sábado, 28 de fevereiro de 2015

Expandir


Nesta semana, na aula do mestrado em Comunicação, percebi o quanto fiquei realmente sem estudar formal e direcionadamente. Desde 2000. Talvez 2001. Minhas referências de leitura em filosofia, sociologia, análise literária, psicologia etc. ficaram lá naquela época. Veio um saudosismo. Quinze anos praticamente. A forte vontade, porém, de ver o lado bom que existe em tudo me empolga. Tudo. Sem exceção. Tudo tem seu lado positivo. Tendo a valorizar o lado positivo. Caindo na real que todas as minhas referências de leitura pararam em 2000, e eu buscava sempre em anos anteriores o que havia lido, aprendido, refletido etc., bateu angústia, como ainda me incomoda neste momento. Mas aí eu lembro que tenho a oportunidade de recomeçar e me anima demais. Ao invés de lamuriar, buscar em um tempo mais curto superar e ainda continuar útil na sociedade e na vida. Eu não tenho arrependimentos, senão bem pontuais e não de minha vida pessoal. No todo, sou grato à minha história que me fez uma constante expansão de ideias, pensamentos e humanidade. O tempo deixa as pessoas mais limitadas. O mesmo tempo me expandiu internamente. Peço muito a Deus paz para que as coisas se ajustem aos poucos e eu possa me dedicar cada vez mais à leitura. Ler. Conhecer. Até o momento final de saber a razão de tudo. Enquanto isto, agradecer o instrumento que Deus me fez em Suas mãos.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Perdão...

Um dos temas que mais gosto, além da gratidão, é poder refletir sobre o perdão. Olha que tanto a gratidão quanto o perdão não se aproximam em termos de finalidade. Mesmo porque na gratidão você é passivo e no perdão você é ativo. Imaginem os discursos:

- Sou grato a você.

- Eu perdôo você.

No primeiro você foi ajudado, e reconhece o amor altruísta do outro; no segundo, seu coração (para a sua vida) superou o orgulho, a raiva, a frustração, a decepção, porque no fundo você preferiu não desistir do outro, perdoando-o. E aí liga-se o perdão à não desistência.

A todo momento, pessoas pedem intimamente para que não desistam delas. Seja na relação pai x filho, homem x mulher ou entre amigos. Eu tenho a minha mãe como meu maior exemplo de não desistência: ela persistiu e o filho, eu e os demais, transformou os desgostos em luta e esperança.

Outra pessoa que não desistiu de mim foi meu primeiro patrão, em 1997, que foi meu professor e mentor profissional, o professor Miro. Somente ele soube ver que eu poderia ser um excelente profissional. Ainda estou aprendendo.

Se for perdoar, portanto, que seja para não desistir. Quanto à gratidão, para mim é a principal virtude do ser humano. Sou grato e por este motivo gosto de agradecer. Aliás, hoje à tarde derramei lágrimas literais no carro ao suplicar ajuda a Deus. Por que chorei? Eu me senti egoísta e ingrato. Deus tem me ajudado muito. Enormemente. Chorei, pedi perdão e em seguida agradeci a Deus. Por tudo. Cada segundo.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Apologia a quem amo

Posso falar algo que eu sempre penso sobre amor e sedução? É meio bizarro.

Eu sempre olho para aquelas faixas pregadas em postes "trago seu amor em horas", "amarração para o amor" etc. com olhar bem reflexivo. Eu creio nisto, sabia, em amarração como fazendo a pessoa zumbi, caso a pessoa não tenha real força espiritual com Deus. Pois bem. Aí eu sempre penso:

"Se a pessoa volta a alguém ou fica amarrada por magia, trabalhos etc., não há amor na relação. Ou seja, a essência da pessoa presa e a verdade dela não existe. Sem essência, sem verdade. Sem verdade, sem amor. E uma hora nós acordamos."

Penso, então, no amor de Deus. O que é para mim o amor de Deus?

Olha que louco!

Deus é amor e Ele quer que nós o amemos incondicionalmente. Para isto, ele nos deixa escolher amá-Lo ou não. Ele nos deixa livre para que nossa essência esteja com Deus. Para amar verdadeiramente Deus é fundamental uma profunda experiência com Ele. Porque, desta forma, Ele nos tem verdadeiramente.

Em resumo. Eu quero dar minha essência a quem eu amo. Quero estar com quem eu amo por escolha, sempre sendo quem eu sou. Em troca, claro, eu quero a essência da pessoa, que eu amo para mim também. Verdadeiramente. Nada de seduzir, hipnotizar, amarrar. Amar afinal é sacrifício.

