segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Diálogo

Diálogo 1

- Então realmente amor é um jogo? Eu acho que é uma escolha. Nem acho que o "amor aconteça também" (para nome de filme, o conceito serve). Não é nada  absurdo quando você permita que aconteça.

- Ponto fraco: aquilo que nos faz apaixonarmo-nos por alguém. Não há total impenetrabilidade. Todos tempos um ponto por onde entrar. Compreende?

- Entendo. Depois me faço compreender melhor. Mas, há de convir que descobrir o ponto fraco de alguém, pode ser usado não com a boa finalidade.

- Oras. Sera?

- Sim, há muita gente tentando provar que pode! Digamos que psicopatas do amor está cheio!  O que eu quis dizer é que parece um jogo usar as fraquezas do outro para penetrar no mundo do outro. Claro que quando se trata de uma conquista concreta, de alguém que realmente sabe o que quer, talvez seja válido. Achei interessante seu modo de colocar isso, porque muita gente usa isso apenas como um desafio: penetrar no mundo do outro, mas depois não saber o que faz lá dentro. Só problematizei seu ponto de vista!

Diálogo 2

- Não acho possível saber exatamente o que nos captura, nos enlaça. Podemos até dizer "Ah, eu não resisto a isso ou àquilo", mas acredito que na real, não sabemos.É um "psiu de luz".

- Pode ser. Mas seria mesmo esse "psiu". Exatamente. Esse "psiu".

- Ah, acho que é assim. Somos apenas capturados por algo.

- E quando nos traduzem esse algo, se for reciproco, as coisas caminham.

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Schopenhauer

NECESSIDADE DOS ATOS DA VONTADE

Que a vontade como tal seja livre, deriva do fato de que, tal como  consideramos a vontade, ela é a
coisa em si, a substância do fenômeno.

Este (fenômeno), como sabemos, é inteiramente submisso ao princípio de razão nas suas QUATRO categorias:

1 - Identidade: Maçã é maçã.
2 - Não contradição: Maçã é maçã e não pode ser ventilador)
3 - Terceiro Excluído: ou você está livre ou não está...ou você está amando ou não está.
4 – Causalidade: tudo o que existe e  acontece origina-se de alguma causa, ou seja, deve existir uma razão para sua explicação.)

...e como sabemos também que "ser necessário" é idêntico a "ser efeito duma causa dada", que as duas noções são recíprocas, dai resulta que tudo o que pertence ao fenômeno (da vontade), a
saber, tudo o que é objeto para o sujeito cognoscente (pensante) como indivíduo, constitui a causa por uma parte e, por outra, o efeito, que permanece determinado necessariamente nesta última
qualidade e de nenhum modo pode ser diverso daquilo que é. (Ou seja, a vontade é a vontade; não pode ser outra coisa e ela tem uma causa e um efeito: causa: o ser humano; efeito: realizar a vontade).

Tudo quanto a natureza compreende, o conjunto dos seus fenômenos, é absolutamente
necessário e a necessidade de cada parte, de cada fenômeno, de cada acontecimento pode ser demonstrada em qualquer caso, desde que se possa encontrar a causa de que dependem como
duma conseqüência. (qual a causa de a flor nascer?, qual a causa da água evaporar?).

Isto não oferece exceçôes e resulta da autoridade ilimitada do princípio de razão. Por outro lado, o mundo, em todos os seus fenômenos, é objetividade da vontade, a qual, não sendo ela própria nem fenômeno, nem representação, nem objeto, mas a coisa em si, não está submetida ao princípio de razão que é a forma de qualquer objeto: não é, portanto, o efeito duma causa, não é, por conseguinte, necessária; isto quer dizer que é livre. (A vontade é a maior liberdade possível).

O conceito de LIBERDADE é, portanto, um conceito NEGATIVO, porque contém, unicamente, a negação da necessidade, isto é, a negação da relação de efeito para causa, segundo o princípio de razão. (Ter vontade é ter liberdade; querer ser livre é querer satisfazer a sua vontade). Encontramos aqui, bem pronunciado, o nivelamento dum grande contraste, a união da LIBERDADE com a NECESSIDADE, de que tanto se tem falado nos últimos tempos e sobre o que nada se tem dito, que eu saiba, de claro e de sensato.

Qualquer coisa, como fenômeno, como objeto, é absolutamente necessária: em si, essa é a vontade inteiramente e eternamente livre (ter necessidade é a liberdade de nossa vontade). O fenômeno, o objeto, é necessária e imutavelmente determinado na concatenação (união) das causas e efeitos, que não admite interrupção de sorte
alguma. Mas a existência em geral deste objeto (vontade) e o seu modo de existir, isto é, a Idéia (da vontade) que se manifesta nele, ou, por outras palavras, o seu caráter, é fenômeno imediato da vontade! Esta sendo livre, esse objeto poderia, efetivamente, não existir, ou ser outro, original e essencialmente; mas nesse caso, também toda a cadeia, de que é circular, e a qual é também fenômeno da vontade, seria de todo diferente; mas, uma vez realizada (a vontade), esse objeto tomou na série de causas ou efeitos um lugar necessariamente fixado e já não pode ser outro, como não pode trocar, nem sair da série, nem desaparecer.

