terça-feira, 18 de maio de 2021

poema

Foi na solidão que descobri que amava
Minha tristeza, reflexiva, e sussurrava
Que amor algum leva à solidão!
Não era verdade.
Eu amava e vi-me só.
Porque quem ama descobre a solidão.
Eu amava e vi-me só cercado de pessoas.
Sozinho é que descobri que amava.
Amava o que não tinha...
Não tinha a vida que não me queria...
Não me queria e vi-me só.
Solitário.
Na solidão descobri que amava.
Olhos fixos no teto,
Respiração pesada,
Coração no compasso do meu querer
Que não me queria
E muito amava.
O lua luava e o sol ensolava.
Pouco ou nada sentia do luar e do solar.
Eu amava na solidão, que me ensinou que amar sozinho a tristeza alimentava.
Eu a amava.
Não amava o que eu não queria.
Amava quem não me queria.
Vi-me só.
Quantas vezes indaguei à minha existência se valeria?
Descobrir na solidão que amar
Machuca a dor de amar tão solitário, minha tristeza,
Que não me amava.
O desejo me impedia de amar a solidão.
Doía.
Uma dor sem lágrimas.
Dor de estar só.
A tristeza tem do imaginário um sofrimento libertador.
Libertei-me nos anos de solidão
E aprendi que amar faz sofrer.
Não queria mais ser triste.
Voltei a sorrir.
Sentir o sol e a lua.
A solidão misturou-se com a vida.
Sorri para tantos lábios que me sorriram de volta.
Ser feliz é fazer feliz.
Descobri.
Aprendi a amar não mais a tristeza.
Agradeci o sorrir.
Amar a felicidade.
Foi a tristeza que me ensinou a amar a solidão, na verdade.
A verdade é que hoje amo estar só amando esse meu sorriso interno.
Ser alegre por ser simplesmente.
Ainda que só, sem amar, sem ninguém,
A não ser eu mesmo na minha solitude e não solidão.
Amo estar só.

- flavio notaroberto -

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