Aprendi - aliás, hoje no mestrado - que sacrifício é o "ofício para o sacro, uma experiência religiosa". Amar realmente é uma relação de profunda troca de essências. Faltou de um lado, um vai sofrer. E sofrer não é bom. Sofrer em silêncio principalmente.

Nossos Momentos

Momentos. Eu tenho uma bela relação com a expressão "haverá momentos". Acho belo ainda quando arrebatamos com "na sua vida." Fica bonito em um discurso:

- Haverá momentos em sua vida!

Mais belo ainda quando o orador se inclui:

- Haverá momentos em nossas vidas!

De momentos somos, em momentos vivemos, para os momentos nos preparamos, sobre os momentos falamos, com os momentos construímos nossas memórias, que aliás são o nosso ser.

Ontem tive meu momento de descoberta. Não quero compartilhar o detalhe. Seria para mim até expurgante. Incrivelmente eu (todo cheio de enxergar com precisão os detalhes), buscava olhos alternativos para uma escolha alheia à minha. Me aconsiderava certo. Estava errado, no entanto. Admiti o erro. Consertei as coisas e o resto agora são memórias para reflexões e aprendizagem.

Existem momentos em nossas vidas... Alguns até perdemos. A arrogância me permite confessar que são raros os momentos que perco. Falei ontem que sou uma pessoa de ação. Proponho ações que pessoas demoram anos. Eu em meses já acho razoável, por exemplo, as pessoas se casarem se ambos sintirem verdade, companheirismo, sintonia emocional e bons cenários futuros. Loucura!, para a maioria. Mas podem ser momentos.

Ontem, de forma bela e inesperada, um amigo meu, com quem eu convivo há sete anos no trabalho, me disse que uma das minhas funções neste mundo é "inspirar as pessoas". Não foi bajulador. Ao contrário. Os momentos? Percebi que, além de meus momentos, eu motivo as pessoas terem os momentos delas. Gostei disto. Meu amigo me fez também descobrir algo que já sentia. Este momento ficará outrossim em minhas memórias. 

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Envolveremos

Partiremos.

O ar cobrirá. De dentro.
Os olhos sentirão o frescor.
A partida bela, sonhadora.

Partiremos.

Um pequeno vazio da dúvida.
Não há pensamento sem ela.
Nada há, não há senão, sem ela, porque dela criamos tanta imaginação.
Partiremos com ela, a dúvida.
Não há sensação que não saia sem destino.

Partiremos.

Na ida retornaremos ao reencontro do que nunca fomos, senão ela, a dúvida de sempre ser uma partida.

Partiremos.
Fugiremos.
Esqueceremos.

Seremos o retorno.
De tão óbvia de tão difícil.
Amo as lágrimas... elas são partidas. Fala-me uma lágrima de chegada.
Ah, há a lágrima chegada
Para um dia partir.
Ir. For. Vá.

Chegaremos.
Partiremos.
Estaremos.
Seremos.
Iremos.

Exato. Exatamente.
Que os olhos sintam o frescor do ar que nos envolve por dentro.

Nos envolveremos.




domingo, 15 de fevereiro de 2015

Amar depois de velho

Ao amor. Ao amor que edifica. Amar depois de velho desafia a lógica. A lógica da credibilidade. O que se entende por crer até então nos sentimentos confusos, o amor maduro desfaz e bota no lugar algo mais forte do que o enigma das pirâmides e de quem acendeu o pavio do Big Bang no universo. O amor maduro existe. O amor sempre pode realmente existir e aqui vão algumas características.

O REENCONTRO

Aquele dia em que fui aí à tarde à sua casa... Eu olhei você de longe. Sorri com a alma. Queria que você viesse mais rapidamente. Ansioso. Você vinha lentamente. Me olhou umas três vezes ao longe. Arriscou alguns sorrisos. Percebi então que queria me ver. Senti-me adolescente apaixonado. Com medo. Tive medo de algo frio. Como colocando-me no meu lugar. Aí você abriu o portão. Quis beijar você. Eu a respeitei. O amor deve respeitar o outro, senão é invasão. O amor deve ser troca, senão agressão. Amor deve ser entrega, senão alguém sofre por não querer ou por humilhar-se demais. Dentro disto, e agora que entendeu um pouco do "acaso" filosófico como parte de uma teoria, posso falar para você que quando eu li naquele texto a palavra "acaso", instantaneamente eu pensei em Deus. O nosso "acaso" possivelmente foi Deus. E hoje eu abro meu coração para você na verdade de ser acolhido e não mais julgado e condenado. Eu quero isto também de você. Gosto de escrever. Se deixar eu escrevo um livro. Vou parar por agora.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

