Ao amor entregue sua alma
Todos precisamos amar alguém.
Não é uma lei.
Mas como fosse.
Saber onde estamos e para onde vamos, sozinhos, sem amor, é um sonho a poucos.
Nem sei se possível a um coração que já amou algum vez.
Mas permiti.
Sem querer, vi-me estranho diante dela.
Desconfiei.
Seu jeito foi aparecendo tão calmamente, que fui permitindo.
Permiti até ver-me no estado de quem sofre sem morbidez e melancolia.
Paixão apenas.
Nenhum sofrimento agrada.
Ainda mais amar, desejar, querer, sem ter.
A mente imagina e a imaginação real machuca.
O desejo de realizar não agrada, se há muitas dúvidas e incertezas.
A exclusiva certeza é não saber o que fazer, senão amar o mais belo possível.
São coisas do amor solitário, que constrange admitir, e mais ainda declarar ao mundo, sem que o mundo peça satisfação.
Sou meu mundo, ou melhor, sou neste exato momento dois mundos.
Aquele que ama e aquele que reflete quem ama.
Meu amor está nela e em minha cabeça.
Minha reflexão está em minha cabeça pensando nela.
Parece exagero demasiado, porque a poesia tem um quê hiperbólico.
Nenhum amor vale a indiferença psicopata.
Se escrevo, digo o que sinto.
Se exagero, afirmo que não minto.
Me vem à mente agora outro poeta: "para que mentir?"
Viajo em um lindo sentimento, cheio de sensações incríveis, e se ao menos desperta-me algo criativo, rendo-me a ele.
E se ela duvida de minha capacidade de amar, eu silencio.
Como um filho, na verdade, todo amor pertence a quem ama, e nele entrega sua alma.
Estrela do Amor
Passar uma noite ao lado dela.
Contar as estrelas, seus segredos.
Sentir seu silêncio e o silêncio delas,
Meu peito ardente sofrendo medo
É escuridão que a vida nos lega,
Do incerto segundo vem e passa,
Passar uma noite, eterna e sem pressa,
Amar as estrelas que me lembram dela.
Mãos apertadas, olhares perdidos,
Na areia do mar, calmo e espelhado,
Passar uma noite, fazer os pedidos -
Estrelas cadentes, no céu estrelado.
Não contar o giro infindo da noite,
Meu sonho real na imaginação,
Querer namorá-la, dizer boa-noite
Com beijo amado cheio de paixão.
Passar noite e dia ao lado dela,
Fazê-la sorrir, acolher sua dor,
Meu sonho que vive sonha com ela,
Do céu estrelado, da Estrela do Amor.
Pensar Nela
De tanto pensar nela,
Meus olhos reaprenderam a amar.
Internamente choro um estado melancólico de querer o momento dela, e dou liberdade à imaginação.
Reflito em versos e os escrevo, sem fé na poesia.
Se quero mergulhar de cabeça e reviver a paixão como a mais profunda expressão do indivíduo, reduzo o pensamento nela e distraio-me nas sensações.
Prefiro sentir a amar.
Prefiro sofrer a amar.
Prefiro pensar a amar.
O amor, e minha ideia, a mim não me escapa e fico preso ao que não preferiria, que é justamente amar.
Se um dia um artista amou, a coisa amada vira sua arte, que é a parte onde o mundo geralmente descansa.
Amar de Paixão Patológica
O fato de eu amar uma pessoa, e não ser correspondido, não significa que não sairei com outras.
Parece óbvio e até razoável.
E não digo amar apenas.
Amar de paixão, algo patológico, que distorce, inverte a realidade, dando outra dimensão às emoções.
Amo apenas uma, e cada boca que beijarei, sem ser a dela, doravante entrará na sensação do beijo amado ausente.
Viverei uma ficção no amor;
Um realidade paralela.
Atingirei o zênite no delírio e na esquizofrenia.
Poderei declarar amores a mulheres sem amar - delírio
Poderei materializar e confundir meu amor em outras mulheres - esquizofrenia.
Se não for para transcender, nada valeria o sofrimento que me incorpora hoje.
De um lado, ela, tão cara amada, que alumia minha escuridão própria, sem fim.
Do outro, elas, tão breves solidões, que opacam a minha luz, sem mim.
