segunda-feira, 30 de março de 2015

Abraços em seus Braços

Abraços em seus Braços

Em seus braços
Meus abraços,
Eu os encontrei.
Não apenas seus traços,
Eu os encontrei solitários,
Seus braços,
Tão vazios.
Os afetos que ferem,
E eles foram feridos,
Seus braços,
Seus braços vazios,
Em meus abraços,
Eu os acolhi e colhi.
Eu os guardei.
Os salvei do vazio.
Quem vê, nada vê no vazio.
A imensidão.
O nada é uma imensidão
Sem forma, sem essência.
Nos abraços deslancei o laço.
Do nada, puxei.
E subiu aos abraços
No meus braços.
Eu os beijei, seus lábios.
Dos lábios seus, percorri
Seus braços,
Dos braços presos
Aos meus nos seus lábios
Não mais senti a mim.
Era agora o tudo
Amaranhado no nada a mim
Do vazio a você em mim.
Eu em você.
Em nós, nos mesmos braços.
E senti.
E vivi.
E vi.
Quis fugir.
Não mais.
Nossos abraços estão aqui.
Em mim.
Não. Não irei. Não partirei.
Irá tudo o que puder voar.
Tenho braços. Não voarei.
Pode voar.
Quero para mim.
Pode, no entanto, voar.
Os meus abraços, porém,
Eu os quero para mim,
Nos braços de quem
Sorri.
Solitariamente sorri.
Os braços bem abertos para um abraço longo e eterno.

Sistema Límbico

Sistema Límbico. Este termo não me agrada. E dificilmente agrada a maioria das pessoas. A palavra "límbico" evoca "lamber", "lambada", "bico", "umbigo" etc. Existem palavras cujo som confunde tanto e fica até esquisito ouvir, falar e ler. Límbico me parece ser uma delas. Ironicamente quem ou o que provoca esta estranheza emocional toda é justamente ele, o Sistema Límbico em nosso cérebro.

Emoção. Dizem os neurocientistas que nossas emoções são armazenadas e evocadas no Sistema Límbico de nosso cérebro. Um psicopata deve ter mal funcionamento aí por sua frieza; um altruísta e estóico pode ter um super uso deste sistema.

Se uma canção o fez recordar algo ou alguém esquecido, se uma foto causou medo ou pânico, se um olhar do namorado ou namorado deixou o clima tenso e apreensivo, não se preocupe (ou se preocupe!), porque foi seu Sistema Límbico em ação, que neurologicamente nos permite criar afeto ou raiva ou preocupação ou amor.

A partir daí, deste sistema, tudo tem um sentido mais involuntário do que imaginamos. De onde vem principalmente a sensação de auto-condenação. Podemos sentir menos culpa sobre nossas emoções, porque não temos muito controle sobre esta parte do cérebro. O amor e o ódio estão lá de mãos dadas esperando o chamamento emocional. As lágrimas em um filme ou os risos não são muito diferentes. Nosso Sistema Límbico conecta tudo o que nos certa direta ou indiretamente em emoção das mais diversas. A vantagem de saber isto? Nenhuma, senão (como disse) entender que nossa sensação de culpa pode ser atenuada porque nossas emoções tem um fator neuro-físico-social que vai além do que realmente gostaríamos.

Hoje de manhã assisti enquanto fazia ginástica a um vídeo no youtube do neurocientista Ramachandran. Ele falava sobretudo do Visão e da Arte e a relação que a arte provoca em nosso Sistema Límbico por nos fazer seres emocionais. O mundo está um caos. Viver em São Paulo faz cada minuto uma loucura de ir e vir. A maior parte do tempo fora de nós. Poder aprender um pouquinho atenua. Poder sentir emoção também. Está aí uma das importâncias da Arte. Emoção.

domingo, 29 de março de 2015

Memórias, Sonhos, Reflexões

Um dos livros fascinantes para mim é Memórias, Sonhos, Reflexões do psicanalista Carl Jung. Logo na introdução sou arrebatado pelas palavras "vinha vida é um inconsciente que se realizo".