O Ar Vazio

O Ar Vazio

Anjo da minha alma.
Anjo da minha vida.
Saem tão soltas as palavras.
Do espanto, do susto.
Por um momento não sei.
Não sei onde termina.
E estendo meus braços
Para alcançar os seus;
Elevo-os ao ar e no ar ficam, suspensos.
Indo, buscando, mas o vazio frenético.
No vazio repousam agitados.
Permanecem intocados.
Dá-se lhe qualquer nome
Que um dia traduziria o inalcansável.
Anjo da minha alma.
Anjo da minha vida.
Marcas são o que ferem a luz do ar que me sublima.
Então o ar em si termina.
Termina como no breu a vida.
Os braços se recolhem.
Vivos.
Presos na ilusão do vazio.
Vida, a viva no toque da eternidade.
A rima, uma rima, qualquer rima.
Saudade, saudade, saudade.
Meu recanto, meu encanto, meu canto.
O ar vazio.

Flavio Notaroberto

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Ser Machucado

Algo que definitivamente me cansei é de ser machucado. Eu não machuco. Se alguém se sente machucado por mim, tenho certeza absoluta que a causa não foi eu. Foi ela mesma que foi além do que eu podia. Agora, o contrário existe. Por uma razão bem pessoal: minha sensibilidade à vida não se aproxima nem um pouco, e para falar a verdade, fica longe do sentimento de ódio, raiva, vingança, destruição emocional. Agora, o contrário existe. Um exemplo é de minha ex-mulher que inconscientemente faz de tudo para me destruir emocionalmnente como homem e como ser humano. Compaixão zero. Zero mesmo. Nem um pouco daquela resquício de "no fundo o Flávio não é mau." Eu me cansei disto. Nem a machuquei em momento algum em nossa separação. Aliás, ela pediu para se separar, aceitei imediatamente. O casamento me destruia por dentro e por fora. E ainda continuo compartilhando o mesmo teto. Ela já foi sozinha para a Europa duas vezes; foi para os Estados Unidos uma vez; foi para o Chile sozinha. Sim, continuou estudando as pós-graduações dela. Ela trabalha. Ganha bem. Na verdade, foi ela quem pagou tudo isto. Já a despesa da casa e o resto ficou comigo. Ela quis se separar porque eu a traia na Internet. Dou aulas para milhares de alunos. Fazia sempre questão de falar de minha ex para todos os alunos. Justamente para evitar o assédio. Sem dizer que estava gordo, doente, acabado, um trapo humano por causa deste meu problema de assédio. Inconscientemente não queria roupa, perfumes nem nada. Aliás, passei na USP novamente em 2012. Apoio da parte dela zero. Publiquei meu livro Contos Suaves. Apoio da parte dela zero. Aliás, bem pior: ela pediu a separação porque uma amada amiga minha, Renata Oliveira, que fez o prefácio do meu livro, e nunca mais quis falar comigo, declarou em seu blog que foi apaixonada por mim. Exatamente. E nestes 15 anos de casado, os últimos meus últimos dois fui "do lar": lavar louça e cozinhar e ajeitar a casa. Ela me disse que não me amava em abril de 2014. Mas não me amava fazia tempo, segundo ela. Eu aceitei, oras. Não ama, beleza. Mas ela não poderia ser mais madura? Já na primeira semana: um aniversário de uma amiga e depois foi na Virada Cultural ver o irmão... E toda semana algo, sair etc etc etc. Não daria para me preservar emocionalmente um pouco. Em julho ela e minha filha foram para a Europa com um casal de amigos gays sendo que um deles sempre foi muito íntimo dela. Será que eu estou realmente errado? Sem dizer que ficou de trocar de afetos por email com um amigo dela já em junho e foi tomar uma cerveja com outro amigo, o Juliano, que é casado e sem dizer que saiu com uma pessoa, que aliás eu conheci, e ela foi justemente sair com ele e assistir a um filme que eu indiquei para ela assistir! E depois foi viajar para o Rio um mês depois de voltar dos 20 dias da Europa. Eu disse que iria fazer uma tatuagem: na mesma semana ela vai e faz uma para ela. E no inicio de ano, depois de sair com este conhecido em comum, ,no dia seguinte vai sizinha ficar quatro dias em Florianopolis. Eu a busco com meus filhos no aeroporto. No outro dia ela me diz que vai sair a tarde. Eu mato a charada. "Com alguém?". "Sim.". Eu insisto e ela revela: nosso conhecido em comum, médico. E pior: chega em casa falando do filme como se eu fosse a pessoa mais insensivel deste mundo! E não entende minhas dores: sou obrigado até a pedir desculpas, e no dia seguinte quando falo que vou sair de casa, é aquilo "não saiu ainda porque não quis!" e fico colocando a desculpa em meus filhos. Detalhe: falo que a pós dela custa 690/mês e mesmo assim, eu fico em casa porque eu quero... Mas aí tenho que ponderar, né? Ela me lembra sempre que a culpa é minha. E sou obrigado na quinta-feira a assistir ao filme que ela foi ver de mãos dadas e bocas grudadas com o médico conhecido em comum... Penso comigo: por que há esta necessidade de me deatruir? Eu vi os emails dela com trocas carinhosas de afeto com uma pessoa (nada comprometedor), mas do tipo "estava pensando em vc agora", "um abraço bem forte", "um grande beijo". Não. As pessoas podem e devem fazer o que quiserem. Ele me disse: "Flavio, saia com alguém!" Eu sai. Com muitos algunés, aliás. Ela me disse: "enquanto você estiver em casa, eu não vou sair com ninguém." E cansa tudo isto. Aí ela sai, e eu sou o machista. Eu só queria que ela entendesse que eu estou feliz solteiro. Quero sair de casa o mais rápido possível. Não quero testemunhar ela saindo de shorts curtos, botas, camisa curta para ir ouvir rock and roll do bloco 77 e chegar quase onde da noite, depois de tomar umas cinco cervejas, ou sair para se encontrar com uma paquera enquanto eu fico no mesmo teto com meus três filhos, ou das outras vezes que saiu com o amigo gay dela o domingo inteiro e chegou depois das onze! Ou todo sábado no mínimo às dez da noite depois de ficar o dia todos na pos graduação dela. Já me chamaram de todo tipo de coisa, sem que o "falta de amor próprio" é o que mais me machuca. Bem, eu acho surreal. Oras, quer se separar! Beleza: para tudo! Começa do zero. Dá um tempo para nos estruturarmos! Eu quero também. Mas o que na verdade minha ex quer, é me ver destruído emocionalmente. Ela não suporta a minha felicidade. Ela sempre vai negar. Eu invento. Eu crio ilusões... Bem, a mãe dela morou com a gente por anos. E testemunha tudo. Ah, e as chantagens são as piores que se possa imaginar. Me traumatizou com as tentativas dela de se entupir de remedios para se matar ou fugir de casa em qualquer discussão. Ah, eu só quero poder sair de casa. Na boa. E viver minha vida. Mas ela quer a minha... bem, não me aguenta ver bem no mundo. Estou cansado, exaurido... Confiando, por isto, só em Deus.

