terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Se propomos algo, imaginamos.

A gente propõe e Deus dispõe. Minha irmã sempre lembra este slogan quando o que se gostaria que fosse, não aconteceu. Mas somente propõe quem deseja, claro; quem sonha, imagina, quer, busca, anseia, acredita, tenta, arrisca, caminha, o que implica movimento. Manter o mesmo ritmo limitado é o natural do ser humano tribal e primitivo. Somos, de certa forma, programados para atuar no limite de nossos movimentos. Não temos asas para voar; não temos barbatanas para nadar; não temos a velocidade de um guepardo. Verdade que não somos lesmas, nem bicho preguiça, nem aqueles insetos cuja existência dura algumas horas neste mundo. Se nosso tempo de vida não é o que nossa mortalidade nos lega, existem anos e anos abertos a possibilidades, ainda mais para alguns. Mesmo assim, a vida dentro de um perímetro seguro, como ir até o riacho, até a plantação, até as crias de animais, dentro de um pequeno círculo, já daria nossa existência peculiar por anos e anos, uma vida inteira, sem reflexões, sem desespero, sem introspecção, sem tédio. Houve um momento da História de nossa espécie em que o mundo exterior foi refletido no mundo interior, e este mundo interior construiu uma miríade de representações, e em cada uma delas a mente botou seu domínio racional e com o passar de milhares de anos foi desconstruindo aqueles todos em partes de sentido cada vez menores. A árvore inteira ganhou explicação da fotossíntese à raiz; a montanha deixou de ser morada de deuses para fornecer minérios e, depois, ferro; o corpo humano passou de construção de Deus, do barro, para existência sensitiva e perceptiva dos filósofos, até decompor naquilo que de fato somos: sistema nervoso, e neurônios estimulados e inibidos o tempo todo. Bem, estamos por aqui. Queremos estímulos quando propomos algo, mas Deus nos inibe, quando ele dispõe. Falo por meio de fé como analogia de que nem tudo o que queremos, nós teremos. Lei incompreensível às crianças, mas também a jovens e adultos mimados e alienados. Ao mesmo tempo, nossa mente abriga quase tudo  na imaginação, e vem ela para ampliar mais ainda o mistério de estar em um lugar e em todos ao mesmo tempo. Se propomos algo, imaginamos. Morada de sonhos e esperanças, a gratidão poderia ser comparada a um deus na imaginação. Aquilo que não conseguimos ter ou alcançar, deveríamos a um ato de gratidão, porque se queremos, está já aí o que somos: sonhos, vontades e representações, e quem gosta de filosofia já entendeu a inspiração de Mundo como Vontade e Representação. Somos um mundo, cheio de vontade e representações.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Venero poema

Amanhece e diz por si mesmo,
Nas horas distantes, caladas,
Meu só coração - cuja amada -
Delira de amor e de medo.

Em palavras soltas, sonhando,
Renovo esperança no dia,
Que a noite por mim me perdia,
Da insônia, em mim delirando.

Saudade, ter nunca falado,
Saudade, que alma aperta
Saber deste amor que me cerca,
Etéreo, distante, sagrado.

Dela, sempre dela, o cortejo
De ver, mas não olvida a paixão,
Eu a amo, que doce ilusão!,
Que sinto, venero, desejo.








Mulheres Maduras

Por algumas razões, tenho preferido (e certamente irei preferir) mulheres maduras. Aqui restrinjo a idade e o modo de pensar. Há mulheres que pela idade mais velha deveriam corresponder à maturidade natural. Há mulheres com pouca idade cuja maturidade assusta positivamente. Essas são um perigo para homens maduros. As jovens eu descarto. Elas têm a vida pela frente. Por mais madura que sejam, não me sinto bem em roubar-lhes os anos. Já tive os meus. Os próximos anos que me restam serão exclusivamente meus. Posso compartilhar. Mas não darei meu tempo  para mais ninguém. Não quero perder meu tempo, não é justo, portanto, iludir a juventude com minha maturidade e elas perderem o tempo delas. Descarto e logo sou descartado. Uma mulher madura, indo para a casa dos quarenta anos, ou já nela, mãe, que gosta de ler, de filmes, de conversar, entende o bom humor irônico leve, pensa a realidade dentro e fora, não se precipita em querer ter razão e nem se fragiliza diante do equívoco, tem pequenos bons gostos acolhedores. Enfim, essa a lógica de uma mulher madura, não somente na visão de mundo, como também na idade. Claro que tem a doçura que atrai. Atrai como um encanto. Até as primeiras palavras. Não estou nem um pouco preocupado com somente doçuras. Gosto apenas de idealizar. Refletir a respeito para não entrar em contradição e deixar-me seduzir pelo que eu no fundo não quero. Uma mulher madura é tudo de bom para um homem chato e exigente, que sabe botar vírgula naquilo que escreve.