Digo por isto que ao menos se as pessoas lessem a introdução deste livro, mais ricas elas ficariam, mais tolerantes seriam, mais sensitivas viveriam, mais intelectualmente se abririam, mais tolerante a fraqueza do outro entenderiam e - para finalizar - mais a importância dos artistas. Bem, amariam mais os artistas e não a função homem-máquina tão comum em nossa sociedade. Sou professor em sala de aula. Fora de lá, meu olhar é do artista, bem como a sensibilidade. Minha vida pessoal, logo, deve ser parte de um espelho que reflete outras vidas. Nunca, por isto, é pessoal; jamais um artista se comunica da sua pessoalidade. Falando em Jung, arquétipos, ou inconsciente coletivo. Artista sem mídia vive de arquétipos.

segunda-feira, 23 de março de 2015

Pidgin e Crioulo

Em 1995, na USP, fazia o primeiro ano de Letras. Estudava Linguística, Língua Portuguesa, Literatura e Língua e Literatura Alemã. Daí minha forte base em filosofia. Nos primeiros meses senti angústia, no entanto. Pudera! Um jovem alfabeto funcional não encara com naturalidade as aulas que eu tive. Das aulas, lembro-me o professor falando de "crioulo", "pidgin" na história da língua Portuguesa. Nada entendia. Eram palavras técnicas e estava muito claro que as palavras para mim só tinha sentido concreto. Mesa era a mesa que eu via e sentia; chuva era a chuva que via e sentia; amor era uma sensação que eu cultivei pela Lica ao longo de anos, logo, eu sabia o que era. Agora, "crioulo" e "pidgin" não sentia, nem via, e não entendia. E ironicamente, hoje, dando aulas de inglês, pude no final falar sobre. Falar com propriedade. Explicar. Receber algumas palmas acaloradas e as que mais chamaram minha atenção foi de um aluno que mora em Itaquera, corintiano e de 70 anos. Nunca é tarde. Ele aprendeu o que é crioulo e pidgin.

sábado, 21 de março de 2015

Cultivar

Cultivar. Vi uma foto bonita. Uma casal entre flores. Não flores arrancadas. Flores que florescem naturalmente dos ramos de um espaçoso arbusto. O bonito, além das flores, são as histórias que preenchem aqueles dois sorrisos. Do casal. Eu os conhecem muito superficialmente. Do que conheço, porém, estas flores atuais representam uma transição dos mais variados tormentos que uma vida possa passar. Imaginem que nem assim dá para imaginar quais vicissitudes são. Fato que a idade vem. Fato também que o esgoísmo machuca o prisioneiro. Fato que a prisão só encarcera o corpo. Fato que mente livre tem mais pode do que corpo preso. Uma hora a mente leva o corpo consigo. Por bem ou por mal. Cultivar. Cultivar a liberdade é então não ser egoísta. Não somos livres. Deixamos as pessas livres. Como sinto a liberdade deste casal entre breves flores coloridas. Cultivar a liberdade. Toda mente precisa ser livre. Toda liberdade terá sua própria história. E toda prisão terá seu próprio egoísta. Cultivar. Flores.

sexta-feira, 20 de março de 2015

Acordei Sem Amor

Hoje acordei sem Amor. Sensação esquisita. Suspeito por quê, no entanto. Por prática minha, descobri há algum tempo que qualquer desconforto no pensamento esconde uma preocupação inconsciente relativamente fácil de achar. Para os psicólogos, isto é tão básico quanto a descoberta do sabor do doce para uma criança, e que dificilmente largará. E abrir meus olhos sem Amor.

De modo poético, amar nunca é um movimento de fora para dentro. Engana-se crer nisto. Não é o outro fora de mim, portanto, eu amo. O outro fora de nós, projetados em nós, não amamos. Ao contrário. É de dentro para fora...