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Pico do Jaraguá

Pico do Jaraguá. Quem nunca aqui em SP não ouviu falar? E dos milhões, quem não já pensou um dia ir lá? E quem foi?

O paulistano tem esta relação com os lugares. Não me assusta meus parceiros da periferia de SP nunca ter ido à Av. Paulista, Pq. Ibirapuera, Museu do Ipiranga, Mercadão Municipal. Falo de causa própria. Fui conhecer estas coisas depois de velho.

Lembro: a vida passa. Morreremos. O que sobrará? Aqueles sentimentos bons de agradecimento. Hoje tive mais um destes momentos. Satisfação. Paz. Subida. Descida. Solidão acolhedora.

Subi caminhando os 5km até o Pico do Jaraguá. Veja só a importância. Aos 40 anos, todos eles vividos em SP. Trinta na zona leste, três na zona sul e sete na zona oeste. Adquiri um conhecimento de SP para poucos por isto. O paradoxal: definitivamente não amo SP. Não culpo quem ama, não me culpo.

Meu sacrifício nela é contrário ao meu bem-estar. Ela me suga; eu sobrevivo. Sou paulistano em todos os sentidos, porém. Por isto quero explorar e exploro minha cidade como observador. Meu primeiro livro, Contos Suaves, fala sobre ela.

Aí a dica. Pico do Jaraguá. Sentir. Viver os diversos picos de sentimentos em uma subida e uma descida. Ao menos a cada quinze dias, minha alma exigirá a natureza em meus sentidos. Assim, talvez, sentirei saudades de minha cidade. Minha cidade sem fim...