O homem é, como qualquer outra parte da natureza, objetividade da vontade; por conseguinte, o que acabamos de dizer aplica-se, igualmente, a ele. Como qualquer coisa na natureza tem as suas forças e as suas qualidades que contra uma ação determinada reagem duma determinada maneira, e constituem o ‘seu caráter', assim também o homem tem um caráter, em virtude do qual os motivos (seus motivos pessoais) lhe provocam os atos de necessidade. E por meio destes atos que se manifesta o seu caráter empírico (prático), que
revela a seu turno o caráter inteligível (incompreensível), a vontade em si, de que ele é o fenômeno determinado (o homem pode ter suas próprias vontades).

Mas o homem é o fenômeno mais perfeito da vontade: a sua conservação exigia que fosse assistido por uma inteligência de tal sorte desenvolvida que fosse capaz de elevar-se até ao ponto de tornar-se, na representação, uma repetição adequada da essência do mundo; esta repetição, este espelho que reflete o mundo é a concepção das Idéias (nas votades): apreendemo-lo no livro terceiro. A vontade no homem pode, portanto, chegar ao pleno conhecimento de si: pode conhecer clara e inteiramente a sua própria essência tal qual se reflete no mundo."

(Livro O Mundo Como Vontade e Representação, do filósofo alemão Arthur Schopenhauer - 1788-1860)

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Vejo o mar

Na praia de Boiçucanga. Vejo o mar ali, e o vento me afaga a temperança. A pele acalma-se suavemente pelas ondas e águas trêmulas incansáveis. Não é o pôr-do-sol ainda. Nem o amanhecer. Pergunto à minha reflexão em meu ermo existencial: o que são estas sensações, que sinto na pele, na consciência, no olhar? Sem resposta, a vida silencia-me a alma e me faz respirar profundamente. Lá, não longe de mim - estou na areia - vejo um barco feito pelas mãos dos homens. Ele sobre o mar, que foi feito pelas mãos de Deus. Eu não creio em acasos. E, por instantes, minha alma em conflito acalma-se. A arte me acalma. Busco na tarefa da escrita a eternização deste momento. E com uma fé exageradamente agradecida, deixo a vida sorrir para o mar, sorrir para os morros que me cercam, sorrir para o sol e para o vento. Por fim evoco Deus, criador de tudo isto para quem crê. E criador de mim mesmo, que creio, que sou passageiro neste mundo, mas aos olhos da eternidade, um milagre, semelhantemente a tudo e a todos que me cercam. E agradeço. Muito obrigado. Muito obrigado. Ser grato é o caminho para a paz interior.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Crítica

"Perguntei para mamãe o que era a morte e ela me respondeu que era a vida na sua mais bela forma..."
                                       Contos Suaves - Flavio Notaroberto.

   Esse conto me fez lembrar de uma outra historia, uma menina aos 11 anos de idade, sua mãe muito doente, veio a falecer. Sem muito conhecimento sobre a vida e o que havia acontecido diante todo aquele sofrimento, se fechou para o mundo.
   Sem sentir o que queria realmente sentir, talvez por falta de conhecimento, preferiu simplesmente acreditar que a dor não lhe seria bem vinda, deixando e tentando simplesmente não deixar doer naquele momento, pois sabia que deveria ser forte.
    O problema é que a vida passou muito rápido, e dos 11 aos 24 muitas coisas havia lhe acontecido, era forte e sorria tentando não evidenciar que suas lembranças havia parado na época em que sua mãe vieste a falecer.
Se tornou madura em muitos aspectos e em outros era ainda uma criança rebelde e mimada, esqueceu-se da vida, não se permitiu sonhar, entrou em guerra consigo mesma, desacreditou da família, e muitas vezes de Deus e aos 24 para os 25 anos acreditou em superação.
  Nessa época ela despertou o conhecimento do Luto, permitiu sentir a dor que até então tinha guardado para si, caiu, chegou ao fundo do poço, pediu a Deus ajuda e buscou então poder sobre si mesma.
  O poder sobre si mesma era a pior fase, naquela situação os sentimentos era dominar-se a si mesma e entendeu que DESISTIR era, de certa forma, morrer em vida.
  Por anos ela havia falecido dentro de si mesma, sonhos era somente para quem estava vivo.
   Um dia ao observar um Girassol, perguntou para sim mesma, e se eu vivesse? Tivesse sonhos, metas? Acredito que minha mãe iria ficar orgulhosa.
  E foi ao pensar nesse momento que admirava o girassol, e lendo um verdadeiro conto suave  lhe disse, pela manhã: A vida na sua mais bela forma é permitir que os fatos acontece e que ela não teria poder sobre tudo, nem de si mesma.
  Permitir (se permitir) é a palavra chave, foi então que houve dentro de si um sentimento e o inicio de uma superação.
                         "A morte em vida"