Amar tem todas as características do movimento de dentro para fora. Motivo por que sofre-se de amor.

Não digo imagens como amar a natureza (de fora para dentro), amar um filme (de fora para dentro), amar uma música (de fora para dentro) e por aí vai. Todo o amor que envolve nossas sensações (visão, tato etc) é de fora para dentro. É amor, sem amarmos. E hoje despertei sem Amor.

Indaguei-me o desconforto. Deixei solto meu pensamento, esvaziando as preocupações diárias das mais diversas. Quando solto seu pensamento, nem calor, nem frio, nem barulho, nem paladar criam qualquer sensação. Foi aí que descobri por que amanheci sem amor. Resposta simples: o silêncio. Através do silêncio.

Desde que dei por mim morando sozinho há três semanas, minhas noites e manhãs e tardes tem sido de silêncio. Alguns temem a solidão por isto. E solidão é falta de sentir os sentidos em movimento. Estou em silêncio Creio, porém, que o meu caso é apenas de silêncio físico, da boca sem movimento como estou agora.

Tenho lido muito como há anos e tenho escrito bastante (só no celular: meu laptop está ruim). Diálogo inteiros e complexos passam por mim. Logo o meu silêncio é realmente físico. Não mental. E acordei sem Amor hoje. Sem a sensação de amar.

O silêncio tem me trazido muita paz. Não a solidão. Por razões inúmeras, esta paz, ela vem de dentro para fora, semelhante ao amor, àquele verdadeiro amor. Minha suspeita, portanto, é que acordei sem amor porque acordei em paz. De dentro para fora. Poderia expandir este raciocício mas quero texto curto. Hoje acordei sem Amor. Hoje acordei em Paz.

quarta-feira, 18 de março de 2015

Olha a Boca Menino

O chiclete grudou no chinelo.

- Puta que pariu!

João era fiscal sanitário há 17 anos, desde 1970. Ia para praia em São Vicente. Segurava três cadeiras de praia, o guarda-sol, uma esteira de palha. O sol estava forte às dez. João tinha uma careca vermelha. A mãe, as duas irmãs mais velhas, os cinco sobrinhos iam tão lentamente que o que carregava virou chumbo. Não queria descer para o litoral, não queria levar a mãe, nem as irmãs, nem os sobrinhos. Nem queria ir para praia naquele horário, e muito menos levar tudo aquilo nas mãos. E o chiclete querendo grudá-lo no asfalto quente. Olhou lá longe a praia. Bem uns trezentos metros:

- Puta que pariu!, falou alto.

- Olha a boca, menino!

- Desculpa, mãe.

A careca vermelha em brasa.

- Bosta!, sussurou vendo seu boné do Corinthians na cabeça do sobrinho.

- Deixa com ele, João. O menino chora.

E cedeu.

João não casou. Sem filhos. Quarenta anos. Cuidava da mãe; uma das irmãs, separada e mãe de três dos meninos, vivia com ele há quase dois anos. E de repente. Plá! A tira do chinelo estoura!

- Ah, filha da puta!, gritou com o peito cheio.

- Olha a boca, menino!

- Desculpa mãe. Quebrou meu chinelo.

- Vai descalço.

E ele foi descalço. Xingando internamente. O chão queimava. E ia lentamente. Evitava pensar. A dor do chão quente serviu de alívio. Quinze minutos depois, areia quente, sol forte, monta o guarda-sol, as cadeiras, a esteira. Vê as crianças se jogarem na água, a mãe e irmãs sentadas. Passa bronzeador. Sem protetor. E vai para a água também. Demorou lá mais de uma hora. Ora mergulhando, ora boiando, sempre pensando na vida. Nem dava pelos sobrinhos. O mar limpava sua alma. E foi boiando literalmente que ambas as cabeças se chocam.

- Ai, gritou João.