Que mais aterrorizantes venham os efeitos do amor sobre mim,
Que desejo infinitamente sem conquistar.
No vendaval de emoções,
Ela vive em meu pensamento.
Sem poder nada fazer,
Meu pensamento sorri,
Enquanto eu padeço.
Aos lábios profanos que beijarei, ao menos descubro meu amor eterno por ela.
Se deliro, discordo.
Se esquizofrenizo, creio.
Eu amo amar meu estado apaixonado.
É ela vivendo em mim.
A quem deseja muito,
O impossível basta.
Ode de Declaração ao Amor
Eu sorri para mim mesmo este novo amor.
Quantas mulheres que me amam para eu amar,
E fui dar-me conta de que, de repente, torno-me refém dela, que jamais terei, que não me ama.
Por ela, eu digo que jamais a terei.
Todas mulheres são conquistáveis,
Afinal, todas amam ser amadas,
Verdadeiramente.
Eu desejo amar, intensa e profundamente!
Bem pouco tempo atrás,
Eu julguei jamais voltar a saber o delicioso desejo de sofrer por amor na idade que tenho, que inicia os flertes com a sabedoria.
Ser sábio mata o amor.
Sábio continuarei, mas amando-a.
Não controlo mais e tenho que permitir.
Ela hoje me fez esquecer recentes ilusões de outrora.
Ela me faz hoje lembrar minha intensa paixão juvenil de outrora, que sem pretensão quase matou-me a vida.
Ela não tem a mínima ideia do que eu sinto por ela, e dos versos que surgem para ela.
Ela não tem ideia.
Não fosse a meia idade minha, que aplaca as insanas emoções, eu a buscaria não apenas em vontade de amar.
Eu a conquistaria.
Eu a buscaria na certeza de a amar sempre, e fazê-la feliz.
Sorrir para ela,
Sorrir com ela,
Sorrir por ela,
Fazê-la sorrir.
Não perco a esperança,
Mesmo assim apenas por milagre.
É fácil viver no "se for para ser, será."
Recolho-me sem ansiedade e vivo em mim o torpor natural de quem ama o amor romântico,
Solitariamente.
Aliás, ela não é da poesia.
Se fosse, talvez sonharia.
Eu sonharia.
Como ela não é,
Apenas um milagre,
Porque se for para ser...
Mesmo assim quero que seja para sempre com, ou sem ela,
E nenhuma outra mais amar tanto.
O Amor e o arco-íris
Quis um dia que o Amor visitasse
As cores do arco-iris.
Soltas ao ar, luziam parcas
E tênues, pouco em si diziam.
"- Nada vejo. Onde andam seus tons?",
O Amor perguntou.
Silenciosas, sumiam as cores ao toque do olhar que o Amor sentia.
Era o mistério de onde vinha!
"- Tudo na vida se desfaz, meu Amor.
Se longe as cores viviam,
Se próximo, inexistiam,
Daqui se dissipam."
A imagem tem seus segredos,
Que amor algum controla.
Ao céu, quão belas são a cores!
No céu, o belo sublima em vazio.
O Amor se enganou da beleza alheia!
Do céu, retornou à dura pisada da Terra.
Sentiu galhos, folhas e algum secume.
Viu também o broto, que da raiz, viceja.
A beleza do céu, que se foi,
À verdade da terra que se sente.
O Amor chorou, que da ilusão nada se leva.
Agradeceu o solo firme e ancorou,
Ancorou o Amor à certeza presente,
Que mais vale amar a sensação daquilo que se sente,
Do que fantasia do belo lá longe.
Projetada falsa ilusão em cada mente.
Silenciado
Eu sorri seu sorriso
E vi em seus olhos
Um amor reinventado.
Explosões de carinho,
- silenciosos.
Não foram tocados.
Fossem meus, os seus lábios
Núvens formosas,
Em formas vistosas
- silenciosas.
O abraço apertado,
Senti seu carinho,
O desejo pensado.
Pensei em falar
- silêncio.
Despertou-me o amor,
O tempo ao seu lado,
Foi bom o momento.
As palavras faladas
- silenciadas.
O tempo desfez.
Que saudade intensa,
Você ao meu lado,
Sonho acordado.
- silenciado.
