceita, não desiste. Coloca-o sobre as costas e o carrega por semanas até fazê-lo andar. E ele consegue. 2) Outro filho paraplégico com deficiência mental por causa de um trauma na adolescência Quer participar de um iron-man (natação, ciclismo, corrida). O pai se prepara por anos. E faz as três provas com o filho ao lado, em boat, carrinho e apoio na frente da bicicleta. 3) o filho fica doente aos sete anos, descobre-se sem cura pela ciência, problemas neurais, sem estudos médicos sobre o assunto. O pai, sem conhecimento científico algum, estuda por anos para descobrir a cura para a doença do seu filho e assim o faz, mas as lesões no cérebro são irreversíveis e o deixará debilitado; porém, seu sacrifício curou milhares de outras crianças no futuro. São três exemplos apenas. E detalhe: jamais nenhum deles demonstrou fadiga e dores diante deles e do mundo. Sacrifícios não combinam com dores nem cansaços. Sacrifício combina com entrega, amor e jamais desistir.
Imaginem então a cena. A entrega foi plena. A esperança sempre ao lado. A certeza de que deve continuar até as últimas consequências. E entre o início e o fim, o olhar determinado. Nem com felicidade, nem a espera de agradecimento e recompensa. O que passa na cabeça é apenas a consciência absoluta da obrigação do seu dever e da sua responsabilidade simplesmente porque seu amor é infinito. Sim. Isto me faz chorar e muito.
Minhas lágrimas, portanto, são de agradecimento. Todas. Praticamente todas. Tive algumas de desespero. Outras breves de tristeza, ainda que fortes. Nenhuma de solidão. Não me importo tanto comigo e de dores internas, nunca chorei, ou levei em consideração dores internas. São minhas. Mas para mim, sempre foi o outro. E retomo, relembro, não deixo esquecer: chorar de agradecimento pelo sacrifício e entrega de alguém. Digno. Nobre. Sublime. Nada tão valoroso, encantador e humilde.
E a nota final. Amo Jesus Cristo e o tenho como meu Salvador para estar ligado a Deus. E, na essência, Jesus Cristo veio para isto: entrega, sacrifício, amor e redenção, o que passa disto é dinheiro, Mamom.
Jesus chorou. Três vezes. A Bíblia narra. Deve ter sorriso em algum momento. A Bíblia não fala. Deve ter sorrido, talvez, pela felicidade do próximo, por exemplo, da do Jairo quando (a Bíblia narra) sua filha foi ressuscitada por Jesus. E, para terminar, vale a pergunta: que tipo de sorriso seria este de contentamento pela felicidade do outro? O sorriso do choro. Exato. Sorrir por fora; chorar por dentro. E 99% de meus choros por fora são de agradecimentos por dentro. Obrigado!
Feliz Natal a todos!