João e Karina. A paz dele meio que desabou. Foi lançar um puta que pariu quando os olhos de Karina o interromperam:

- Desculpa. Machucou?, perguntou ele.

Karina era linda. Nada disse. Na verdade, ela era muda. Sorriso lindo e apaixonante. João sim se apaixonou dali a alguns minutos. Aprendeu como se fala "eu amo você" em sinais quando ela lhe disse em algumas semanas. Se casaram em três meses. Nunca mais disse um único palavrão. Pela ironia do que sempre achava que era a sua limitada vida, Karina trouxe sem querer a voz ao coração de João. E ele nunca mais deixou de falar através do coração. Nunca mais. E nunca também abandonou a mãe e as irmãs e os sobrinhos. Mesmo porque teve filhos nos anos seguintes.

quarta-feira, 11 de março de 2015

Uma Noite em Reflexão

A noite me pegou em reflexão. Insisto no sono. O cansaço existe. Coloco no canal TV Senado. Distraio-me com os discursos dos senadores. Aos poucos ameaça-me o sono. Cerro os olhos. Por um instante acho que apagarei. Mas conheço-me. A reflexão vem repentina. Com ela o temor, o receio, as dúvidas. Tudo isto são minhas fraquezas. Faço um balanço pessoal e me sinto ridículo pelo que tenho que fazer. Sorrio interiormente. Acho graça. Porque acho ridículo. Humanamente usurpado. Sei, porém, que por muito raro demonstro ou demonstrarei o que quer que seja. Sim. Logo em seguida à dúvida, sinto a presença real de Deus como força invisível e meu coração em angústia solta uma pequena esperança. Esperança apenas. Somente esperança.

O bom de ter o coração que tenta praticar a justiça real é que todos envelhecemos, quando o sofrimento de existir nos deixa na solidão, a pior de todas. Há pessoas que me compadecem, me trazem compaixão, me enchem de dó porque vivem flertando com a injustiça, injustiça da covardia por saber que o outro cede facilmente. A pessoa evoca a Lei dos homens e se garante nela, e aproveita para salvaguardar a injustiça real, que não é lei dos homens, mas a da verdade. Triste de quem não pratica a verdade.

Bom escrever. Aconselho a todos mesmo. Aquela reflexão inconscientemente vira palavra, começa a ter vida fora de nós e deixa espaço para um alívio momentâneo. Paciência é fundamental. Evidentemente que a reflexão permanece. Ela deve parmanecer. O que posso fazer se a pessoa é insegura? Devo tratar como criança. Daquelas manipuladoras que fala "o importante é ter o que eu quero; não importa como." Os fins justificam tudo. Pessoas assim tendem perigosamente à psicopatia. Vou fazer o quê? Crer em Deus. Por ora fica a reflexão incompleta. Os olhos cerram um pouco. O sono volta a bater. Este post dá um bom início de um romance. Não vou ser arrogante, mas bem menos do que eu penso, romancearei este quase um ano de minha vida, com bastante intensidade para o surrealiamo e aberração das últimas semanas. Um romance com personagens. Creio que será até best-seller e uma instigante reflexão à covardia... E para mim Deus é tudo mesmo.

segunda-feira, 9 de março de 2015

Fé em Unir

A Fé em Unir

Todos nos somos adjetivados. Do meramente visual: gordo, careca, nanico, à percepção sentimental que é um reflexo de nosso comportamento com as pessoas.

Eu sempre fui chato, ou o chato. A chatice implica a mesmice, correto? Então, eu sempre fui chato porque era de certa forma intransigente e raramente influenciado. Carrancudo? Talvez. Mas creio que não. O carrancudo não é chato. Ele é carrancudo, o que para mim é pior.