Assim despertei,
Querendo gritar,
Para o mundo ouvir,
Não posso calar
O silêncio.
Vai longe
Vai longe o desespero.
Longe e frio como a morte
Que via pairar em minha solidão,
Num diálogo franco.
Por que falar dela hoje
Se os anos parecem sonhos,
E sonhos vivem sinistros
No amor não correspondido?
Falo de amor porque vai longe,
Sem volta à dor de existir.
Um dia sofri e envergonho-me.
Não vale tanto a dor que sente
O coração inocente.
Ser uma alma do meu tempo
Diz mais das ilusões passageiras,
Porque a vida é uma passagem.
Vai longe o desespero, e desprezo,
Desprezo para gerar a vingança,
Que mata e delira a si próprio.
Se nunca mais, não mais terei
Aquele tempo de desespero,
Que vai longe, muito longe,
Nas paragens de minha solta
E desperta ilusão de amar.
Nada é conclusivo aos passos
De tudo que somos nós mesmos.
Vai longe, para longe, para não mais.
Ela é minha linda
Ela é linda, mas é poética.
Fosse apenas poesia,
Seria apenas uma ideia.
Fosse apenas linda,
Nem seria por mim lida.
Ela é poética, o que a faz linda,
E por ser linda também
O amor se confunde,
Feito realidade e ilusão.
Ela é linda, me inspira versos,
Ela é poética, me inspira a vida.
Posso até uma hora
Escrever poesia para ela.
Ela é linda na poesia.
Reder-se ao amor
Foi amor, meu amor.
Quando, no descaminho da derrota dessa vida,
Entreguei-me a uma existência solitária,
Que era minha afortunada companheira
Nessas últimas semanas frias.
Seu coração aqueceu-me;
Resgatou-me com um beijo.
Envergonhei-me de sentir-me querido e você disse amado.
Você me disse "tolo!".
Eu sorri.
Seus lábios sorriam também
E me acolheram não apenas tocando-os nos meus.
Sairam da sua boca
Palavras que um homem cheio de certeza deseja ouvir.
Aos poucos a poesia retornará às minhas palavras.
Porque tem sido amor, meu amor.
Prometo ainda dissipar meu temor e permitir nossa completa felicidade comungada.
Eu disse que foi amor, meu amor.
Creia.
Fazer a voz do coração expor-se tem de ser sempre amor por render-se ao amor completamente.
O belo nela enaltece
Vontade, cheia de amor, pede
Minha triste alma p'ra alcançar;
Que o belo nela enaltece
E juro, para mim mesmo, olhar
Seus olhos, os dela, que amo,
Sem esconder de mim p'ra ela,
Sem saber a solidão como
Vivo, sem remos, um barco a vela,
Solto, infindo mar, em bonança.
Ela me vive solitário.
Ela me revive em criança.
Ela devolve o meu contrário,
Que do sofrer feliz me torna,
Que do morrer viver me faz,
Que do sonhar real demora,
E por fim em mim vive a paz.
Partilhar
Se me diz amor em mistério,
Sem mistério é seu coração.
Iludo-me, exausto, da vida?
Talvez, mas aceito, e acolho,
Porque o amor diz-me segredos.
Vivi tantos e quantos sonhos,
Que não sonho mais a ilusão.
Gosto segredo revelado,
Aquele dos olhos molhados,
Sem lágrimas, trêmulos os lábios,
Tremem mãos e peito apertado.
Suspeita de ser bela amada?
Quero-lhe linda poesia,
Que a beleza diz o infinito.
Respire, respire ofegante.
Quem bate à porta o amor?
Desejo de ser em verdade,
Porque viver é ser feliz.
Poesias e doces poemas
Por mim, mãos inquietas, escritas.
Você, suave inspiração,
Que o tempo é amigo da dor
P'ra quem ama, e sozinho acorda.
Se traz para mim seu mistério,
Decido ficar sem temor,
Aqui p'ra colher doces frutos,
E em resposta dou-lhe o prazer
De saber, com arte, amar.
Do amigo renasce a vontade,
Que do amigo o sonho aparece,
Que pode tocar lábios seus.
Quem sabe ser enamorados,
Porque felizes merecemos
Viver p'ra sentir um ao outro,
Deixar o carinho crescer.