Descarregue

Descarregue de sua vida todos os pesos que não dizem mais respeito a você. Purifique-se. Aceite-se. Claro que este recado não vale para nossos jovens. Quem precisa de puxão de orelha são nossos velhos, em envelhecimento. Para ser duro. É patético querer disputar o mesmo espaço com nossos jovens. Porque também é dado ao envelhecimento outras oportunidades. Mas a realidade é que não nos preparamos para elas. Então carregamos pesos que deveriam já ser descarregados há algum tempo. E olha que a força emocional que me faz aos poucos perder a sensibilidade e abrir a ferida de muitas pessoas foi o fato de transformar um terreno abandonado em um jardim. Pedra por pedra, mato por mato, pá, enxada, carrinho de mão, grama, podas e aos poucos um novo sentido para o olhar e para a vida. Não perdi em nada o que posso fazer com a minha mente, e ganhei no espírito a marca da transformação diária do caos para a harmonia. Purifique-se desfazendo-se do tóxico; descontamine-se do veneno; durma e paz com a sensação sublime que seu corpo lhe pertence e que o espírito que lhe habita é construção sua. Infelizmente, nem quem tem olhos para ler e ouvidos para ouvir apreenderão. Envelhecemos pensando na jovialidade e não na morte. Sabe o que é triste? Morremos. Viva sua existência antes.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Amor e Alma

A ela entrego meus pensamentos.
Ela, que vive a liberdade.
De livre espírito:
Amor e alma.

Não disse a ela meus momentos,
Ela, que me lembra saudade,
Minha, dos meus versos:
Amor e alma.

A ela, somente a ela, encantamentos,
Sorrisos alegremente pueris,
Meiga e doce inocência:
Amor e alma.




quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Amor, amar o mar seu olhar (poema)

amor, amar o mar, seu olhar

Quando disse a mim mesmo
Que viver em mim bastaria,
Como podia, como sabia?
O amor surge.
E surgiu suave como brisa.
O toque sereno do olhar dela,
Repentino, jamais esquecido,
Se houve partida um dia, foi um dia.
Um único inquieto dia.
Apenas p'ra desaforo da alma,
Que ama, acalma e clama.
Quero mergunhar intensamente,
Porque os frutos belos,
Ricas palavras dançantes.
Eu a amo, sem querer razão.
Um beijo vem e vai na solidão
Da ideia agora persistente.
Feliz estou e não reconheço
Mais leda sensação para sorrir.
Um dia, em mim caberia,
E não sabia, jamais podia
Sonhar que o bem maior amor,
Por mim desprezado,
Embeleza termos e melodias.
Tudo mais traz sentido.
Da rosa ao sol, do andar ao luar.
Amor, tenho sentido.
Amor, amar o mar, o seu olhar.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Não posso negar o amor

Quando não disse a você que eu a amava, perdoo-me por jamais querer deixar de sonhar com este dia, que não existiu. Falo por negativas, mas afirmo o amor. Não posso negar a mim mesmo. Ele existe para você.

domingo, 3 de fevereiro de 2019

Poema Que um Dia

Que um Dia

Que um dia meus lábios possam os seus conhecer,
E na curva apaixonada de cada sensação dizer ao momento
Os doces olhares da gratidão de estar ao seu lado.
Eu a chamarei meu amor, que me resgata a vida,
Que me acolhe em seus braços,
Que não mais sentirei outros abraços,
Senão os seus.
É inocência gostar ledamente,
Que os anos crueis apagam o desejo
E aplacam o inefável ardor de amar.
Que um dia meus lábios possam conhecer os seus e juntos sorrir a alegria de ser e estar
Um ao lado do outro...

O Choro é Livre

O choror é livre. Mas o choro sempre diz algo. Agora aqui no ônibus, voltando para Arujá, uma pessoa percebeu que perdeu o cartão e, sem saber o que fazer, começou a chorar, sentada a um banco de mim. Ao meu lado um jovem, que entrou com ela, procurava desesperado o cartão na carteira. Nada. Olhei para ele e ofereci-me para pagar. Ele aceitou. Dei 20 reais. Falei para dizer à mulher que ele havia achado na carteira. Mostrou-lhe a nota. 3la pegou e enxugou as lágrimas. Parecido com a resposta positiva da cura de uma doença. Tipo alívio. Não dou para bom samaritano. Nem para ninguém. Eu apenas gosto de escrever as crônicas do dia-a-dia. Minha longa vida atigiu algo como o zênite das reflexões que envolvem os mistérios da compreensâo humana. Não me seduzo por nada que não seja o bom, o belo, o puro, o simples, a verdade, a arte, o sincero, o amável, a humildade. Em tudo neste meu atual momento. Do amor ao conhecimento. Onde não há o bem, eu não me sinto presente. Não foi em vão quebrar o carro hoje cedo e vir de ônibus, o que não tira de mim a dor de cabeça de arrulá-lo amanhã.