Hoje me adjetivam raramente de chato. Talvez pelas costas já que ainda continuo sendo basicamente o mesmo seja mamado de cerveja, seja num papo sério. Mas (possivelmente pelo que eu escrevo) tenho colecionado alguns adjetivos que me acolhem a alma: encantador, pela minha amiga Juliana e cativante pela minha irmã Ana Paula. Vejo sim que elas tem a razão de ser de cada um deles.

Veja bem, quando amo, eu cuido. Gosto de cuidar. Minha irmã me chamou ontem de cativante e não vejo outra explicação senão o real interesse pelo problema e felicidade do outro.

Foi tão acolhedor ouvir de minha irmã isto quanto o "encantador" de minha amiga. Cativante e encantador.

Se eu fosse mais calculista e frio e manipulador, teria a formula ideal do psicopata. Mas o amor me ensina a cuidar. O psicopata não cuida de ninguém por uma razão bem fácil de entender: ele não tem capacidade de amar.

O mundo tende a tirar a nossa paz. E por mundo entende-se tudo o que queira tirar nossa paz. Eu confio em Deus. Sei que Deus vai ao nosso coração e usa as pessoas para que a nossa vontade não termine. Vontade é semelhante à fé. Só que a fé tem mais poder. Cremos e buscamos. A vontade pode ficar eternamente lá, esperando. Tenho fé. Quero sempre poder amar: a fé em unir.

sábado, 7 de março de 2015

PAZ...

"Estou só." Com estas palavras, Machado de Assis começa um de seus mais belos contos e pouco conhecido.

Diz ele lá que de onde está, o silêncio é quebrado apenas pelas ondas do mar que beijam a areia hoje para amanhã ir a outros lugares, mas que em seu coração há muita agitação e pensamentos.

Digo eu agora: "Estou só." E o silêncio é quebrado pelo som de uma orquestra na TV Cultura. Meu coração, com esta solidão, cabe em si mesmo e sente o silêncio de apenas ser um detalhe.

O resto? Sem detalhes, senão o corpo em harmonia com a mente em paz. Diz Mano Brown, em "Diário de um Detento", que  "todo preso tenta conseguir a paz de forma violeta." Racionais MC. Desde 1991 eu os ouço. Em 1997 eu os compreendi. Em 2013, artisticamente, me realizei com meu livro publicado.

Entendo a paz hoje em dia e isto me leva muito à solidão. Eu entendo a paz porque sob violência já vivi. Como um rapaz comum da periferia de São Paulo, tive a maioria dos problemas que o álcool leva a uma família desestruturada. A paz era um bem que nem sabia a dimensão. Me lembro, por exemplo, aos 18 ou 19 anos, na casa de um amigo, para almoçar, sentamos à mesa. Havia garfo e faca. A empregada serviu-nos. Não era formalidade. Era hábito mesmo. Chamou-me muito a atenção aquilo. O pai sério e acolhedor. A mãe bonita vindo da academia. Algo bacana que hoje traduzo como "paz".

À mesa, almoçando com uns amigos, senti-me em paz. Foi sem dúvida meu primeiro real contato com uma vida familiar. Paz então foi, mais ou menos, olhar para a direita e para a esquerda, e ir e voltar, e permanecer ou partir em harmonia com boas memórias, sem desacordo, sem desencontro, sem disputa de suas vontades. Paz.

Hoje estou só. Sozinho. São Paulo. A Av. Francisco Morato é mais barulhenta do que imagina o sétimo andar. Antes fossem as ondas do mar. Parece também que ouço algumas gotas. Chuva. Garoa. E a orquestra na TV Cultura. Tudo isto também me lembra que estou só e em paz. Escolher não deixa também de ser uma renúncia em nome da paz. E estou só. Me conforta Machado de Assis. No mesmo conto diz ele:

- Uma vez solto, onde irás tu, meu pensamento?

Verdade: onde irás tu, meu pensamento? Em busca da paz. Na paz.

sexta-feira, 6 de março de 2015

Um Jeito de Viver

"Um jeito de viver" é apenas um título. Apenas um nome deste post para chama a atenção do leitor. Afinal, o que todos buscamos ao longo de nossos anos de vida são jeitos, jeitos de viver. Viver bem. Viver quando os sonhos não são mais as realidades das crianças.