Somos para o mundo pequenos,
O que é ser grande p'ro mundo?
É amar com desejo eterno
Descobrir grande felicidade,
Fazer da amizade a verdade?
Creio em alma feliz pela vida,
Na paz, duas almas amantes.
Creio no carinho, respeito,
Na entrega ao outro amante.
Um coloca sem o outro tirar,
O sorriso o amor se revela,
Espero poder partilhar,
Com belas e ricas palavras,
E gestos, verdades, carinhos.
Porque gosto dela
Por gostar dela?
Não pergunte a mim.
Pergunte a esta força,
Incontrolável,
Que habita as almas,
E busca caminhos
Que levem a sorrir
Para a vida eterna,
Tão bela e florida,
Feito a ponte que liga
A vontade de amar
O olhar inocente
De cada criança
Aberta ao mundo,
Que a terra anima
E faz da ilusão
Bela imaginação,
Que inveja o adulto.
Querer como elas
Viver os momentos
Cobertos, repletos
No que acreditam
Ser a razão de viver
A vida em paz.
Porque gosto dela.
Não Comece
Não comece.
(Fosse para defini-la),
Não comece.
Ela quer que comece,
Sem fim.
For para começar,
For para brincar
Sem graça alguma,
Não comece.
Brincar de iludir,
Não comece.
For para jogar
Dados soltos,
Sem jogo,
Não comece.
For para ir sem nunca,
Nunca ficar,
Por que
Começar?
Não comece!
For para sonhar,
Que fere sem necessitar,
Por quê?
Não, comece
Agora a deixar p'ra lá.
Comece sem olhar,
Comece sem tocar,
Comece sem falar,
Comece sem envolver,
Comece sem encantar,
Comece sem começar.
Ela quer que comece
Um sorriso sincero
De sorrir acolhedor.
Acolher dor?
"Pode ser", ela pensa.
Mas não se fala em dor.
Ela dança,
E quem dança nunca,
Nunca para,
Porque a alma dança
Para sempre,
Anestesia dores,
Que começaram um dia.
Ela dança no olhar,
Nos lábios, sempre.
For para começar,
Vá com ela,
Somente, e quase apenas
Ir com ela no ritmo
Que não ilude, não confunde,
Nem aprisiona.
Não comece a tirar,
A tirar a liberdade,
Que nunca ama.
É forte começar.
Nem comece o que
Não vai durar.
Nem comece a amar.
Sempre Nela Sonhando
Ela não é como as anteriores -
Um futuro não sonhado.
Não sei se sofri amores,
Não sei do meu próprio estado.
Estranho já não pensar nela,
Testemunho o alvorecer da emoção.
Há um infinito na janela
E grato fico de manter a razão.
Na janela de minha alma,
Que meu coração vem amando,
Se espero no amor a calma,
Espero sempre nela sonhando.
Podem ser que estes versos,
Um dia me justificam a dor
De hoje sofrer tanto inverso,
Prometido a quem sente amor.
Amar é Sofrer
Então o amor volta
Com a forçar de sofrer.
Desejamos a paz.
Ele nos presenteia a dor.
A dor que criamos por desejar.
Ela, a amada, em pensamentos
Que silenciam ações e desejos
Que não sejam com ela.
Eu a quero para mim,
E quero perder-me nela.
Quero-a para não perder-me.
Noite aflitas na solidão,
Que o fim de quem ama, poeta.
Se gosto de amar,
O sofrer me cai muito bem.
Não sei se o estado amante
Purifica-me a arrogância
Que me seguia os dias.
Sei que agora vou sofrer.
Uma alma boa que sente
Mais beleza do que escuridão.
Terei de aprender.
Aprender a olhar nublado.
Não sei se quero mesmo
A prisão em que já encontro.
Sei que estou amando.
Ao menos vivo outrora.
Reconstruo-me nas palavras
Porque quem ama, vive.
Quem ama, persiste.
Quem persiste, sofre.
Amar é sofrer.
Retorno ao amor
Às vezes quero ser velho,
Purificando a ideia de amar.
Então ouço aquelas canções
E me rejuvenesço para a eternidade.
Reaprendo a amar as imperfeições,
Procurando nos olhos e jeito dela
Algo que ancora
Meu desejo à coisa desejada.