Tenho uma tese sobre estar bem ou estar mal, que passa pela capacidade que a pessoa tem de rir ao acaso. Se, apesar de qualquer dor, sua capacidade de rir existe, ainda intacta, naqueles pequenos detalhes ridículos na vida, você não sofre de angústia mórbida, ou seja, há luz em você. Luz dentro de você que possivelmente irradia para fora.

Já escrevi que o riso nos leva à gratidão, e gratidão, sem dúvida alguma, toca sensivelmente no coração de quem vislumbra o encantamento de ser limitado no contato com as pessoas. Exato. Ser grato nos ajuda a reconhecer nossos limites. Somos gratos porque alguém foi bom e até misericordioso conosco.

Há jeitos de viver sem encantamento. Estudei a respeito do encantamento em uma aula da pós. Não li o livro. "O Encantamento do Mundo". Básica e resumidamente, estar encantado é anular o racional de nossa capacidade de pensar, portanto, não concluímos nada a respeito de tudo, e deixamos o mundo nos encantar. A humanidade já viveu encantada. Ainda nossa primeira e segunda infâncias temos parte deste encantamento. Exato. Ingênuo. Ingenuidade.

Por uma razão inconsciente, meus textos são uma ponte entre o encantamento e o racional. Racionalizo com a vontade paradoxal de encantar. Para mim, o jeito mais lindo de viver é encatado. Seja pelo sol, pela lua, pelos filhos, pelo trabalho, pelas artes, pelos sonhos, pela razão, por tudo aquilo que nos resgata a infância.

Já testemunhou na sua vida alguma criança que não ri? Se existe (fora problemas neurológicos) a culpa é dos adultos. Adulto, em última instância, desencanta o mundo porque conclui o mundo com suas infinitas teses. Jeito de viver. Há vários. Existem muitos...

quarta-feira, 4 de março de 2015

Amor de Gratidão: Paz Interna

Uma amiga ontem me disse algo bonito e forte, algo que mostra um pouco a ideia de, no fundo, o que importa mesmo se traduz em agradecimento. Virtude. Exato.

Viver a virtude - em poucas palavras: o bem e o bom - difere da ingratidão.

Narrei a ela que ao passar a pé sobre a ponto Jaguaré para ir ao Parque Villa Lobos, sensações esquisitas dominaram meu coração, o que definitivamente somente parece solução. Aí ela foi veemente:

- Nunca mais! E agradeça. Agradeça sempre a vida.

Ah, marcou. Ela não disse com aquela calma sábia de um padre no confessionário ou ancião oriental. Como disse: ela foi veemente! Com os olhos, com o tom das palavras, com as expressões faciais, com a indignação. Nem me custa falar que isto mostra real preocupação humana. Não por mim. Por todos.

Indo agora, neste exato instante, ao mestrado em Comunicação, eu agradeço. Deveria ser um pouco mais indiferente com o sentimento de quem quer o meu mal. Quer o meu mal por não aguentar o meu bem, já que o meu bem geralmente contagia e transforma e expande outras pessoas. Parece dor ou lamúrias. No entanto, apenas reflexão. Como aquelas que encontrarei daqui a pouco ao estudar a Teoria do Pensamento Complexo, de Edgar Morin.

Deus (Este mesmo que muitos não crêem) tem respondido minhas súplicas com muita rapidez. Por mim e pelo todo a que me pertence. Meu coração se dá muito bem com o amor. Não prometo, mas sei que em poucos dias somente de amor viverei. Não pelo amor sublime, que é o sacrifício. Será o amor de gratidão, ou seja, de paz. O amor da paz interna. E de amor e de paz contagiarei quem estiver ligado a mim, direta ou indiretamente.